Capítulo 38

7 1 0
                                    

Kayque anda de um lado para o outro do escritório que dias atrás era do papai e agora estava sendo ocupado por ele. Ainda era estranho entender aquilo, por mais que meu irmão já fosse assumir o trono, a nossa suposição era que papai estivesse aqui o ajudando.

Os papéis espalhados pelo móvel de madeira maciça que nos separa denuncia o quanto ele está ocupado. Passo a mão no meu vestido azul-marinho e olho para Clara que está em pé ao meu lado roendo as unhas.

Quando descemos para tomar café, um dos funcionários do castelo disse que nosso irmão nos aguardava no escritório e de certa forma, já sabíamos sobre o que ele queria falar conosco, nossa seleção.

— Vocês já têm suas escolhas? — Ele pergunta soltando os papéis que segura sobre a mesa e nos olha, e sem notar, nenhuma de nós os responde — meninas?

Volto a realidade, solto um suspiro e automaticamente arrumo minha postura.

— Temos — respondo e noto que Clara tremer ao meu lado. O fato dela não estar pensando em optar pela pessoa que ela achava que seria seu escolhido desde o início, ainda a fazia tremer, e eu não a julgo, Henrique é um homem bom, só não era o destino deles.

— Ótimo! — Kayque se joga na poltrona confortável e massageia suas têmporas, meu irmão vinha trabalhando muito nos últimos dias — uma coisa a menos para resolver. A Merena se ofereceu para ajudar com os últimos preparativos, a mamãe está um pouco ocupada com nossos irmãos e minha coroação — Kayque diz sem pausa nenhuma entre as palavras.

Não me controlo, e assim como Clara e começo a rir dele, era bom dar risada depois de tantos dias chorando.

— Precisa respirar para conseguir fazer tudo Ka — Clara o lembra e ele faz uma careta, mas logo um sorriso lhe escapa.

— Andem logo! Saiam daqui! — Ele brinca fazendo um gesto exagerado com as mãos.

Clara segura na minha mão e me puxa para fora do cômodo empolgada.

No corredor caminhamos de braços entrelaçados até a sala de jantar para tomarmos café da manhã. Quando entramos, chamamos a atenção de todos, por causa da conversa com Kayque, nos atrasamos e éramos as últimas a nos juntar ao resto das pessoas.

No começo da seleção a mesa ficava completamente cheia, mas agora já haviam lugares vazios por toda sua extensão, mas o lugar que mais me chamava a atenção, era o da ponta, o lugar do meu pai.

Como Lorenzo me disse no dia do enterro, a dor seria mais suportável, só que ela ainda era presente, e sempre que meus pensamentos vagavam, eu voltava a pensar no papai e tinha que correr para meu quarto para chorar escondida de todos, não queria que minha tristeza se espalhasse para minha família, já bastava o fardo deles carregarem as deles.

***

— Descanse querida, amanhã será um dia importante — minha mãe me lembra arrumando os travesseiros da minha cama.

O fim da minha seleção e a da minha irmã, finalmente estava chegando, no dia seguinte iriamos escolher quem seria nossos futuros maridos. No começo tudo aquilo era tão assustador, mas depois que encontrei a pessoa certa, as coisas pareceram ficar mais aceitáveis. E eu não temia mais o futuro que me aguardava.

Subo na cama animada e mamãe me cobre, eu sei que nem tão cedo irei dormir, mas gosto do sorriso nos lábios da mulher sempre que me cobre e me dá um beijo na testa me desejando uma boa noite de sono.

Assim que ela me deixa sozinha, fico deitada escondida debaixo do edredom olhando para o teto branco e sem graça.

— Espero que esteja pensando em mim — escuto uma voz masculina e rapidamente me sento encontrando Lorenzo parado na frente da minha cama, fico de pé no colchão e caminho até ele — você nunca tranca a porta do quarto? — ele me pergunta e começa a rir quando pulo em seu colo, ainda assim ele me segura com firmeza.

— Porque eu trancaria? Assim não poderia receber suas visitas noturnas — aviso e ele sorri antes de me roubar um selinho demorado.

Lorenzo afasta seu rosto do meu devagar e aperta meu corpo contra o dele com as mãos que estão apoiadas na minha cintura, automaticamente tento juntar mais minhas pernas que estão em volta dele e isso nos aproxima ainda mais e faz uma tensão diferente surgir entre nós.

Os olhos tão azuis dele parecem ficar escuros quando sua pupila dilata e o príncipe arfa sem desviar os olhos de mim, o silêncio no cômodo é quase enlouquecedor, e eu sei que ele assim como eu, está pensando em algo que minha família me repreenderia só pensar em fazer, o que aconteceria se eles soubessem que eu já tinha passado por essa experiência?

— Dorme comigo hoje — peço e Lorenzo parece despertar de um transe. Ele hesita por um instante e devagar me coloca sentada na cama.

— Não sei se é uma boa ideia Jas.

— Porquê? Você veio aqui, isso significa que está com saudades, não é? — Pergunto e me ajoelho na cama o puxando pelo colarinho da camiseta. Lorenzo sorri e novamente cola seu corpo no meu, me fazendo sentir uma sensação entre minhas pernas despertar mais uma vez perto dele.

Devagar ele aproxima seu rosto do meu e me rouba mais um beijo, em seguida seus lábios deslizam pela minha bochecha e vai até meu ouvido.

— Só queria olhar para você, ter certeza que você ainda me quer — o escuto sussurrar e um arrepio maior se espalha por todo meu corpo.

— Você não faz ideia do quanto — confesso e ele se afasta sorrindo.

— Aposto que não mais do que eu — Lorenzo estreita o olhar parecendo me desafiar. Um sorriso travesso me escapa e volto a puxar ele pela camisa e lhe roubo um beijo mais intenso.

— Dorme comigo que eu te mostro.

🌷🌷🌷🌷🌷

Por SrtaPattz

Rainhas de IlléaOnde histórias criam vida. Descubra agora