08. Sobre quatro rodas

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Acordei agitada, não é sempre que estou assim, normalmente acordo querendo bater em alguém com um taco de golfe, ou incendiar alguma coisa, mas hoje não era um desses dias.

Hoje eu precisava falar com o Matias. Não seria fácil convencê-lo a matar aula, já que ele é o tipo de aluno que gosta de seguir regras, mas eu sei que de alguma maneira faria ele mudar de ideia.

Peguei minha mochila, mas só com suprimentos para passar o dia no autódromo. Sim, esse era o plano, (não que seja um plano). Eu o levaria para conhecer o lugar mais importante que existe para mim.

Saí preparada para resolver aquilo logo. Eu sabia que ele estava chateado e provavelmente bravo comigo, portanto, talvez se eu mostrasse o lugar que passei minha vida inteira, possa fazer com que ele volte a me tratar como tratava antes.

Na verdade, eu nem sabia porque eu estava ligando tanto para isso. Eu não deveria me importar com o jeito como alguém me trata. Mas, algo dentro de mim não quer que ele seja como os outros, não quer que ele me odeie.

Pensei nisso durante o caminho, de alguma forma não conseguia encaixar aquilo na minha mente. O porquê de tudo isso.

Dessa vez não fumei, estava com pressa e não tinha tempo para isso.

Cheguei na frente da escola olhando para todos os cantos. E se ele já tivesse entrado?

Não deixei que a Íris me visse, pois, se isso acontecesse ela certamente sacaria na hora que eu estava matando aula. Como já havia feito dezenas de vezes.

Alguns minutos se passaram, eu já estava impaciente e pensando em desistir, quando o vi. Ele estava com o mesmo garoto que veio o chamar da outra vez, para ir ao refeitório, pareciam estar em uma conversa bem animada.

Ele havia passado por mim, porém, não me viu.

Sem pensar duas vezes, peguei o pulso dele e o puxei. O fazendo franzir o cenho de maneira que eu teria rido, se não estivesse em um momento sério.

O Matias fez um sinal com a cabeça, para o garoto, avisando que podia entrar antes de nós.

- Oi... - falei um pouco sem graça. Vi que ele estava encarando minha mão no pulso dele, então soltei-o freneticamente.

- Oi. - disse ainda sério, sem expressar nada, nem mesmo raiva.

- Olha, eu sei que fiz besteira... eu não devia ter te julgado daquela maneira. Até porque você não tem culpa por minha vida ser caótica desse jeito... Você pode simplesmente esquecer o que eu disse?

- Eu que peço desculpas, Alone. Eu não deveria ter relevado quando várias pessoas me alertaram, quando me disseram que eu não deveria confiar em você. Talvez tivesse sido melhor eu ter as ouvido, quando disseram que você não liga pros sentimentos de ninguém. Mas não se preocupe, Alone - ele me chamou pelo nome ao invés do apelido que havia inventado. Realmente devia estar bravo. - Eu não vou mais te incomodar, como você pediu.

Rangi os dentes. Por que ele levava as coisas tão a sério? Será que é tão difícil entender que eu só disse aquilo por impulso?

- Quando eu falei aquilo, eu não queria dizer exatamente que queria que você me ignorasse completamente... - exclamei, o deixando confuso.

- Esse é o problema, Ale. Você nunca é exata. Tudo que eu sei sobre você é um vago mistério. Eu nunca sei o que realmente é, com você nunca dá para saber o que está acontecendo.

- Eu vou arrumar isso... - me virei para ver se alguém estava ouvindo. Ninguém. - Olha, hoje eu vou te levar para o meu lugar preferido. - vi que um sorriso surgiu em seu rosto. Um sorriso que ele tentou disfarçar. - Mas tem um pequeno detalhe...

Alone Por Alone Onde histórias criam vida. Descubra agora