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A casa estava silenciosa, sinal que o alfa não havia chegado ainda. O ômega entrou, fechou a porta e sentou-se no sofá. Olhou para a TV várias vezes, cogitando ligá-la; até que o fez, afinal, aquele homem não estava em casa.
A primeira coisa que apareceu na TV foi um canal de animes, desenhos que Jimin não via desde que sua mãe se fora. No momento, estava passando One Piece, o que deixou o rapazinho animado. Não mexeu em mais nada, ficou ali, apenas assistindo.

Enquanto isso, Jung, o pai de Jimin, tentava arrumar um emprego. Sim, foi isso mesmo que você leu; um emprego! Mas, não vamos nos enganar, ele pensava totalmente nele, e no dinheiro das suas bebidas. O verme não estava nem ai pro filho, muito menos para suas necessidades.
Totalmente sem sucesso, o homem já estava desistindo, até que parou em frente a um restaurante. Ali na porta havia um anúncio, informando que estavam contratando. Ótimo, uma boa oportunidade para ele, que não perdeu tempo e entrou.
Olhando para todos os lados, procurava alguém que pudesse ajudá-lo, e francamente, muitos queriam que ninguém aparecesse, não é mesmo?
Para sua sorte, um garçom veio até ele, e assim que soube a intenção do mesmo, o guiou até a sala do grande CEO, que por acaso estava ali. A sala era em cores neutras, assim como todo o restaurante, o tal CEO o recebeu em silêncio, olhando alguns papéis. Jung, como era, estava impaciente e levemente irritando, já que parecia ser invisível aos olhos do outro.

— Muito bem. Pode preencher esse 'currículo'? – Por fim perguntou, levantando o olhar e o direcionando ao alfa. Pelos odores, Jung percebeu que se tratava de um ômega, patético para ele.

Sem dizer nada, pegou o papel, a caneta e se sentou, começando a preencher cada pergunta. Ao terminar, olhou para a parte superior da folha.

                  Orion's Restaurant Ltda
                       CEO Kim Namjoon

Então, Kim Namjoon, um ômega evidente, seria seu chefe? Onde o mundo foi parar?
Entregou a folha, e viu quando o rapaz começou a ler em voz alta as perguntas e suas respectivas respostas.

— Seu nome, Park Jung. Idade, 45 anos. Bebe? De vez em quando. – Namjoon deu uma breve olhada para Jung, antes de prosseguir. — Fuma? Não. Antigo emprego, braço direito do CEO da YG Advocacia. Família, não tem.

Após uma breve pausa, Kim o olhou novamente, suspirou e deu ser parecer.

— Vejo que não tem experiência na área da alimentação, então irei empregá-lo como segurança, certo?

— Sim. – Não, nada certo. Que cargo baixo para alguém como ele.

— Muito bem, fale com Chanyeol, ele lhe dará as informações necessárias.

Jung se levantou e se curvou, minimamente para falar a verdade, para ele era humilhante se curvar a um ômega, alguém tão inferior a ele. Saiu da sala e lá perto viu outro rapaz, alto e bonito (para nós, porque Jung nunca acharia outro homem bonito), com certeza era um beta.
O moço se aproximou, curvou-se e tratou de apresentar-se.

— Sou Chanyeol, Park Chanyeol. Bom, já estou a par de algumas coisas. Começa amanhã, e seu uniforme estará nos armários, não é preciso vir vestido com ele, pode se trocar aqui.

Depois de várias informações, Jung foi embora. Por um momento pensou que estava livre, mas se lembrou do filho, o empecilho que morava com ele. Esperava que o mesmo não tivesse tocado nas suas coisas.
Para o azar de Jimin, que estava distraído, o alfa resolveu apressar o passo, afim de chegar em casa mais rápido. O ômega estava tão disperso que nem sentiu feromônios, nada do tipo. Jung se aproximava cada vez mais de seu destino, parecendo estar cada vez mais irritado, e olha que nem havia visto o pequeno.
Ao chegar na esquina de sua casa, felizmente Jimin pode senti-lo, seus odores eram fortes como sempre. O ômega desligou a TV, deixou o sofá do jeito que estava e correu para seu quarto. Com muito medo de apanhar, tentou fechar a porta arrombada, e novamente se encolheu ao lado da cama. Escutou o pai chegar, e depois, o silêncio.

— Jimin não quer apanhar. – sussurrou.

Se concentrou e conseguiu escutar o homem rir, o que o fez ficar confuso. As risadas estava ficando mais próximas, até que ele viu o alfa entrar no quarto.
Sem mais nem menos, Jung foi até o guarda-roupa de Jimin e jogou suas roupas para fora. Voltou seu olhar ao menor, que continuava encolhido e então, andou até ele, agachando-se.

— Eu não sou burro, e estou cansado de Você. Te dou dez minutos para pegar suas coisas e sumir da minha vida.

Se recompôs e foi até a porta.

— Dez minutos. – Emitiu um grunhido baixo.

Jimin estava atordoado, mas assim que conseguiu se levantar, começou a guardar um pouco de suas roupas. A maioria eram velhas e estavam rasgadas, pegou as melhorzinhas e as juntou, colocando numa pequena bolsa.
No meio desse tempo, raciocinou que teria de ir embora dali, ir para a rua. Foi até a janela e focalizou o céu, se escurecendo aos poucos. Se lembrou que sua mamãe dizia que era perigoso para ele, sair tão à noite, e que os alfas poderiam fazer coisas com ele. Coisas.

Pegou a mochila e saiu do quarto, desceu as escadas e encontrou seu pai na sala.

— Até que foi rápido, verme.

O homem o olhava com nojo, desprezando o próprio sangue. Andou até ele, segurando para não descontar tudo naquele moleque.

— Suma. – disse entre dentes.

O menor se assustou, engoliu seco e foi até a porta. Seu olhar estava em seu pai, que parecia feliz em vê-lo ir finalmente. Jung estava perto e, quando Jimin pensou que ele fosse voltar atrás, o homem simplesmente fechou a entrada na cara do rapaz.
Pequenas gotas de lágrimas saíram de seus olhos. Agora na rua, Jimin olhava para o chão, sem pensar em nada, apenas sentindo aquela dor no peito.

— Jimin Jimin não tem pra onde ir. – novamente sussurrou, não ousava levantar a voz.

Mesmo cabisbaixo, começou a andar, sem rumo. Ele estava só.

I Need U - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora