I Need U - Jikook

20. Sútil; Sutil.

Ao observar uma manhã calma, ensolarada, costumamos nos sentir acolhidos, mesmo que em céu aberto. A briza e os raios de sol que inundam o ambiente trazem o calor e a paz que qualquer um procura, mesmo que sutilmente. Algo assim, minimalista, é o que move o ser humano. Procuramos pelo óbvio, e esquecemos o que está ali já, o que não se mostra fácil, mas que já existe. A obviedade corrompe os sentidos humanos.
O ato de dar uma flor, colhida na rua; elogiar a voz ou uma característica de alguém são exemplos de demonstração sutil. Não é preciso gritar para o mundo inteiro ouvir o quanto você ama a pessoa, basta apenas demonstrar assim, mesmo não sendo óbvio demais. Você tem que cultivar o amor, e esquecer a paixão.

— Jimin, e se a gente passasse o dia juntos amanhã? – Jin estava no quarto, junto com o rapaz, que já se encontrava na cama. Sentado ali perto, lendo uma história, Jin contemplava coisas que eles não sabia. Devaneava, sem pensar em nada em específico.

— Jin não trabalha amanhã? – Jimin estava levemente sonolento, mas mantinha-se acordado para escutar a história que seu amigo lhe contava.

— Não. Vou tirar um dia de folga. Nós dois merecemos, não é?

Já fazia algum tempo que a rotina na casa não era compartilhada entre os dois. Jimin estava tendo mais contato com Jungkook, aprendendo mais com ele, e Jin sentia como se não estivesse cumprindo seu dever. Ele estava se vendo como um pai, um pai que queria dar a melhor educação para seu filho.
Em um breve sinal de concordância, Jimin afirmou que gostaria de passar o dia junto de seu amigo e então, adormeceu. Jin logo saiu do cômodo e se dispôs a arrumar algumas coisas ali. Queria que o dia seguinte fosse muito bom.
Cesta feita, chocolates separados, brinquedos escolhidos. Jin planejava uma manhã calma, uma tarde brincalhona, e uma noite serena com seu companheiro. Sutilmente, ele se colocava em uma posição agradável e doce; ao cuidar, pensar e planejar em tudo, a figura paterna que Jin queria ser se mostrava, se deixava levar. Ele é um bom pai. Verdadeiramente.

Uma noite calma pairou sobre a cidade. Não ouve alertas, bagunça, sequer um único barulho que estragasse o clima bom dali. Tudo estava tão sereno.
Jungkook dormia como um anjo em sua casa, sem brigas, sem machucados, apenas um rapaz que procurava paz, e a encontrava todas as manhãs ao sair de casa. Hoseok e Yoongi dormiam abraçados, com Jung sendo o que abraçava por trás. Uma música calma tocava no quarto, o rapaz não dormia sem, e noite ou outra, Yoongi acordava para desligar; mas as vezes, deixava para fazer isso no dia seguinte. Taehyung não dormia cedo, mas gostava de aproveitar as energias da madrugada após colocar sua pequena irmã para dormir; bebendo um bom vinho, pensando em coisas que se misturavam em sua mente e acabavam não fazendo sentido nenhum; é, por fora, super sério e concentrado, mas por tudo, uma bagunça engraçada. Namjoon passava horas em seu celular, vendo vídeos de receitas, asmr e coisas aleatórias; mas acabava pegando no sono na metade de algum vídeo, e dormindo tão bem quanto qualquer outra pessoa.
Tudo corria bem. Tudo deveria estar assim. Não haveria turbulências.

No raiar do sol, os primeiros sinais de luz natural entraram por cada janela deixada aberta, acordando gentilmente a todos. Jimin despertava sem ajuda de nada, apenas por hábito; em pulos, fez o que tinha que fazer e foi para a cozinha, onde Jin terminava de arrumar tudo, com um sorriso no rosto.

— Jimin, bom dia! – Ele sorriu, terminando de montar algo no prato. — Senta aí, vamos comer.– Assim que terminou o que fazia, dispôs dois pratos na mesa, e em um deles havia um sanduíche em formato de urso.

— Bom dia. Uau, é um ursinho, Jimin ama ursinhos! – O rapaz sorriu. Ambos sorriram. Era um ótimo começo de manhã.

Após terminar, o destino foi o parque mais belo e calmo da cidade. 15 minutos de carro, e de um Jimin observando e tentado ler outdoors, placas e tudo o que via pela frente. Coca-Cola tornou Coça e cola, ele não aprendeu sobre o tracinho do meio; Apple virou Apiple; Shopping, Chopingui. Uma bagunça de letras, e um rapaz feliz por estar lendo, enquanto o outro dirige rindo. Cada palavra lida, era um espetáculo.

— Olha, olha, Jimin sabe ler. Você escutou? Jimin conseguiu ler!

— Jimin leu! Mas o que significa?

— Jimin não sabe como que fala... Ah, passou.

— Devagar, devagar, Jimin quer ler.

E lá ia Jin desacelerar o carro, para que o menino conseguisse ler. Errado, mas lia.
Jin estava começando a entender que amava Jimin. E sutilmente demonstrava isso. E é assim que deve ser, ele não queria forçar nada, não queria perder a magia, e não estava perdendo. O amor é a segurança, a gentileza, sem frio na barriga, sem nervosismo, o amor é longo. O de um pai, então, dura a vida inteira, e sem peso algum, e era esse o amor que Jin cultivava. Paterno.