Capítulo 7

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Entre montar e desmontar barracas, essa foi a única vez que percebi um sentimento diferente de tudo aquilo que já senti desde de minha chegada. Me invade aquele sentimento de quem aproveitou tão pouco, porque já é tarde demais pra voltar atrás e mudar as coisas.

Apesar dos poucos dias que me restam no acampamento, fui surpreendida com coisas boas. Dentre elas, uma garota fascinantemente linda deitada há poucos metros de mim. Estávamos de volta ao nosso dormitório na base depois de três dias acampando, e convenhamos, que belos dias foram, ou melhor, noites, já que dentro da nossa barraca ao anoitecer tínhamos as melhores e mais aleatórias conversas e tantos beijos trocados. Posso dizer que em minha curta vida não havia conhecido alguém tão carinhosa quando ela.

Convencida de não perder mais tempo, levanto da minha cama em meio ao escuro e me encaminho até Priscilla, tomando cuidado pra não acordar as outras meninas. Ao me aproximar, ouço vozes baixas, ela estava conversando com alguém e em pouco tempo reconheço aquela voz, era a amiga cururu dela.

Pensei duas vezes se voltaria para minha cama ou se seguia, mas eu não estava a fim de abrir caminho para Daniela continuar próxima da minha garota, não mesmo.

— Priscilla? — sussurrei baixo chamando a atenção das duas.

— Natalie, tudo bem? — Pri me responde e logo sinto seu toque em minha mão.

— Sim, tem um tempinho pra mim?

Sem pensar muito ela dispensa a amiga e a gente sai do dormitório de fininho. Parece que tudo o que sinto por ela há reação em meu corpo, nesse momento me sinto extremamente "desconfortável", já não gostava dessa Dani, agora menos ainda, ela sempre foi atirada e tudo indica que ela já foi alguma coisa de Priscilla, seja lá o que foi. Não vou bancar uma de ciumenta e fazendo perguntas, a gente nem tem nada de fato.

Nós seguimos até a praia num silêncio desconfortante e foi assim até chegarmos lá. Priscilla foi um pouquinho mais a frente, sentou na areia e eu fiz o mesmo ao lado dela. O silêncio permaneceu por mais um tempo enquanto apreciávamos a noite clara de lua cheia.

— A lua tá linda! — foi o que saiu de sua boca com um sorriso encantador.

— É, ela está. — respondo e agora ela acaba olhando pra mim. Alterna o olhar pra minha mão apoiada na areia e coloca a sua sobre a minha. Ela parece procurar algo em mim, investiga minuciosamente em meu olhar, mas depois parece desistir.

— Não se preocupa com a Dani, tá? — fala como se eu precisasse ouvir aquilo.

— Não estou!.. jamais. — falo um pouco seca demais pra esconder meu incômodo.

— Dondoca...

— Não me chama assim. — fico levemente emburrada.

— Tá bom, pequena escoteira — sustento minha expressão e ela pensa mais um pouco — pequena? — nessa hora eu desmancho minha expressão, gostei desse jeito. — Eu não tenho nada com ela.

— E nem comigo, então por que se explicar?

— Não que eu não queira, só não falamos sobre isso e se você acha que o que está rolando entre nós não é nada, então eu que devo começar a repensar melhor. — Priscilla se levanta, limpando a areia de sua roupa.

Percebo a besteira que fiz e vou atrás dela. Paro ela ficando em sua frente, preciso minimante reverter isso.

— Desculpa. Não foi a minha intenção te magoar. Eu gosto do que a gente tem e gosto muito, muito mesmo. — falo segurando seu rosto entre minhas mãos. — mas se isso está ficando mais sério, você não acha que temos que conversar? Daqui dois dias estaremos indo embora.

SOS Acampamento (Natiese)Onde histórias criam vida. Descubra agora