O celular, que até segundos atrás se encontrava nas minhas mãos, agora repousava ao lado do meu pé, em cima do chão acinzentado da casa dos pais de Millie. Já meu choro, foi aumentando gradativamente.
Primeiro uma lágrinma solitária, e quando vi, meu mundo inteiro já estava desabando bem no meu rosto.Não, de novo não.
O barulho se fez tão grande, que a luz do quarto de Aidan se acendeu. A luz da escada também se acendeu, e de repente, uma sombra preta se fez presente diante de mim. Foi tudo muito rápido. Eu não conseguia me mexer. Senti minhas pernas ficarem fracas, e quando eu vi, estava estirada no chão gelado.
- Sn! - ele diz, correndo até minha direção. Meu choro não cessava um segundo sequer. - Porra, sn...
Os braços de Aidan passaram por debaixo do meu corpo, mas ele não fez menção de se levantar. E em vez de falar algo, eu continuei ali, deitada, chorando com todas as forças do meu corpo. Me agarrei a cintura dele, e dali, não soltei mais.
- Puta que pariu! - a voz de Millie se fez presente nos meus ouvidos. Com a minha visão limitada por conta das lágrimas. Vi quando a morena se aproximou de todos nós. - O que aconteceu aqui?
- Eu não sei... - Aidan volta a dizer. Confuso, com medo, morrendo de ansiedade. Ele estava assim. - Ela já tinha caído quando eu cheguei.
- Eu vou buscar gelo. - Millie diz aos fundos.
Finalmente, os braços de Aidan me rodeiam e me levantam do chão gelado. Ele se senta comigo no sofá, e como um bebê coala, eu me agarrei a cintura dele, novamente, com toda a minha força possível. Voltei a manchar a camiseta branca dele de lágrimas.
- Eu acho que ela bateu a cabeça. - Escuto a voz dele, e de relance, sinto a mão de Aidan se desencostar de mim. - Merda, ela está sangrando!
Me aninhei mais, e as lágrimas caiam e caiam. Meu peito subia e descia, e eu não estava com condições de falar nada. Eu não conseguia falar nada. Eu estava tendo uma crise de pânico. E eu torcia para que Aidan não tivesse uma também, porque do jeito que o coração dele estava batendo, era capaz dele morrer.
Agora, como desde antes, eu chorava na camisa branca de Aidan, suja de sangue. As pessoas estavam agitadas dentro de casa, trazendo toalhas e remédios, tentando ao máximo me deixar calma. Merda.
- Eu não consigo... respirar...
Usei toda a minha força para conseguir sussurrar isso. Aidan me olhou assustado, com a boca sôfrega como se tivesse acabado de correr uma maratona com obstáculos. Ele estava nervoso, morrendo de medo.
- Porra! - ele grita, a expressão mudando de preocupação para medo. - Louis, pega a chave do carro! Você que vai dirigir.
É escutado passos pela casa, e Aidan levanta seu corpo do sofá. Ao abrir a porta, o vento gelado de
Nova York me abraça, e eu me aconchego mais ainda no colo do mais velho, procurando uma fonte de calor onde eu podia me aquecer.Entramos no carro segundos depois, e Louis já cantava pneus em uma velocidade absurda. De repente, U2 começou a tocar no rádio, e eu lembrei, lembrei daquela vez. Eu e ele juntos no carro dele, escutando "All I want is you" no maior volume, cantarolando a letra que sabíamos de có e salteado, de trás pra frente. E porra, tive mais vontade de chorar.
Tentei focar na música, e lembrar dos acordes que Millie um dia me ensinou. Mas não consegui, porque senti as mãos de Aidan me puxando pra realidade. Me trazendo para perto de si, para o calor do corpo dele. As mãos firmes de Gallagher me rodeiam, enquanto eu levo meu olhar para os olhos dele.
- Sn, eu prometo... - ele começa a dizer, e uma pausa dramática é dada. - Não vou deixar nada acontecer com você. Você vai ficar bem, Minha Novata.
