O dia mal havia amanhecido e lá estava Michele com seu apito ensurdecedor acordando todo mundo. Menos eu que passei a noite inteira acordada. Algumas horas depois de Priscilla ter saído ontem ela voltou para nossa barraca e as duas outras garotas saíram, fingi que estava dormindo e mesmo assim não descobri nada sobre sua saída.
Afinal, o que ela teria feito estando sozinha com outra garota?
Nossa primeira exigência do dia era trabalhar em equipe e para minha sorte seria com as mesmas pessoas em que dividimos a barraca.
— Toma, dondoca — Priscilla me entrega uma garrafa empurrando contra minha barriga.
— Por que a maior? — pergunto ao ver que Raimunda e ela estavam com garrafas minúsculas.
— Porque sim.
— Nossa, como você é idiota, vou falar pra instrutora. — ela fez cara de desinteresse e eu saí batendo meu ombro no dela, pisando duro.
— Michele, olha pra isso, aquela idiota quer que eu carregue isso tudo de água, enquanto elas carregam só aquilo — apontei para elas. — isso é injusto.
— Qual o problema nisso, Natalie? já não basta a barraca que ela armaram ontem?
— Mas...
— Você tá fazendo corpo mole desde que chegou aqui. Para de reclamação o tempo todo. — ela se vira conversando com outra pessoa, me ignorando também.
Ah, que ódio disso aqui.
Passo pelas meninas furiosa em direção ao rio. Isso é um saco, todo mundo tá contra mim. Eu só queria estar bem longe daqui, na minha piscina, num shopping fazendo compras, será que é querer demais?
Meus pais vão ter que me agradar muito pra eu ficar de bem com eles. Muito injusto o que eles estão me fazendo passar aqui, apesar de tudo eu sempre fui uma boa filha, sempre fiz tudo que eles quiseram e quando finalmente faço algo que realmente quero eles resolvem me castigar.
Chego no rio, a corrente de água estava bem forte àquela hora, as pancadas da cachoeira faziam até espumas na base se dissipando depois. Procurei um lugar mais baixo do leito para pegar água, isso facilitaria pra mim, as duas meninas aparecem do meu lado e felizmente não falam nada.
Puxo minha garrafa com dificuldade, claro eu tinha que ficar com a maior. Faço uma gambiarra com um lenço e apoio na minha cintura, facilitando o carregamento. Faço todo o caminho de volta.
— Bom dia, Abigail — cumprimento-a com um sorriso no rosto e desmancho longo em seguida ao não ser correspondida. Reviro os olhos, não importa o que eu faça de bom para as pessoas, elas sempre irão se afastar de mim no meu primeiro deslize.
É muito difícil ser eu, parece que preciso me esforçar o dobro de pessoas normais para ser aceita ou fazer amizades. Se eu quiser um jeito mais fácil é entrando na onda dos colegas da escola, oferecendo a piscina de casa pra fazer festas e dando as bebidas caras do meu pai para eles. Além disso pouca coisa funciona.
Depois que Abigail ficou dessa forma comigo e com essa garota pegando no meu pé, tenho me sentindo estranhamente sozinha. Nesse momento, meu quarto, ar condicionado e cobertores seria uma ótima opção.
Quando estou quase chegando perto da barraca, sinto um peso segurando meus pés e meu corpo sendo projetado pra frente. Oh, não! Me espatifo com força no chão, a água que carregava é toda derramada, virando uma poça bem abaixo de mim.
As pessoas que estavam ali começa a rir de mim, logo veja a idiota bem do meu lado, me levanto furiosa em direção dela e começo a estapeá-la.
— Foi você né, sua idiota do caralho
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SOS Acampamento (Natiese)
FanfictionFanfic Natiese Natalie é uma patricinha que foi obrigada pelos pais a ir ao acampamento de verão de sua escola. Para ela era a pior coisa que poderia acontecer, só não imaginava que alguém tornaria tudo bem mais interessante.