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Chegamos no hotel de Virgínia. Um hotel bem bonito, com piscina, sala de jogos e uma pequena quadra no fundo.

Todos estavam iguais, com aquele uniforme ridículo - que inclusive eu fui obrigada a usar -, estávamos parecendo carteiros; todos de amarelo e azul. Patético. Pelo menos o meu era um cropped ao invés daquela camiseta horrível.

- Prestem atenção. Vocês vão poder subir agora para tomar banho e se arrumar. Mas antes passem na recepção para olhar em qual quarto estão, pois será compartilhado com outras pessoas.

Todo mundo começou a falar junto com a diretora.

- Vocês terão um jantar de recepção aqui no hotel e depois disso, podem passar o resto da noite na sala de jogos ou no quarto de vocês. - ela voltou a falar como se nunca tivesse sido interrompida.

- As regras são claras e óbvias: não é para saírem sem a supervisão de um dos funcionários. É terminantemente intolerável brigas. Onde um for, todos vão. Nós somos um grupo e ninguém vai andar sozinho - ela falou com firmeza -, e todas as regras da escola também se aplicam aqui. Se alguma dessas regras for quebrada, é suspensão na hora e passa o resto da viagem no hotel.

Todos pareceram receosos ao ouvir as consequências.

Fui buscar o papel falando em qual quarto tinha sido escalada.

N°: 63

Alone Nicols
Amora Costa
Ana Carolina

Eu já sabia que seria em ordem alfabética, mas aquelas meninas tinham cara de loucas e eu nunca falei uma palavra com elas.

Peguei a chave e entrei no quarto. Elas estavam conversando animadamente e eu tive vontade de fugir enquanto podia.

Elas ficaram quietas e me olharam enquanto jogava a mala em cima da cama.

- Oi, acho que a gente nunca conversou antes. Mas eu sou a Amora - ela estendeu a mão.

Sorri amarelo. Será que o Matias estava perto? Eu precisava fazer um pedido de socorro.

- Alone - respondi sem tocar na mão dela.

Ela abaixou a mão devagar, constrangida.

- Eu sou a Ana Carolina e nós nunca conversamos também. Você não conversa com muita gente né? Só com aquele menino cabeludinho. - a outra de cabelo castanho escuro com algumas mechas roxas e franja enrolada na testa, falou. Pude perceber também que ela estava usando uma jardineira por cima do uniforme. O contrário da outra que já tinha trocado de roupa e estava usando um short curto demais pro meu gosto.

- Aqui tem internet? Eu preciso falar com o Matias. - perguntei, ignorando a apresentação dela.

- Falando nisso, você namora aquele moreno? - a Amora voltou a participar.

Fiz que não com a cabeça. - Eu achei que namorassem. Todo mundo fala que vocês vivem abraçados pelos cantos.

- As pessoas falam muitas coisas, poucas são realmente fatos. A gente é só... amigos. - respondi sabendo que ninguém acreditava nisso. Nem eu mesma acreditaria.

- Não sei não... o jeito que vocês se olham... sei lá - a tal Ana Carolina opinou.

- Eu não vou ficar conversando sobre minha vida amorosa com pessoas que eu acabei de conhecer. - Perdi a paciência.

Peguei minha roupa para trocar depois do banho.

- Você pode esperar um pouco? É que eu já ia tomar banho. - uma delas disse.

- Que pena que você perdeu tempo se intrometendo na minha vida. - gritei lá de dentro do banheiro.

[...]

- Você poderia ter sido um pouco menos grossa com elas, né? - o Matias opinou, rindo. - Afinal, vão passar uns dias dividindo o ambiente.

- Ah, eu queria um quarto só pra mim. - choraminguei.

- Bom, no meu está bem pior, acredite. Um deles é o Ravi, que pediu para trocar de quarto. E eu estou com medo dele me matar sufocado num travesseiro no meio da noite.

- Pelo menos você iria morrer dormindo. Eu vou morrer de raiva.

Rimos enquanto descíamos as escadas do hotel. O jantar parecia ótimo e uma fila enorme nos esperava.

O jantar estava uma delícia, mas eu estava cansada por ter passado tantas horas naquele carro, então assim que terminei, me despedi do Wilians e voltei para o meu quarto. Agradeci mentalmente por elas ainda não estarem lá quando eu cheguei e tentei dormir antes que voltassem.

Alone Por Alone Onde histórias criam vida. Descubra agora