Eu devo ser muito divertida

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Eu olho para sua mão adorável, seu pulso adornado por uma bonita pulseira em ouro e um Rolex grafite.
— Quantos anos você tem? — Eu digo. Ah, bom Deus. Meu cérebro está como ovos mexidos, e percebo que fiquei corada num tom agudo de vermelho. Eu deveria manter minha boca fechada.
De onde diabo veio isso?
Ela me olha fixamente, seus olhos verdes me queimando.
— Vinte e um. — Ela responde, com um olhar de jogador de poquer, sem manifestar emoção.

Eu zombo levemente, e suas sobrancelhas saltam interrogativamente.
— Sinto muito. — Eu murmuro, me voltando para a mesa. Estou me sentindo nervosa. Eu a ouço expirar fortemente, quando sua mão adorável volta ao meu portfólio e recomeça a olhar as páginas, sua mão esquerda descansando na borda da mesa.
Eu observo que ela não usa anel. Ela não é casada? Como pode ser isso?
— Eu gosto muito disso. — Ela aponta para as fotografias do Lusso.
— Eu não tenho certeza se meus trabalhos no Lusso caberiam aqui. — Eu digo calmamente. É demasiado moderno. — de luxo, sim, mas muito moderno.

Ela olha para mim.
— Você está certa, eu só estou dizendo... Eu realmente gosto dele.
— Obrigada. — Eu me sinto ficar pálida quando ela me estuda cuidadosamente antes de voltar para o meu portfólio.
Eu seguro meu copo como se tivesse garras, com força, resistindo à tentação de jogá-la para mim, para me esfriar por fora, mas fico muito próxima disso, quando suas coxas roçam contra o meu joelho nu. Eu me movo rapidamente para quebrar o contato, olhando com o canto do meu olho a tempo de ver um pequeno sorriso no canto de sua boca. Ela está fazendo isso de proposito. É muito para mim.
— Você tem banheiro? — Eu pergunto e coloco meu copo de volta na mesa, ficando de pé. Eu preciso ir e me recompor. Eu estou totalmente em frangalhos, numa bagunça interior.

Ela se levanta do sofá rapidamente, voltando para me deixar passar.
— Depois da sala de espera, à sua esquerda. — diz com um sorriso. Ela sabe que me está afetando. A maneira como ela está sorrindo para mim, conscientemente, eu aposto que tem esse tipo de reação das mulheres e dos homens o tempo todo.
— Obrigada. — Eu saio do pequeno espaço entre a mesa e o sofá, minha tarefa dificultada quando ela não faz nenhuma tentativa para me dar mais espaço. Eu tenho que praticamente roçar nela, o que me faz prender a respiração até que me veja distante de seu corpo.

Eu ando em direçao à porta. Seus olhos estão em mim, eu posso senti-los queimando a ponto de fazer um buraco em meu vestido. Eu balanço meu pescoço para tentar me livrar dos arrepios pulando na minha nuca.

Tropeçando fora de seu escritório, eu ando de cabeça baixa pelo corredor cambaleando até chegar aos banheiros ridiculamente finos. Eu me abraço em cima da pia e olho no espelho.
— Jesus, Camila. — Eu exclamo! Olho, humilhada, meu reflexo.
— Conheceu a Senhora Jauregui?

Eu giro ao redor e encontro uma mulher de negócios muito atraente, no outro extremo do banheiro. Eu não tenho nenhuma ideia do que dizer, mas ela só confirmou o que eu já suspeitava — ela tem esse efeito em todas as mulheres.
Quando meu cerebro não consegue encontrar nada adequado para dizer, eu apenas sorrio.
Ela devolve o meu sorriso, divertida ao saber da razão pelo meu estado confuso, antes de desaparecer no banheiro.

Se eu não estivesse me sentindo tão quente e nervosa, eu podia ficar constrangida com a minha condição óbvia. Mas eu estou quente, e eu estou muito nervosa, então eu varro minha humilhação, tomo algumas respirações rápidas e lavo as mãos úmidas com o sabonete Noble Ilha. Eu deveria ter trazido minha bolsa. Eu poderia passar um pouco de protetor labial em meus lábios. Minha boca ainda está seca e meus lábios estão sofrendo como consequência.

Ok, eu preciso voltar lá, essa é ação a ser seguida. Meu coração está pedindo para deixar-se ir. Estou completamente envergonhada de mim mesma. Eu ajeito meu cabelo e saio dos banheiros, fazendo meu caminho de volta para o escritório da Sra. Jauregui. Eu não sei se eu vou ser capaz de trabalhar para esta mulher, eu estou afetada de uma maneira única por ela.

Eu bato antes de entrar, encontrando-a sentada no sofá olhando para o meu portfólio. Ela olha e sorri, e eu sei agora, realmente tenho que ir embora.
Não posso trabalhar com essa mulher. Cada molécula de inteligência e poder do cérebro que possuo foram eletrocutados do meu corpo com a sua presença. E o pior de tudo, ela sabe disso.

Eu me dou um pensamento mentalmente estimulante, fazendo meu caminho até à mesa, ignorando o fato de que ela está seguindo cada movimento meu. Ela está recostada no sofá de uma forma que eu passe apertada por ela, mas eu não passo. Sento-me no sofá oposto, ficando na borda.
Ela firma em mim um olhar interrogativo.
— Você está bem?
— Sim, eu estou bem. — Eu respondo rápido. Ela sabe. — Gostaria de me mostrar onde o projeto é pretendido para que possamos começar a discutir os requisitos? — Eu forço a minha confiança em minha voz. Eu estou apenas seguindo o protocolo agora. Não tenho absolutamente nenhuma intenção de tomar este contrato, mas eu não posso simplesmente sair — por mais tentador que seja.

Ela levanta as sobrancelhas, claramente surpresa com a minha mudança de abordagem.
— Claro. — Ela se levanta do sofá, caminhando até sua mesa para pegar o seu celular. Eu recolho minhas coisas, colocando-as em minha bolsa e sigo o seu gesto, me mostrando o caminho.

Ela rapidamente me ultrapassa, abrindo a porta e, fazendo um gesto exageradamente cavalheiresco, mantendo a porta aberta. Eu sorrio educadamente — mesmo sabendo que ela está brincando comigo — e saio para o corredor, indo em direção à sala de estar. Eu enrijeço em um suspiro quando ela coloca a mão nas minhas costas para me guiar.

O que ela está fazendo? Estou tentando o meu melhor para ignorá-la, mas você teria que estar morta para não notar o efeito que esta mulher está tendo sobre mim. E eu sei que ela sabe disso. Minha pele está queimando toda — quase certamente aquecendo a palma da mão dela, através de meu vestido. Eu não consigo manter minha respiração sobcontrole, e a caminhada está tomando cada pedaço de coordenação e esforço que eu possuo. Eu sou patética, e é óbvio que ela, cruelmente, está curtindo as reações que está causando em mim. Eu devo ser muito divertida.

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