A HERANÇA

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Anastácia estava exultante e nem mesmo um pouquinho culpada por saber que Ethan fora espancado por Liha. Queria ela mesma ter feito isso, mas foi seriamente desencorajada de fazê-lo. Havia protocolos, que mesmo uma mãe de todos deveria seguir à risca e o primordial deles, era manter-se em segurança.

— Mais para baixo! — pediu com voz manhosa para o macho que lhe fazia uma massagem nas costas.

Sólon fez conforme fora solicitado, apertando delicadamente a carne macia e desnuda de sua companheira, que gemeu em resposta. Ele era muito bom com as mãos e a fêmea sempre se dava esse luxo de uma massagem, ainda mais em dias tensos como aquele.
Hoje, Osahar e Eros estavam cuidando de seus convidados e Hélion de sua alimentação.

— Sólon, o que há com você?! — ela questiona de repente, para surpresa do macho que a atendia.

— Não há nada...

— Sério?! — ela riu por ele ser tão ingênuo a ponto de negar algo que ela sentia em cada poro da sua pele.

Após o vínculo, ela conseguia sentir qualquer mudança de humor neles, mesmo que seus semblantes permanecessem inalterados.

— Seu bobinho, você pode me falar o que está acontecendo... — ela fala se sentando na cama e acariciando o rosto do macho.

A timidez dele a deixava impressionada, embora na cama ele fosse um macho que nunca deixou a desejar.

— Os humanos estão logo ali... — disse como que para si, dando uma rápida olhada para cima.

A fêmea diante de si entendeu o que ele pretendia dizer, mas não ousava colocar em palavras. Não tinha dúvidas de que ele falava de seu povo, da estação que os orbitava naquele momento.

— Sólon, vocês são meus companheiros, onde quer que eu vá, ali estarão ao meu lado. — fala segurando o belo rosto entre suas mãos — Mas não se preocupe, esse é meu lar agora e não tenho a menor intenção de partir. — afirmou beijando seus lábios — Você não tem nada mais importante pra fazer por sua fêmea?! — desviou o assunto, derrubando-o e montando-o.

Sexo com eles passou a ser algo bem natural. Uma semana em Nebula possuía dez dias, então dedicava dois dias para cada macho e lhe sobrava dois dias de descanso, assim ninguém ficava insatisfeito. E não era um sexo básico, mas sempre selvagem, da parte dela. Os machos sempre saiam debilitados e machucados. Só agora entendia o porquê das fêmeas terem um harém, não tinha como um macho apenas, satisfazer suas necessidades ou certamente morreria. Anastácia nunca quis ser brutal, porém ia além de suas forças. Havia tentado ser romântica ou delicada durante as relações, mas foi impossível. Quando seus instintos tomavam posse do seu corpo, se tornava um ser irracional, e estava tudo certo; eles lidavam com isso com maestria.

Cavalgar em seu macho fazia sua mente ficar em branco de tanto prazer. Podia sentir sua musculatura tensionar ao redor do grosso membro que a invadia, fazendo-a gemer loucamente. Sólon conhecia bem seus gostos, então jogou a fêmea, de forma abrupta, na cama e passou a fazer profundas investidas em seu núcleo quente, enquanto mordiscava o bico intumescido de seus seios. Ele não entendia porque ela era tão sensível ali, já que as fêmeas do seu povo não tinham essas zonas erógenas. Embora não tivesse tido contato com nenhuma antes, mas essa informação fazia parte do aprendizado dos machos na tenra idade. Os mais velhos ensinavam os mais novos tudo que deveriam saber sobre como agradar suas companheiras.

Duas horas depois...

Anastácia se dirige ao banheiro para se lavar, após deixar Sólon em síncope na cama. O macho precisaria descansar, mas ela precisava retornar ao trabalho.

Desta vez, Eros veio em sua ajuda para auxiliar no banho e nas vestes.

— Como está nosso convidado na prisão?! — pergunta de forma sarcástica.

— Já curado! Pedi que o levassem para o julgamento! — explica atando a roupa em seu corpo, delicadamente.

— Ótimo! Melhor não o fazermos esperar muito...— sorri e o beija no rosto.

