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📍Nova York, NY

Levantei a cabeça do celular assim que eu ouvi o barulho de portas batendo. Estávamos na frente de uma pequena casa de dois andares, em uma rua agitada de Nova York.

Olhei para o lado bem na hora em que Aidan saia do banco do motorista.
Segui o mesmo, saindo pela porta e sentindo o vento gelado de inverno chegar até meu rosto. Os barulhos que eu escutava eram vários: de carro, buzina, vento, portas abrindo e se fechando e as vozes dos meus amigos.

Os ajudei a tirar as malas do porta-malas, colocando-as na frente da escadinha que dava acesso a casa dos pais de Millie. Já estava quase acabando, quando escutei umas vozes.

Levantei o olhar e duas pessoas de idade mais avançada estavam lá. Os pais de Millie, eu presumi. Os cumprimentei e os ajudei a levar nossas malas até o corredor inicial da pequena casa.

- Fizemos um jantar. - A mãe diz, e seu rosto se clareia depois que Aidan aparece na sua frente. - Aidan, meu filho! Que saudade eu estava de você.

Quando a mãe de Millie diz essas palavras, me viro para trás na mesma hora. Eles pareciam amar Aidan, como se conhecessem ele a séculos.

- Aidan fez o último ano do ensino médio aqui. - Brooke sussurra no meu ouvido. - Foi onde ele conheceu Finn e Millie. São melhores amigos até hoje.

As malas foram deixadas no pequeno corredor da casa. Caminhei com o grupo de jovens até uma mesa de oito lugares. Ela estava farta, do início ao fim. E no dia de Ação de Graça ainda teria mais coisa.

- Papai, Mamãe, essa aqui é a sn. - Millie me apresenta assim que todos nós nos sentamos na mesa. - Ela é vizinha de Aidan e conhecemos ela assim.

- Muito obrigada por me receber aqui, Sr. e Sra. Brown.

- Deixe de mordomias! Pode nos chamar de Kelly  e Robert. - A mãe de Millie sorri, e como resposta, sorrio também.

Começamos a conversar na mesa. A maioria das vezes eram todas as pessoas querendo me conhecer melhor, já que eu nunca fui muito aberta com eles. Respondi a maioria das coisas que me perguntaram, e momentos depois, mudamos de assuntos diversas vezes.

Meu celular vibrou no bolso do meu moletom, e ao pega-lo, vi o nome de Caleb brilhando no visor.

- leb, eu estou jantando agora. - Digo baixinho na ligação, mas escuto todos pararem de falar. Caleb responde um "então ligo mais tarde" e desliga.

- Seu namorado? - O pai de Millie pergunta. Solto uma risada.

- Não. - Rio em resposta. - Somos só amigos.

- Ele é do time de basquete. - Millie sussurra, como se fosse um segredo. Do outro lado da mesa, Aidan tinha uma cara bem feia. Segurei o riso. - Não é legal isso?

Todos na mesa riem. Volto a comer, e no final, arrumo a mesa junto com os pais de Millie enquanto todos os outros arrumavam a casa para a nossa estadia. A mãe dela quase me fez sentar no sofá quando eu peguei os pratos em mãos, mas eu falei que ajudaria.

- Eu gosto de ser prestativa. - Digo, colocando tigelas na pia e tirando o mais grosso, as colocando na lava-louças depois.

- Você não é só amiga do Aidan, não é?

Gelo com essa pergunta. Me viro para ela, não querendo transparecer o susto que levei.

- Só sou amiga dele. - Digo, enxugando alguns copos e colocando nas estantes. - Na verdade, não nos damos muito bem. Brigamos toda vez que algum de nós decide abrir a boca.

- E isso não é amor?

- Não, definitivamente não. - Respondi, calma. - Fui criada em um lar onde eu vi discussões e brigas, e tenho certeza que isso não é amor.

De forma educada, me retirei da cozinha e comecei a procurar por Millie, já que eu ainda não saberia onde eu iria dormir nessa noite.

[...]

- Você vai dormir aqui, tudo bem? - Millie diz, me levando até o sofá. - Os outros quartos estão todos ocupados. Mas fica tranquila, o sofá é retrátil e super confortável. Eu vivia dormindo aqui no ensino médio.

- Tudo bem Millie - Solto um sorriso. - Pode ficar tranquila.

Ela sorri, e volta para o pé da escada. Muito provavelmente estava subindo para ficar no quarto dela com Melanie. Me sentei no sofá, pegando o controle da TV em mãos e colocando na Netflix. Millie disse que não tinha problema nenhum em assistir algo se eu quisesse.

Estava escuro, e eu não vi quando Gallagher descia as escadas. Me assustei com o breu dele, e virei minha cabeça rapidamente para a direita. Ele usava uma camiseta branca e uma calça de moletom. Mesmo pijama de sempre.

- O que você tá fazendo aqui? - Eu pergunto, tentando achar algum filme no catálogo.

- Vou dormir aqui. - Ele diz.

- Não vai não.

- Vou sim. - Ele aponta para uma portinha abaixo da escada. - É um mini-quarto. E é ali que eu vou dormir.

- Eu estou começando a odiar essa viagem. - Digo. - Ela deveria ser pra ficar longe de você, Aidan. E acho que isso não está funcionando.

Ele ri. Sim, ri. Aquela risada de escárnio dele que eu tanto odiava, mas que, infelizmente, o fazia ficar mais desejável. Com os olhos em chamas, viro meu olhar para Aidan, que ainda tinha resquícios da risada que ele acabara de dar.

- Eu acho tão incrível o fato de que você quer ficar ao meu lado. - Ele diz. - E cara, você nem esconde isso.

- Não escondo o que? O ódio que eu sinto por você?

- Ai sn... - Aidan começa a andar até o sofá, se sentando. Ele suspira, encostando a cabeça no encosto. - As outras garotas estariam me atacando agora. E você só sabe me xingar.

- Faço isso porque não sou tão burra quanto elas. - Suspiro - Quanto ela.

Quando cito "ela", vejo o olhar de Aidan se perder, mas não de forma boa. Ele volta a se sentar no sofá, e tenta decifrar o que eu tentei falar com aquilo.

- Pelo menos ela tá aproveitando.

- Aproveitando o que, meus restos? - Digo. - Me lembre de levar uma marmita pra ela depois.

- Você não presta. - Ele diz, se levantando do sofá com raiva.

- Que continue assim! - Grito, mas Aidan já estava trancado dentro do quartinho debaixo da escada.

𝟱𝟬𝟱 ✗ aidan gallagher (hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora