PRÓLOGO

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Aliens do meu coração, uma leitora me pediu um conto que tivesse uma protagonista com essas características (Não sei se posso citá-la aqui, por isso não postei o nome, mas que ela se sinta a vontade pra se pronunciar). Simplesmente amei a ideia, porque até então só tivemos a Desirée... Então, cá estamos.
Dêem suas boas vindas pra "Comandante Anastácia".

Espero que gostem desse novo conto e me digam se estou acertando ou não.

Conto com vocês! Abraços 😘❤️

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Estação Espacial Interplanetária, próximo a constelação de Andrômeda

     O ano é 2.277 d.C. e a Estação Espacial Interplanetária havia chegado ao ponto mais próximo do seu destino, a constelação de Andrômeda. A missão, relativamente simples, consistia na coleta de dados dos espécimes existentes nos planetas daquele quadrante, apenas coleta, nada de contato. A estação em si era um aglomerado de metal com quilômetros de extensão quadrada, viajando na velocidade da luz. Fora construída com esforço de muitas nações e tecnologia alienígena adquirida do planeta Antaron.

     Como nós meros humanos chegamos a essa tecnologia? A resposta estava numa humana chamada Ravena, que havia assumido o trono, junto com Órion, no lugar da rainha mãe, que decidira se aposentar. O que se sabe sobre essa civilização? Quase nada! Apenas aquilo que queriam que soubéssemos.

Naturalmente a tecnologia não foi nos dado de mão beijada; tivemos que assinar termos muito rígidos para obtê-lo  e aceitar uma exigência em especial: a estação deveria ser comandada por uma mulher, exclusivamente. O que gerou muito desgosto por parte dos nossos governantes terráqueos, mas levando em consideração que Antaron possuía sociedade matriarcal, fazia total sentido que houvesse esse tipo de exigência. Desistir de algo que nos permitiria dá um salto gigantesco em nossos conhecimentos não era uma opção, ainda mais para alguns gananciosos infiltrados entre nós.

     Então, cá estava a comandante Anastácia, uma mulher geneticamente modificada no controle da nossa preciosa tecnologia, afinal não havia nenhum termo que nomeasse apenas uma fêmea com a biologia 100% humana para o comando. Por isso, foram adotadas modificações para melhoria do componente humano na mulher, de modo a aumentar sua força física, sua imunidade e inteligência natural, por exemplo. Experiências genéticas haviam dado um salto no último século, por isso era bastante comum humanos modificados, obviamente algo ao alcance apenas das elites.

     Anastácia entrara para o programa de formação de comandantes aos 10 anos de vida, juntamente com dezenas de meninas da sua idade. O treinamento intensivo foi deixando a maioria delas pelo caminho e as modificações genéticas foi o divisor de águas. Apenas ela resistiu a toda dor do processo sem sequer pensar em desistir, afinal não tinha nada a perder ou era isso ou voltar para uma vida infame ao lado de pais e irmãos que a odiavam pela cor da sua pele, graças à herança de seu bisavô, que inclusive havia sido excluído da árvore genealógica da família. Tudo isso a fez lutar para se tornar melhor em tudo. Ser indefesa? Nunca mais!

Maldita família! 

Ela amaldiçoa em pensamento enquanto põe mais peso nas barras de treinamento e inicia as três sessões de agachamento. Um fio de suor percorre seu pescoço e desaparece na abertura entre seus seios fartos. Ela era a típica garota de corpo violão, com curvas mais cheinhas. A musculação periódica era responsável por manter tudo em perfeita harmonia em seu 1,78m de altura. Após terminar os exercícios do dia, tomou um banho e lavou suas madeixas cacheadas, depois usou apenas a toalha para dar batidinhas e secá-las superficialmente. Observou sua imagem no espelho do banheiro e se deu conta de que precisava aparar as pontas, eles estavam maiores do que o habitual e gostava de mantê-los na altura do ombro. Pegou um uniforme limpo, numa tonalidade azul, quase cinza e enfiou-se nele. A calça e a blusa lhe caiam bem, valorizando suas curvas, não era o vestido de um baile, mas fazia bem seu trabalho.

