13 | Não é um encontro

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Me levantei da cadeira que passei mais de quatro horas sentada e sacudi cada mísero pedaço do meu corpo dando um leve sorriso assim que percebi que o dia de hoje já havia acabado

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Me levantei da cadeira que passei mais de quatro horas sentada e sacudi cada mísero pedaço do meu corpo dando um leve sorriso assim que percebi que o dia de hoje já havia acabado.

Minhas costas doíam não só pelo trabalho a mais que tive que prestar, já que segundo minha mãe era o certo porque atrasei duas vezes nessa semana, mas também por essa maldita cadeira que me torturava há mais de duas semanas. A porcaria estava quase se desfazendo com o passar dos dias e com certeza não ia demorar para quebrar de vez.

― Precisamos pedir cadeiras novas, essas daqui já estão no puro pau. ― eu disse, antes de começar a arrumar minha bancada.

― Precisamos mesmo, mas não me incomodo de sentar no pau todos os dias.

― Se minha mãe te escuta, seremos duas futuras desempregadas, Eleanor.

― Vai dizer que você e a Márcia são duas santas, menina Eliza? ― me encarou sarcástica e eu a objurguei. ― Ai, tira essa carranca, ui, não está mais aqui quem falou.

― Hoje eu não estou boa.

Eleanor sorriu para mim e me deu as costas, voltando a arrumar sua mesa, que estava um verdadeiro furacão.

― Mas sabe de uma? Eu concordo com você, merecíamos um aumento por ter que aturar essa tortura, ou melhor, uma massagem. ― comentou ainda de costas. ― Isso! Podemos ir agora mesmo na sala dos seus pais pedir, e tem que ser com algum massagista gostosão. ― virou-se mordendo a ponta do dedo aparentando ser sexy e tirando uma boa gargalhada de mim.

― Você não estava namorando?

― Ainda estou, menininha, mas a vida é para ser vivida com gosto de quero mais.

― Pensei que as senhorinhas da sua idade só assistiam novelas e bebiam café quente esperando os netos chegarem.

― Me respeita, garota! Mesmo com a idade que tenho não me prendo a ninguém, vivo o que tenho para viver com qualquer homem que eu quiser.

― E eles têm essa coragem mesmo?

― Olha aqui, sua danada, que nem saiu da creche ainda, eu ainda dou mais do que para o gasto, tá? ― seu dedinho foi apontado diante do meu rosto e não resisti em rir ainda mais.

― Não disse que não dava, coisa linda. ― levantei as mãos em rendição.

Eleanor já tinha seus cabelos grisalhos e ainda se sentia uma jovenzinha, e mesmo tendo seus 51 anos não deixava sua idade aparentar ser um problema. Ela se sentou novamente na cadeira que rangeu no mesmo segundo, pegando uma das balas típicas de café da sua bolsa.

Terminei de arrumar minha parte da mesa e encarei a porta de entrada notando que a clínica estava fechando, só restava eu, meus pais e alguns outros funcionários que saíam aos poucos.

― Já sabe o que vai fazer no feriado do próximo mês? ― perguntou, me virei para ela pensando em uma desculpa.

― Ainda não sei, é provável que eu fique em casa sem fazer nada, nada de novo.

MEU DESEJO TENTADOR - livro 2 da série: Os AvellarOnde histórias criam vida. Descubra agora