18. Porta-retrato e chuva

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- Clara. - disse rápido. - Não era bom para mim, eu prefiro o atual.

Olhei para o Matias para ver sua reação, que parecia ainda mais surpresa que a de seus pais.

Ficamos em silêncio por um tempo, apenas os talheres que batiam incessantemente nos pratos faziam fundo sonoro.

- Você mora com seus pais, querida? - a senhora Wilians voltou a falar.

- Mãe... - Matias a repreendeu com o olhar.

- Bom, meu pai morreu quando tinha seis anos. Portanto, moro com minha mãe, mas ela passa o dia todo fora, então eu praticamente moro sozinha. - esclareci antes que eles continuassem a me sufocar com o interrogatório.

- Oh, eu não sabia. Me desculpe. - pareceu aflita. - Eu sinto muito por você meu bem. - colocou sua mão direita em meu ombro.

- Não tem problema. Todos falam isso. Mas eu estou bem. - afirmei a despreocupando.

Então o Matias segurou a minha mão. - Ale, você está bem mesmo? Pode contar comigo, ok?

Assenti com a cabeça. Em seguida eles mudaram de assunto pra não ficar aquele clima de enterro e foi assim até o final daquele almoço.

- Ale, eu tenho uma coisa pra te dar, é surpresa! - ele me puxou pelo braço, subindo as escadas da casa dele, até chegar em uma porta, que ele abriu, antes que pudesse imaginar o que tinha lá dentro.

Era um quarto, o seu quarto. Tinha uma boa iluminação, apesar da única janela. Um aquário com dois peixinhos, em cima de uma mesinha. Uma cama do lado e na frente uma cômoda enorme.

Ele parou na cômoda e começou a procurar algo pelas várias gavetas.

- Achei! - berrou pegando um porta-retratos.

Ele virou para que eu visse a foto e quase tive um treco quando vi que era EU.

- Quando você tirou essa foto? - tentei fazer cara de brava. Estava indignada, mas tinha amado.

- Faz tempo já, mas foi num dia que você estava distraída, apoiada no carro e estava muito linda. - coçou a nuca. - Na verdade você sempre está linda mas eu precisava registrar aquele momento.

Segurei a foto. - Ninguém nunca fez algo assim por mim. Obrigada. - saí de lá, um pouco anestesiada ainda.

Ele puxou meu ombro. - Você merece muito mais que isso, Alone. Você é incrível. - e me abraçou.

Eu não entendia como, e nem porquê, mas eu não conseguia rejeitar um abraço dele. Era mais forte que eu... E no fundo, eu tinha que admitir, era muito bom.

- Vamos logo no autódromo antes que eu desista. - falei quando o abraço terminou.

- Vamos! - Desceu as escadas rápido e abriu a porta, me esperando passar.

- Volte mais vezes Alone! - a dona Nadine falou, enquanto eu o acompanhava.

Fiz que sim com a cabeça e passei pela porta. - Sua família é legal.

- Podem sufocar as vezes. - disse, olhando para os lados para ver se eles não tinham ouvido.

Como eu queria ter um pai para me "sufocar" dessa maneira...

[...]

Chegamos no autódromo e vi que estava um pouco nublado.

- Eu vou pegar meu macacão e capacete, fique aí. - avisei, andando em ré até onde estavam as coisas.

Quando voltei vi que ele já estava nas arquibancadas esperando.

Dei algumas voltas, presumo que umas seis. Acelerando mais em cada uma. Até que notei que tinha começado a chover.

Alone Por Alone Onde histórias criam vida. Descubra agora