A ronda até a cripta de criogenia tivera sido seu trabalho pontual nas últimas duas semanas, desde que fora despertada pela I.A. a quem apelidou carinhosamente de Ian, já que alguém resolveu sacanea-la e pôr uma voz masculina incrivelmente grave e sensual na inteligência artificial. Estava habituada a vê-las apenas com voz feminina. Foi no mínimo divertido esses dias conversando com "ele". 

— Bom dia, comandante Anastácia! — A voz de Ian reverberou assim que ela entrou na cripta. 

— Bom dia, Ian! — Ela sorriu ao responder.

— Comandante, há um registro de gemidos vindo do seu alojamento, não posso identificar do que se trata, porque meu contato visual foi impedido. Aconteceu algo que deva ser notificado?

— Bati meu pé! Nada demais. — Mentiu numa velocidade mais rápida que a da luz.

     A mulher praticamente engasgou ao se dar conta do flagrante de Ian. Os gemidos nada mais eram do que um pequeno orgasmo a qual se dera o prazer logo cedo. Sentiu uma pontada de remorso ao lembrar que se masturbara pensando e materializando como seria a I.A se tivesse uma forma física masculina. Quem lhe deu aquela voz devia estar pensando em torturá-la durante a viagem. Ah, como fazia falta um parceiro sexual. Enquanto divagava sobre esses pormenores, foi passando pelas cápsulas e checando seus companheiros adormecidos. Na verdade, nem precisava faze-lo, mas gostava de ocupar a mente. Faltava poucos dias para despertá-los e já contava nos dedos. Não gostava dessa solidão no espaço, embora esse não fosse seu primeiro trabalho. Já havia feito isso na Via láctea. Incrivelmente sempre parecia ser a primeira vez; bom, de certo modo, era isso mesmo, já que a coleta seria numa nova galáxia.

     Vistoriar mais de trezentos tripulantes demandava tempo e esforço físico, sendo que passava horas caminhando entre as câmeras criogênicas. Pelo menos isso a ajudava a passar o tempo. Não havia ainda outra forma mais segura do que viajar adormecidos. Ian fazia todo o trabalho de manutenção de suas vidas. Ela, por ser a comandante, devia despertar antes deles e fazer todo o trabalho de checagem da estação. Havia sempre um risco no despertar que não devia ser ônus de todos, então isso foi feito em etapas. 

Caminhou um pouco mais e deteve-se na câmara de seu subcomandante, o vidro transparente lhe oferecia uma bela visão do homem ali deitado; um belo exemplar britânico de cabelos loiros e olhos azuis, seu porte atlético arrancava suspiros de algumas tripulantes. Tinha de admitir, que delícia de homem! Pena que era tão arrogante quanto bonito e na maioria das vezes, apenas se suportavam. Ethan fazia questão de deixar claro que não aprovava uma mulher em sua posição. Pensar nisso a fez mostrar um sorriso amargo no rosto. Quando esses "seres superiores" se dariam conta de que mulher deveria ser tratada como uma igual?

     Apesar de tudo, se sentia com sorte pela rainha ter feito tal exigência, embora os machistas de plantão tenham defendido que nada mais era do que uma cota de inclusão para mulheres. Não importava quantos anos passasse, a sociedade da Terra continuava viciosa e podre. Vai ver que por isso nunca tenha perdido o status de planeta de passagem; raças super desenvolvidas e evoluídas se esquivavam de fazer contatos e trocas de conhecimentos com uma raça considerada medíocre, na melhor das palavras. Se não fosse por Ravena, jamais teriam chegado tão longe. Graças a isso pode dá uma "banana" bem grande pros pais que tiveram o desplante de vir vê-la depois que souberam que ela seria a mulher a comandar a estação. Simplesmente não suportou tamanho fingimento; uma família rica e poderosa que sempre a tratou como um cão de rua, de repente lhe pedia as migalhas daquilo que ela havia se tornado. Nunca lhes permitiria viajar no seu sucesso e isso não era vingança, e sim, justiça.

Continua...



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