Aidan cola nossos lábios em um beijo rápido, para que Louis não veja. E ali eu apago, escutando minha música favorita do U2.
[...]
Acordo em uma sala branca, muito clara. Demorou para as minhas pupilas conseguirem se adaptar a claridade da luz daquele local, mas instantes depois, eu já conseguia ver as coisas bem.
- Sn? - olhei para o lado, e Millie estava sentada na cadeira de visitas ao lado da minha maca. - Meu Deus, ainda bem que você acordou.
Os olhos de Millie estavam inchados, como se ela tivesse passado a noite chorando. A morena segurou em minhas mãos gélidas, e agradeceu aos céus por finalmente ter me visto acordar.
- Não! Vocês não entenderam, eu preciso ver ela!
A voz de Aidan. Aquela era a voz dele. Olhei para frente, e ele estava sendo barrado por médicos e seguranças. As veias do pescoço saltadas e o rosto vermelho, desesperado para conseguir me ver.
- Sn! - ele grita, assim que me vê. Mas tarde demais. As portas foram fechadas.
- Não... - tento dizer. - Pode deixar ele entrar. - Millie me olhou confusa, mas instantes depois, me obedeceu.
Aidan apareceu no meu campo de visão mais calmo, mas mesmo assim ainda muito preocupado com o que havia acontecido.
- Você está bem? - ele diz, se ajoelhando ao meu lado e segurando minha mão com força. - Eu juro sn, eu nunca vou me perdoar, você caiu e eu não consegui te segurar.
- Ei! - O corto. - Não foi culpa sua. Recebi uma ligação e eu tive uma crise de pânico.
- O médico falou que você está desnutrida, sn. - ele fala baixinho, perto do meu ouvido. - Porra, é por causa de mim?
Um silêncio se fez naquela sala, e eu podia escutar os pensamentos de Aidan daqui. Queria dizer que eu sempre tive esses problemas, mas infelizmente, parcela do meu surto de ontem também vem da minha discussão com ele.
- Eu vou ficar bem. - suspiro. - Mas não quero mais te ver por aqui Aidan, sabe, não quero me dar esperanças...
- Eu te entendo. - ele conclui. - Eu vou embora daqui assim que puder. Só..não suma ok?
- Eu não vou sumir bobinho. - tento dar unma risada, mas a minha cabeça lateja de dor. - eu vou continuar sendo a sua vizinha.
Aidan se despede de mim com um pequeno aceno, e se dirige para fora da sala. Depois, perco-o de vista, e os nossos amigos aparecem dentro do apartamento do hospital.
- Você vai receber alta hoje mesmo. - Millie diz ao meu lado.
- Que horas são?
- Seis e vinte e cinco da manhã. - É a vez de Partridge responder, segurando o celular em mãos. - Passamos a noite aqui.
- Eu...eu ainda preciso ver meus pais hoje. - digo, sem pingo nenhum de felicidade. Se eu não fosse ver minha mãe, ela e Roger iriam atrás de mim na faculdade. E de longe, não quero isso.
As pessoas continuaram a conversar junto comigo, mas eu estava muito aérea. Não sei se por causa dos remédios, ou por causa da briga, ou por causa dele.
Mas eu tinha certeza: minha cabeça poderia estar em qualquer outro lugar, mas eu ainda pensava nele. Ainda pensava nele aqui comigo.
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𝟱𝟬𝟱 ✗ aidan gallagher (hiatus)
Fanfiction손 ˖ ✹ ࣪˖ ❛ 𝟱𝟬𝟱 𔘓 🎸 ◗ 𔘓 𖥻 𝖺𝗂𝖽𝖺𝗇 𝗀𝖺𝗅𝗅𝖺𝗀𝗁𝖾𝗋 𝖿𝖺𝗇𝖿𝗂𝖼𝗍𝗂𝗈𝗇❕𓂃 ࣪˖ 𖦹 𐄪 ❝ Ficando longe do quarto 505, você não se apaixona pelo guitarrista da banda. ❞ Foi a primeira coisa que falaram para sn assim q...