O fio de um desejo

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Lucy POV

Já era de dia quando abri novamente os olhos, me senti cansada, como se houvesse caminhado por muito tempo. Mas estranhamente estive sempre deitada, então não havia como estar cansada fisicamente.

- Zeref... -chamei.

- ... Lucy. Eu estou aqui.

Segurei firmemente o pingente.

- Eu prometi que seria forte e tinha confiança nisso... Mas...

Parecia que algo dentro de mim quebrou. Não, estava quebrado faz tempo mas aguentei. Aguentei e fingi que tudo estava bem.

Mas não estava bem, eu não estava bem. Não poderia aceitar que todos os meus amigos, todo o meu mundo morreu e sobrevivi sozinha. 

Que eu amei e esse amor simplesmente foi obrigado a deixar para trás. Tentei aguentar. Mas meu bebê inocente também morreu. Meu pequeno milagre evaporou e sobrou mais nada nesse mundo estranho.

E até mesmo matei uma outra vida assim que cheguei. Tudo isso fez algo colapsar.

Sei que preciso me levantar... Mas... Talvez... Estou um pouco chateada... Apenas um pouco triste, então por favor, me perdoe por ficar deitada.

Eu vou me recuperar. Apenas... Quero ficar um pouco mais aqui.

Um suspiro escapou dos meu lábios.

A entrada da barraca farfalhou, não olhei para quem entrou agora. Apenas encarando o teto. 

- Lucy Knightwalker.

Uma voz fria murmurou meu nome. Que não era bem o meu nome, e sim o nome que roubei. Mas a voz era estranhamente familiar. 

Minhas pupilas tremeram.

Uma sombra grande se aproximou. Movi brevemente meus olhos, me deparando com um rosto escondido sob um capuz obscuro. Mas pelo ângulo de baixo, pude ver seu cabelo negro e íris rubis.

- Você... -murmurei, com os olhos arregalados. 

- Há... Eu sabia que desde o começo essa cooperação ia dar errado -ele murmurou algo incompreensível. Seu tom amargo foi muito discernível.

- Cooperação?

- Lucy Knightwalker. O que você sabe?

Sua voz cheia de hostilidade me tomou de surpresa. Um sinistro sentimento deu calafrios em minha espinha. 

- Responda -o seu tom baixo e cruel ressoou nos meus ouvidos.

- Eu... Do que você está falando?

- Vai dizer que não sabe?

Ele se aproximou mais. Me esforcei para me sentar e encará-lo. O rosto dele era familiar. Alguém que eu senti falta. 

Mas sua expressão acusadora foi muito desconhecida. 

Seus dedos longos apareceram por baixo das longas mangas da grande manta. Suas sobrancelhas franzidas me encararam com desgosto e nojo. E então a mão dele subiu até meu pescoço.

- Sua cara me faz querer vomitar. Mas mais do que isso, o que mais me dá raiva é você continuar respirando, sem se redimir dos pecados, vivendo tão tranquilamente por aí.

Seus dedos apertaram meu pescoço lentamente, me sufocando pouco a pouco.

- Eu... Espera...

- Não importa quem você seja. Lucy Knightwalker, você acaba de ultrapassar os limites!

- Limites...?

- Você se lembra. Você conhece esse nome. Mas o dono desse nome morreu.

Franzi as sobrancelhas para ele. Que nome?

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