Caminhantes

A definição de Família

Lucy POV

Quando abri os olhos, a primeira coisa que vi foi o teto da tenda. Me senti estranhamente cansada. Como se não houvesse dormido, mas com certeza dormi. Fiquei fitando aquele pano meio encardido cor de areia, ele com certeza não era impenetrável, pois a luz do sol o iluminou brilhantemente.

- Você acordou?

A voz ao meu lado me surpreendeu como uma sombra, me deparei com os olhos negros de um corvo. Suas penas lustrosas são limpas e brilhantes, ao encarar aquele pássaro, por alguma razão me senti estranha.

Peguei a ponta do meu cabelo com os meus dedos que penicam minha orelha. É áspero e meio secos. Provavelmente cheia de pontas duplas. Não pude deixar de franzir as sobrancelhas.

Por que as penas de um pássaro parecem muito melhor cuidados? Você tem um shampoo e um condicionador por acaso Zeref?

Divide comigo!

Me sentei e senti uma tontura passar pela minha cabeça.

- Agh... -fechei os olhos e passei minha palma no rosto, o frio da máscara gelou um pouco meus dedos.

- ... O que foi agora?

- Sinto como se tivesse corrido uma maratona. 

- ... Talvez não seja muito diferente disso...?

- O que você quer dizer com isso?

O bico do corvo apontou para a entrada da barrada, pensativo.

- Aconteceu algo? -o encarei, sem entender muito bem.

- ... Talvez, uma barata gigante tenha entrado ontem de noite e deixado um objeto amarelo por aqui.

Sua frase enigmática foi esquisita.

- Uma barata gigante?

- Sim, bem preta.

Algum tipo de memória estava sendo puxada no fundo da minha mente. Por que me sinto familiar com isso?

Porém, antes que eu conseguisse me lembrar, uma voz alegre invadiu minha barraca.

- Bom dia Lucy! -uma cabeleira ruiva sorriu igual um sol destemido.

- É a Scarlet -Zeref observou, empoleirado em cima de uma cadeira de madeira.

- Ugh... E o corvo.

O rosto antes iluminado se tornou em carranca cheia de desgosto, então ela se virou para mim e murmurou.

- Lucy, você pretende criar esse corvo?

- ... Criar...

Olhei rigidamente para Erza. 

Você diz para ter Zeref, o mago negro das escuridões malignas como um bichinho de estimação....?

Por que você está insistindo nisso!?

- Ele não é de estimação! Ele... Ele... É meu amigo!

O rosto de Erza que estava estranha, se tornou pasma. Então pareceu que lágrimas iriam transbordar de raiva, frustração e impotência.

- V... Você nunca me chamou de amiga, e vai chamar um pássaro da morte de amigo!?

A acusação dela tinha vários pontos de chateação.

- A... -fiquei boquiaberta, sem saber o que dizer.

Não só isso, o próprio Zeref me encarou. Seu olhar também parecia estranho. 

Ei! Não me encare assim!

- ... Erza, você... -comecei a suar frio com os olhos queimantes dela, sinto como se fosse fazer um buraco na minha cabeça- Não me chamou de sua irmã?