Retornando para o quarto, Hélion já estava com sua mesa posta. Seus olhos brilharam ao ver a refeição que lhe fora preparada.
Estava desejando comer essa fruta exótica que apelidara de "néctar dos deuses" há muitos dias, mas como era muito difícil consegui-la, não se arriscava a pedir que seus machos fossem atrás disso só por causa de um capricho seu. Ultimamente estava comendo tanto que até ganhara uns quilinhos, principalmente na barriga. Por sorte, eles pareciam apreciar seu excesso de carnes, então comia sem medo e sem se recriminar.
Sentou-se junto à mesa e comeu até se fartar, enquanto os dois machos apenas assistiam. Não adiantava insistir para que eles se sentassem e comessem também, já tinha aprendido que eles só fariam isso depois que ela estivesse satisfeita. E eles faziam questão de manter seu prato sempre abastecido.

— Isso estava maravilhoso! — elogiou alisando a barriga cheia. — Obrigada! — agradeceu ao macho responsável por aquele banquete.

Hélion era excelente cozinheiro e fazia questão de lhe servir pratos distintos todos os dias. O macho era uma enciclopédia gastronômica.

— Spock, apareça! — chamou seu guardião, que imediatamente se materializou em sua frente — Ajude Sólon a recuperar as forças! — ordenou e o bestial imediatamente se dirigiu a cama. Uma tênue luz se manifestou assim que ele fungou no rosto do macho.

Esses animais adquiriram esse dom após se tornarem seres espirituais, mesmo assim,
a fêmea não costumava pedir esse tipo de intervenção ao bestial, mas hoje abrira exceção, porque os queria todos ao seu lado no tribunal.

Sólon foi rápido em se lavar e vestir suas vestes.

— Nossos convidados estão esperando, querida! — a voz de Osahar a fez olhar para a porta, para ver o macho todo pomposo, o que a fez suspirar prazerosamente.

Realmente, não tinha do que reclamar, estava muito bem servida com seus quatro machos.
A formação foi feita ao redor de si; fora obrigada a se acostumar com isso também.
Osahar seguiu na frente, Eros logo atrás, Sólon do seu lado direito e Hélion do esquerdo e ela no centro.
Além deles, havia dezenas de guardas responsáveis por sua segurança.

Merit estava fazendo sala para seus convidados especiais e assim que a viu adentrar, curvou-se numa profunda reverência, o que deixou o oficial Yalam confuso.

— O que está acontecendo aqui?! — questionou-a olhando para Anastácia. Imediatamente havia reconhecido que se tratava de uma humana híbrida.

— Essa é a nova "Mãe de todos"! — a fêmea a apresentou.

— Minha senhora, perdoe a ignorância! — ele se curvou respeitosamente e seus companheiros fizeram o mesmo. — A senhora é herdeira de um feral, que interessante!

Anastácia ergueu uma sobrancelha, tentando entender esse comentário, enquanto Merit estava visivelmente surpresa.

Yalam pareceu entender a situação embaraçosa que provocara com suas palavras inconvenientes. Mas seu olfato sensível e o cheiro pungente que aquela fêmea exalava, não lhe deixava dúvidas, ela tinha sangue de bestial correndo em suas veias.
A raça de Nebula não tinha olfato apurado como o povo de Alzihah e certamente o cheiro semelhante da fêmea com o feral ao seu lado passara despercebido.
E como havia falado demais, então nada mais justo do que explicar a situação para aqueles que pareciam alheios a certos fatos.

Merit finalmente entendera a razão de uma humana ser escolhida por um bestial, o que deveria ser impossível. Esses animais só eram leais ao povo de Nebula, pois os escolhera para compartilhar de seu poder.
Agora tudo fazia sentido, Anastácia possuía o sangue do clã feral.

A ex-mãe de todos recordou-se da lenda dos bestiais que dizia que um ser vindo do céu se tornaria o soberano das duas raças. Óbvio que ela jamais chegara a pensar que Anastácia seria essa pessoa, pois julgava que o ser vindo do céu, se tratava de alguém do mundo espiritual e não uma fêmea híbrida vindo de um planeta longínquo como a Terra.
Porém, ainda não tinha certeza sobre isso e não iria alarmar sua senhora atoa. Antes precisava ter certeza, porque se isso fosse verdade, a responsabilidade da nova mãe de todos era ainda maior do que supunha.

Por outro lado, Anastácia sequer se preocupou com isso. Já estava ciente de ter sangue alien em suas veias e ser de humanóides ou feras, não fazia a menor diferença para ela.
Agora, tudo que importava era confrontar seu inimigo, nada mais. Inclusive, estava ansiosa por esse acerto de contas. A vingativa dentro de si implorava por isso.

Comandante Anastácia: contos Alienígenas Onde histórias criam vida. Descubra agora