Como grito de guerra Michele cantarola alto:
— O verão é a melhor parte — todos repetem em mesmo tom — aprendemos muitas coisas, caçamos como aves, sobrevivemos numa boa. Ano que vem vou quer, estar aqui de novo, porque vamos crescer, como verdadeiros vencedores! — Geral grita em uníssono.
Estamos em uma grande roda dando um abraço coletivo, pensar que antes eu acharia isso muito brega e me recusaria a participar e agora estou aqui desejando que durasse mais alguns dias. Amanhã, teremos só mais uma atividade solene para encerrar essa temporada de acampamento e nos despedirmos.
No fim do dia, todo mundo estava organizando as malas, eu trouxe tantas que duas delas nem cheguei abri e nem lembro o que coloquei nelas. Por curiosidade resolvi abrir uma e lá estava um monte de pequenas maletas de acessórios como colares, pulseiras, brincos e anéis, com certeza meu surto para não querer vir pra cá me deu um sério colapso mental que me fez acreditar que eu estava indo para uma viagem à Europa e que eu precisaria de tudo isso.
Mas até que eu não deixaria de usar totalmente essas coisas, me veio uma ideia e vou precisar, sim de uma dessas joias.
Mais tarde quando a noite caiu e todo mundo estava deitado pronto para dormir, eu fiquei em baixo dos cobertores esperando dar tempo suficiente para ninguém estar acordado. Olhava para o teto e meu corpo trêmulo de ansiedade, parecia que fazer cinco graus de temperatura.
No momento certo, saí de fininho do dormitório e fui para o refeitório torcendo mil vezes que eu conseguisse entrar com facilidade. Olhei em volta com cautela, mas não avistei ninguém por perto ou algum barulho que indicasse alguém acordado. Já na entrada respirei fundo e girei a maçaneta, estava aberta! Mas, afinal, por que estaria fechada, não é mesmo? Vou logo em busca do frízer e na dispensa da cozinha, minha vontade era fazer uma boa lasanha pra Priscilla, já que ela falou ser sua comida favorita, mas não tenho esses recursos. Pensando no ditado quem não tem cão caça com gato, resolvo fazer um macarrão à bolonhesa, não foge tanto do tema.
Ouço passos se aproximando e logo recebo o olhar mais doce e encantador que já recebi na vida. Priscilla se aproxima e eu só a deixo livre pra abraçar minha cintura e dar o beijo que esperei tanto poder receber nas últimas horas.
— O que você está aprontando, pequena? — ah, como eu como quando ela me chama assim.
— Vou cozinhar pra nós...
— Sério? — Priscilla fala e noto seu olhar desconfiado, sei o que passa na cabeça dela, que eu nunca havia chegado em uma cozinha além de sentar na mesa para comer. Mas a verdade é que eu sempre gostei de cozinhar com minha mãe.
— Muitíssimo e você vai ver que cozinho bem e tenho mãos habilidosas. — dou uma picadela sugestiva e começo a fazer meu trabalho. Priscilla passa a língua entre seus lábios e me olha de um jeito que ainda não havia visto, meu corpo rege nada mais que com um longo arrepio, me sinto estranhamente nua diante daquele olhar. Balanço minha cabeça para voltar ao meu estado consciente.
De repente, vejo ela sintonizar um radinho antigo e em poucos segundos toca aquelas músicas românticas que tocam nas madrugadas. Solto um sorriso bobo.
— Onde você arrumou isso? — Pergunto apontando para o rádio.
— Ah, digamos que eu achei perdido em algum lugar.
— Priscilla, ninguém perde um rádio desse onde estamos. — Coloco minhas mãos na cintura.
— É da Michele, eu só peguei emprestado. — Ela faz um biquinho mostrando sua inocência. E eu posso fazer o que? Se não beijar ela com esse jeitinho sapeca linda. Se eu continuar assim, esse jantar não saí hoje.
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SOS Acampamento (Natiese)
FanfictionFanfic Natiese Natalie é uma patricinha que foi obrigada pelos pais a ir ao acampamento de verão de sua escola. Para ela era a pior coisa que poderia acontecer, só não imaginava que alguém tornaria tudo bem mais interessante.