25 | Conversa estranha

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Observei Victor tomando o café da manhã com o rosto totalmente distorcido, mas também, muito quieto para alguém que falava até pelos cotovelos

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Observei Victor tomando o café da manhã com o rosto totalmente distorcido, mas também, muito quieto para alguém que falava até pelos cotovelos. Ele tinha os olhos em mim, enquanto mastigava um pão francês com ovo mexido não muito macio, que, provavelmente, não se comparava com aqueles requintados de padaria que com certeza estava acostumado a comer.

Dei um sorriso involuntário com a cena caótica: um riquinho mimado cheio de manias comendo um pão duro com café com leite em um copinho de vidro americano.

Ele não queria olhar ao redor e acho que também estava sendo bem difícil para o mesmo sentar-se na mesma mesa que a ex-namorada e a família dela, ― tirando o meu tio que havia ido trabalhar bem cedo ― que agora, também era a minha. Tentei confortá-lo segurando sua mão por baixo da mesa, alisando a pele com um semblante tranquilo no rosto, pois sabia que ele não estava confortável naquela posição, mas ainda estava ali por mim.

Em algum momento da noite enquanto era macetada sem dó naquele quartinho, Victor me convenceu de que eu ao menos deveria saber a verdade do porquê Emma era a minha mãe, felizmente ele deixou o nome verdadeiro dela escapar depois que deitei sobre seu peito quando começou a me contar, naquela cama pequena demais para nós dois, ― ele não tinha conseguido dormir comigo, quando pediu para descansar na poltrona que havia no canto do quarto ― que não sabia de nada antes de chegarmos aqui e para uma pessoa que mentiu sobre absolutamente ter uma filha, eu não duvidei que a mulher mais velha que dizia ser a minha mãe tivesse mentido sobre o seu próprio nome também.

Depois de muita relutância, eu concordei em ficarmos até terminarmos o café antes de irmos, assim diria adeus pela última vez para Emma que eu dizia ser a melhor tia de todos e quando voltasse para Nova York de novo, a esqueceria e faria de tudo para poder tirar satisfação com meus pais igualmente.

― Por que resolveu pegar o pão mais duro da bandeja, amor? Não tinha outro mais comestível?

― Olívia disse que eu podia pegar o que estava em cima da bancada. ― deu outra mordida suspirando sofregamente. ― Esse era o único que tinha.

― Qual bancada?

― A do lado esquerdo daquele armário fosco.

Fez-me olhar para a mesa onde ficavam os pães que Emma costumava fazer torradas no forno e escutei um risinho travesso ao olhar para Olívia que tinha uma cara de sapeca.

Peguei o pão velho da mão de Victor e entreguei o meu que estava pela metade, porém muito mais macio e gostoso.

― Olívia... ― repreendi seu nome e logo a vi cessar o riso.

― Desculpinha. Achei que iria ser legal pregar uma peça no seu namorado porque ele não comeu o biscoito todo que eu dei! ― se defendeu rápido fazendo um biquinho apelativo. ― Não foi por mal, eu juro.

― Você não pode fazer isso com as pessoas, meu amor, isso não é legal. Gostaria que tivesse sido com você? Queria que te dessem um pão assim para comer?

MEU DESEJO TENTADOR - livro 2 da série: Os AvellarOnde histórias criam vida. Descubra agora