Ansiedade, Posse e Amor

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"Óh, agitada ansiedade. Que me captura e muda os pensamentos calmos de minha cabeça para barulhos intensos incessantes. Ansiedade, por quê não me deixas?"

Andávamos pelos corredores da escola. Minha mão tremia e a da morena segurava a minha com carinho. O medo me consumia e eu tinha quase certeza que também tomava posse dos pensamentos de Momo... Mas parando para pensar, não havia exatamente uma razão para termos medos... Por um lado, maior parte da nossa sala viu o que aconteceu e, querendo ou não, os boatos já teriam se espalhado. Por outro lado, não havíamos exatamente oficializado nada ainda... Acho que seria meio precipitado da minha parte dizer que tínhamos algo... Não?

Momo olhou para mim e beijou minha testa, soltando minha mão lentamente e abrindo a porta da sala que entraríamos em seguida.

— Ei, Jirou! — Denki chamava do outro lado da sala, acenando para mim logo em seguida que eu entrei na sala.

— Oi Kaminari... — Sentei ao seu lado, já nervosa com antecedência. O loiro tinha um péssimo costume de fazer perguntas intrusiva pras pessoas... Do jeito que ele é, seria improvável se ele não perguntasse algo besta sobre o ocorrido.

— Bom... Como tá a relação? — Ele pergunta quase em um sussurro, o que me admira. Ao invés de pegar no pé ou brincar sobre o ocorrido, ele na verdade parece bem acolhedor e gentil. — Depois do que aconteceu lá na festa... Vocês conseguiram se entender?

Fico quieta, em dúvida do que respondo. Uma boa parte de mim sabia que sim era a resposta certa... Mas ainda assim, depois de tudo aquilo, ainda consigo ouvir uma voz que diz que não tá certo.

Voz essa, que sabe é me lembra que não temos nada além de uma amizade, mesmo depois do que aconteceu. Voz essa, que me lembrava que pode acabar dando tudo errado. Voz essa, que me lembra da reputação dela, que com certeza é mais importante do que eu. Voz essa que me faz pensar não ser capaz ou suficiente pra ela e que me fala o tempo todo que eu não consigo agradar ninguém, que lembra o quão frágil eu realmente sou e que eu sempre estrago tudo, por que em um piscar de olhos as coisas à minha volta são simplesmente destruídas ou arruinadas e tudo porquê eu-

— Kyouka?

Ouço a doce voz tão reconhecida pela minha mente. Voz que me permite sentir o que não sentiria sem ela. Voz que me ajuda a superar os estrondos tão altos de minha cabeça:

Ansiedade.

— Momo? — Pergunto me guiando apenas pela sua voz, já que minha visão agora escura e embaçada, não me permitia reconhecer se quer algum traço de qualquer rosto.

— Kyouka... Tá tudo bem? — Fechei os olhos e os abri novamente. Minha visão ainda ruim. Não conseguia definir o rosto de ninguém... Exceto o dela.

O rosto dela, era diferente. É ela. Ela me faz bem. Entre os borrões que eu enxergava no momento, era ela a pessoa que eu via com nitidez.

Como as pessoas costumam chamar esse sentimento mesmo?... Não me vem à cabeça. Na verdade, não me vem mais nada à cabeça, além de como seu cheiro é bom e de como seus olhos são tão lindos.

— Claro... Agora estou. — Vejo seu doce sorriso se formando para mim, enquanto meu peito esquenta com sua tamanha luz que ilumina minha mente.











"Agressiva e turbulenta posse, há de deixar-me com raiva e desconforto apenas por uma pessoa. Do que isso vale, óh cara posse?"

Barulhos, gritos, pessoas comendo, andando, conversando... — Que tédio. — Sem ela tudo era tedioso. Mas ela ia ensaiar com os meninos da banda... Queria eu poder ver seu ensaio. Imagino ela cantando com aquela voz linda em cima de um palco, penso como ela é incrível e habilidosa e também penso em como quero mostrar pra ela isso. — Eu deveria pedir ela em namoro? — Sussurrei pra mim mesma em meio aos meus pensamentos.

Um Amor Que Cai Como Pétalas (Momojirou)Onde histórias criam vida. Descubra agora