O Segredo Por Trás do Sorriso Falso

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Lucy POV

Meu corpo inteiro dói, minha cabeça lateja. Assim que abro os olhos, minha respiração pesa fundo e profundo.

Estou no chão. Olho para o meu corpo o máximo que consigo, com a bochecha colada naquela areia quente. Estou tão cheia de fuligem e cortes. Rodeada por pedaços de vidros. Com esforço, alguns pedaços de vidro caíram tilintando quando me sentei.

Como parei no chão? Eu estava num lugar tão alto...

Ergo meus olhos e minha respiração para, por um minuto.

As paredes de areia estavam rachadas e se esfarelando, seus cilindros todos quebrados. À minha volta, cheio de sangue e corpos espalhados. Muitos cadáveres, sejam de magos ou dos encapuzados, nenhum berrava ou sibilava mais, estavam mortos. O fogo tombou das tochas e usavam estes corpos como alimento, os cremando. Um cheiro forte de carne queimada emanava o ar, misturado com a essência de ferrugem que o sangue tinha.

Meu estômago revirou. Algo pegou meu pé, quando virei o meu rosto para encará-lo, um homem com os olhos arregalados de medo me implorou:

- Me ajude... -sua voz era pesada. Seu rosto estava vermelho e esfolado, sem pele, enquanto a parte de baixo de seu corpo estava ainda sendo queimado. Meus olhos marejaram. A cabeça dele tombou sem vida e eu me afastei rapidamente. Me levantei.

Ao ficar de pé, minha visão se tornou mais ampla. Olhei que a quantidade de corpos era tanta que eu não teria nem a possibilidade de conseguir imaginar quantos haviam perecido esta noite. A cruz pegava fogo e labaredas devoravam feliz o pedaço de madeira. Mas então parei.

Na frente da cruz em chamas, uma mulher de cabelos brancos estava de pé, encarando um homem baixinho. Essa mulher estava de lado para mim, mesmo assim eu percebi. Não a conhecia, e ao mesmo tempo, sei quem ela é.

- Oh... A calamidade -sorriu o xamã, com os olhos marejados- Zeref é nossa bênção... Espalhe a dor... Espalhe o ódio... Faça com que as injustiças do mundo sejam queimadas com as labaredas do medo! Assim como levaram a do meu filho... Leve a vida desse mundo...

- Seu filho? -sussurrou a mulher, friamente- É por isso que fez todo esse cenário?

- Você nunca entenderá. Você, oh! Ser desprovido de sentimento, ser depravado que Deus Negro nos deu, não lhe foi concebido um coração...

- Oh? É mesmo? -perguntou ela em tom entendiado. E sem mais nem menos, fincou a mão no peito do homem, ele tossiu sangue e nas mãos dela, estava um coração ainda pulsante. Logo ela jogou o pedaço de carne para algum canto, desinteressada- Que idiota.

Não pude conter a minha pulsação desenfreada, estava nervosa. Apertei uma mão na outra e respirei fundo.

- M... Mira...? -chamei, temerosa.

Os olhos azuis se viraram para mim. Mirageene Strauss estava em uma de suas formas Satan Soul. O sorriso que ela deu, me arrepiou. E na bochecha dela, a queimadura que se transformou em uma tatuagem de um demônio de chifres com um símbolo de uma estrela pentagonal.

- Ora, ora, uma gatinha assustada fugiu do massacre? -riu ela, esvoaçando o longo cabelo e caminhando para mim- Como fui descuidada!

Minhas pernas tremiam, está difícil de respirar por causa da fumaça.

- M... M... Mira... Por favor... -murmurei, com minha voz falha.

Ela riu baixinho. Uma mulher assustadora e grande era quem estava na minha frente, não a Mira. Ela ergueu a mão de garras e abriu um sorriso maior. Eu virei o rosto e ela me arranhou criando cortes profundos no braço que ergui para proteger minha cabeça. Um impacto que me fez cair para trás. Minha mente gritava para correr, mas meu corpo não obedecia, ele apenas... Tremia inutilmente.

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