— São pra você — entreguei as rosas e o chocolate a Priscilla quando entramos no carro.
— Você é tão linda, Natalie. Muito obrigada! — Me deu um longo abraço. — Esse dia não poderia ser melhor sem você aqui. — Recebi um beijo na bochecha.
Quando o carro começou a andar ela recordou de ligar pra mãe e dizer que ia demorar mais do que esperado pra chegar em casa e claro que não se preocupasse com sua demora, pois estava em boa companhia. Eu sorri com a boa companhia, amava que Priscilla me fazia se sentir diferente e especial.
Depois que ela indicou onde era o lugar que íamos à motorista, eu me aproximei pra dar um beijo nela, eu estava louca pra fazer isso desde que a vi, e Priscilla tão fofa e envergonhada fez um sinal discreto indicando que não estávamos sozinhas.
— Não tem problema, mas se isso te deixará mais confortável podemos ir um pouco mais pra lá.
Ela concordou ficando bem mais atrás do banco do motorista. E eu me aproximei ficando tão próximo que sentia o calor do seu corpo bem perto do meu. Meus dedos repousaram em seu rosto antes que nossos lábios estivessem juntos, num beijo quente, leve e inebriante.
Eu estava derretida em seus braços e sentia que ela também quando nossos lábios deslizavam em uma sincronia lenta e Pri apertava seus dedos em minha cintura. Todos os sinais de quem estava lotava de saudade.
Meu corpo estava esquentando, um calor dominava o ambiente como se o tempo tivesse mudado de forma repentina. Eu sabia muito bem o que estava acontecendo, recordava muito bem da primeira vez que senti lá no refeitório do acampamento.
Priscilla parou de me beijar e tocou sua testa na minha, nossas respirações estavam ofegantes.
— Melhor a gente parar um pouco. — Ela falou soltando um leve sorriso. Me movi deixando minha boca bem próxima do seu ouvido.
— Você ficou excitada, não é? — Percebi sua pele arrepiar, vivenciando essa sensação pela segunda vez descobri um novo hobby, deixar ela louca por mim é um sentimento inexplicável, meu corpo que o diga.
— Eu diria que foi só de minha parte se você não tivesse me beijado tão gostoso. — Que filha da mãe!
— Era só saudade.
— Ah, claro, eu tenho certeza, mas os seus olhos entregam, pequena, eles dilatam — ela segura em meu queixo e me olha. — Olha, agora não está mais, coincidência ou fato?
— Coincidência! — Falo e volto a ficar corretamente no banco colocando o cinto de segurança. Priscilla faz o mesmo, mas sem tirar um sorriso safado do rosto, não consigo segurar minha expressão séria e sorrio também. Ah, essa garota tá virando minha vida de ponta cabeça.
Quando chegamos, pedi que Taila se juntasse a nós, mas ela preferiu ficar no balcão enquanto Priscilla e eu escolhemos uma mesa. Um lugar um tanto peculiar pra mim, várias mesinhas de madeira, quadros de fotos antigas pregados quase em todas as paredes e pagode que a minha garota diz ser "vacilão" de Zeca Pagodinho, eu não conhecia, mas pelo menos o cantor eu já tinha ouvido falar.
— Vamos, pequena? — Pri levantou da mesa, estendendo sua mão pra que eu pegasse. Eu a acompanhei até onde as comidas estavam dispostas, era nós mesmos que nos servíamos. Como o cheiro estava incrível e era tanta opção que eu não sabia o que pegaria.
— O que você me indicaria pegar, Priscilla, se não vou querer colocar de tudo um pouco no meu prato e não vai caber.
Era quase verdade, estava tudo com uma cara muito boa.
— É só você me acompanhar, tá bom? O que eu colocar você coloca e se você não gostar de algo é só me dizer. — Eu concordei e fui fazendo exatamente igual, até na quantidade. Um pouco de arroz, lasanha, camarão empanado, batata frita e bastante salada, nessa parte eu caprichei.
Ao voltar para a mesa, pedi um suco bem gelado de maracujá e Priscilla refrigerante. Ela sentou de frente pra mim, o que me permitiu que eu me atentasse mais e a visse usando o pingente que dei. Um colar delicado de prata acompanhava o pingente de lua e eu deslizei meus dedos sobre o mesmo tocando de imediato sua pele.
