"Você me parece triste."

114 10 3
                                    

"tudo bem senhorita."

Virei com vergonha, não pude evitar de corar levemente.

— N-NÃO ME CHAME ASSIM... — Gritei enquanto ela gargalhava baixinho. — E-ei!... Não ria... — Entao eu cruzei os braços e fiz beiço.

— Desculpe pequena. — Falou, colocando sua mão em minha cabeça.

— Coma logo... — Resmunguei.

— Tá bom... — Resmungou de volta, pegando os hashis.

Ela comeu a comida, arrumamos a bagunça que fizemos e voltamos pra sala cujo estávamos antes.

— Yaoyorozu você...

— Pode me chamar de Momo... — fui Interrompida.

— Yao... Momo... — corei. — Por que você me chamou ontem?... — Ela riu baixinho.

— Na verdade... Eu estava te "observando". — falou ela entre risadas.

— Q-que?! — Gritei, dando uma leve gagejada.

— C-calma, eu posso explicar! — Ela corou enquanto ria. — É que no primeiro dia de aula, você pareceu tão... Tímida. — Continuou. — Porém falava tão friamente com os ao seu redor... — Sentou em cima de uma mesa, enquanto eu resmunguei um "hum".

— Pareci é?... — Concordou com a cabeça.  Sentei-me na cadeira ao seu lado. — Eu acho que falhei então...  Abaixei a cabeça e comecei a rir. Ela me olhou em curiosidade.

— Jir...

Antes que ela pudesse terminar de pronunciar meu nome, pude perceber que meus olhos ardiam e lágrimas escorriam sobre minhas bochechas e caíam no chão.

— Jirou?! — Disse Momo, quase gritando em preocupação.

— Eu sou péssima! — Continuo a rir, por mais que minhas lágrimas já estivessem embaçando minha visão.

— Jirou! Você não... — Ela parou por alguns segundos. — O que aconteceu pra você estar nesse estado? — Não respondi, apenas tentava secar minhas lágrimas, por mais que viesse mais e mais delas. — Não importa... Pode chorar. — Ela levantou e ficou na minha frente.

Levantei e abracei-a e então continuei chorando, mesmo que não quisesse.

O resto da noite foi tranquila, depois daquilo eu fui limpar meu rosto, conversamos sobre coisas aleatórias e ajeitamos a sala pra dormir. Usamos nossas roupas de treino como cobertor e travesseiro.

No dia seguinte eu só podia ver a maior sentada no chão com seus cabelos bagunçados,os professores a nossa volta, conversando e alguns gritos do lado de fora da sala. Dentre os gritos ouvia meninas dizendo "momo-chan" e "momo-san".

Me levanto e olho para Momo ao meu lado.

— Yao...Momo..? — Ela olhou pra mim, sem muita reação, provavelmente tinha acabado de acordar assim como eu. — Aizawa- Sensei?... — Levantei-me passando a mão no meu cabelo tentando arrumá-lo. — O que acon...

— Jirou-chan! — Ouvi um grito, de uma voz familiar. — Minha filha você tá bem?!?!? — Minha mãe, com lágrimas nos olhos, veio correndo me abraçar, já que, eu não tinha mandado mensagem, ou se quer voltar para casa. Eu e Momo explicamos o que havia ocorrido. Não muito depois de explicar-mos, os pais de Momo chegaram, e na verdade, eles pareciam tão ricos e respeitosos que conseguia ver não so eu, mas os professores se curvando. Depois daquilo tudo, deixaram eu e Momo faltar-mos essas aulas, por motivos claros.

O dia seguinte ao chegar na escola, vi Momo, aparentemente estava pra baixo. Tivemos aula normalmente. Na hora do Intervalo, pensava que ela iria aparecer na minha mesa, mas não cheguei a ver ela se quer entrar no refeitório. Ao fim da aula, pensei em ir falar com ela, já não tinha mais nada a perder com ela, já que ela já sabe "de mim" mesmo.

Esperei ela passar pelo portão. Quando a vi, dei um longo passo em sua direção, até ser interrompida pela multidão da saída da escola. Me perguntava se ela já havia me esquecido.

Então dia apos dia, era a mesma coisa. Até chegar um "glorioso" dia de chuva. Não havia olhado a previsão do tempo e no início do dia, o céu estava limpo, então normalmente não me preocupei em levar guarda-chuva. As aulas foram tranquilas, porém novamente ela parecia que havia esquecido de mim, ou apenas ignorado minha existência. Só que nesse dia... Eu resolvi não ir pro refeitório direto, resolvi que iria a procurar, ou melhor, seguir ela, e foi o que eu fiz. Após a aula, ao invés de ir comer como sempre fazia, iria falar com Momo. Já poderia vê-la descendo as escadas, então antes que a perdesse de vista, chamei.

— Momo! — Ela parou e me encarou. Não notei de primeira, porém ela estava com olheiras, não era das mais claras. — Momo... Eu...

— Eu não posso falar com você. — Falou ela, interrompendo minha fala.

— C-como assim?

— Desculpe, eu não posso falar com você. Você não é "do meu nível"...

Então ela saiu de minha vista, que no momento, não era a melhor do mundo. Podia sentir meus olhos arderem, mas não sabia de certo por que, já que não faria sentido chorar por uma garota que falou comigo por dois dias. Mas ainda assim, corri para o banheiro, que por sorte, estava vazio e assim deixei fluir as lágrimas que haviam ali. Após, limpei meu rosto e voltei para a sala, já que estava quase acabando o tempo de intervalo.  Na metade da última aula, tinha começado a chover, e continuou até a saída, onde eu fui obrigada a me molhar para sair. Não sei por que, tinha começado a me lembrar daquelas palavras...

"Você não é 'do meu nível'."

E derrepente... Sentia minha bochecha molhando, mas não dá chuva e sim de lágrimas que escorriam dos meus olhos, por mais que não soubesse exatamente o por que. "É só mais uma garota boba que queria te iludir, você não deveria ligar pra isso." Falava em meus pensamentos, até uma hora eu parar de sentir o gelado da chuva, e ver uma sombra de alguém que não me era incomum. Olhei para trás e pude ver Momo, segurando o guarda chuva acima de mim, enquanto pegava chuva.

— Mo.... Yao...Yorozu... O que está fazendo?... — Desviei seu olhar.

— Você parecia triste. — Ela respondeu. — Pensei que talvez eu achasse isso por causa da chuva, mas ainda me parece triste. — Continuou.

— Isso... — Passei a mão no meu rosto limpando as lágrimas. — Você deveria ir para casa, seus pais vão ficar preocupados e...

— Meus pais acham que eu estou no shopping. — Ela olhou pra cima. — Vamos tomar um café?

— Um... U-um café?! — Sai de baixo do guarda-chuva enquanto ela me olhava. — Eu não quero "tomar um café", Yaoyorozu. Vá para casa. — Virei as costas e saí andando.

— Sabe... Eu não posso... — Olhei para ela. — Eu preciso conversar com você.

— Não quero conversar com ninguém.

— Eu preciso conversar com você... — Ela andou até mim e nos cubriu com o guarda-chuva. — Então venha "tomar um café" comigo, por favor.

Um Amor Que Cai Como Pétalas (Momojirou)Onde histórias criam vida. Descubra agora