+16 | Uma mente completamente solitária com um coração cheio de bondade tenta deixar toda a tristeza do passado para trás, mesmo sabendo que é inevitável esquecer aquilo que o enfraqueceu.
Victor Avellar, além de ser perfeccionista em tudo o que faz...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
New York, 2023 1 mês antes.
Finalmente férias.
Precisava disso mais do que eu pensava. Depois de três anos trabalhando sem descanso como contador da família, essa será a primeira vez que irei ficar fora da empresa por um mês.
Arrumei mais uma vez o pêndulo de Newton, o deixando milimetricamente alinhado em cima da minha mesa, como eu gostava. Terminei de pegar as coisas que eu havia esquecido e segui para fora da sala, rumo ao elevador. Contava os minutos para passar um mês sem fazer absolutamente nada. Apenas eu, Eddie e um bom descanso de cinco dias seguidos, para mim não seria tão surpreendente, já que o trabalho, o golfe e o boxe consumiam a maior parte do meu tempo.
Assim que eu saí da caixa metálica avistei minha Porsche 911 preta, encostada bem no cantinho do estacionamento, exatamente como deixei. Olhei para baixo, puxando as chaves do bolso da frente da minha calça jeans, enquanto caminhava com um pouco de pressa até meu veículo, mas algo ou melhor, alguém me fez parar quando escutei uma porta de outro carro batendo ao meu lado.
Um grito fino quase estourou meus tímpanos e percebi que o corpo de uma mulher escorregou, batendo contra o meu e sendo jogado com brutalidade ao chão. Segurei a risada, o tombo foi tão feio que seu cabelo se espalhou por seu rosto, me impedindo de identificá-la.
― Merda... Você está bem? ― estendi minha mão na tentativa de ajudá-la, mas parei instantaneamente assim que ela empurrou o cabelo para trás.
Ou eu estava muito bêbado sem ter ingerido uma gota de álcool sequer, ou estava precisando me internar em uma clínica psiquiátrica.
Pisquei perplexo várias vezes até cair na realidade. Quando ela tentou se levantar, acabou se atrapalhando e caindo sentada novamente.
― Que bom rever você, Vic. Eu estou bem, eu acho. ― sorriu, feliz, e parou fazendo uma careta de dor. ― Não vai me ajudar a levantar?
― Como... Espera, não era para você estar em Toronto, Isabel?
― Era, mas eu me mudei há poucos dias. No momento, estou morando aqui em Nova York.
Franzi o cenho com tamanha novidade e me inclinei, contra a minha vontade, na intenção de levantá-la. Senti uma sensação agoniante quando segurei seu braço e rapidamente tirei as mãos do seu corpo me recompondo.
― O que quer aqui? ― observei seu rosto atentamente.
― Esse é o meu novo trabalho. ― bateu as mãos na saia, tirando a pouca sujeira. ― Começo amanhã, vim resolver umas coisas antes... Creio que não seja no mesmo andar que o seu.
― Como é a piada? Você está trabalhando aqui?
― Nã-Não é uma piada.
Só podia ser o inferno na terra, e o convidado especial era a minha pessoa.