— Nunca deixei de usar desde que me deu — segurou minha mão e beijou.
— Eu sou uma boba, cheguei a pensar que você nem lembrava mais de mim.
— Impossível, você me presenteou justamente por isso — rimos. — Mesmo assim seria difícil acontecer. Você é daquelas pessoas inesquecíveis.
— Sou é? — Comecei a mexer na comida para experimentar. Nesse momento Priscilla ficou parada me olhando, diria que ela estava cheia de expectativa. — Hm, hm... que delícia, muito tempero, muito sabor. — Coloquei a mão sobre a boca já que acabei falando de boca cheia.
— Eu sabia que gostaria, é impossível reprovar a comida daqui. — Ela também começa a comer.
— É, eu estou sentindo.
...
Depois que almoçamos, peguei algumas coisas na minha mochila e Priscilla na dela para que pudéssemos fazer nossa higiene bocal. Para depois decidirmos ir para um lugar mais reservado, tudo que mais queríamos era ficarmos juntas.
— Sabe, por que aquela garota sempre tá perto de você e tentando algo toda vez? — perguntei iniciando uma conversa. Esse era um incômodo em mim que parecia não cessar, principalmente por saber que agora estou longe demais para estar ciente do que acontecia.
— Daniela? Ela é minha prima e é desse jeito desde que descobriu que eu gostava de meninas.
— Naquele dia que acampamos e você saiu com ela... — segui por esse caminho, essa curiosidade me corroía até na alma.
— Para sorte dela aconteceu. Eu corri o risco uma única vez e de verdade me arrependi imensamente, não há nada nela que me atraia, mas acabei caindo em sua persistência. — Ouvir isso me deixou estranha, uma sensação desconfortável dominou meu peito.
— É, isso explica alguma coisa.
— Não tem nenhuma possibilidade disso acontecer mais, você estando em minha vida ou não.
Nossas conversas quando envolviam a cururu não eram delongas, denotavam esclarecimentos de minha parte, não queria construir nenhuma perspectiva na qual houvesse qualquer desconforto.
Ficamos um bom tempo entre abraços, beijos e conversas, não existia nada melhor que fazer essas três coisas com Priscilla. Sentir seu cheiro e acariciar sua pele era uma sensação nova, seus lábios suaves nos meus é inexplicável, beijar outra mulher é a forma suprema do inexplicável, parece tolo tentar explicar, só se compreende quem sente.
O meu maior pesar do dia foi ter que levar minha garota até sua casa, já estava em nossa hora de voltar. O carro foi parando em frente a casa dela, era em uma rua comum, assim como onde morava era de simplicidade, eu já imaginava que fosse assim pelas nossas conversas de tantas vezes.
Uma mulher bastante parecida com Priscilla estava sentada na frente tomando algo em uma xícara enquanto observava um garoto brincando, eu presumia ser sua mãe. Priscilla me deu um abraço em despedida, longo e apertado.
— Priscilla, seu número, ou prefere que eu venha toda vez que quisermos nos falar, como em tempos primitivos — falei assim que ela já abria a porta do carro pra sair.
— Não seria de todo ruim — brincou pegando meu celular para anotar seu número.
Priscilla desceu e ficou esperando o carro sair, eu a observei parada até entrarmos em outra rua. Em meu celular seu número foi salvo como "solzinho" nome que eu a chamei algumas vezes, pelo jeito ela tem gostado. Digitei uma mensagem para enviar a ela.
— "Pequena aqui!"
— "Solzinho aqui, para sempre que quiser ser feliz!" — ela responde em poucos segundos.
Sorri, bloqueando e repousando o celular sobre o banco.
Cada vez mais eu descobria que Priscilla despertaria o mais louco ao mais lúcido de mim.
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SOS Acampamento (Natiese)
FanfictionFanfic Natiese Natalie é uma patricinha que foi obrigada pelos pais a ir ao acampamento de verão de sua escola. Para ela era a pior coisa que poderia acontecer, só não imaginava que alguém tornaria tudo bem mais interessante.