JULGAMENTO

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Anastácia abre os olhos lentamente, tentando se adaptar com a claridade que cega seus olhos. Se havia morrido, estava muito confortável no pós morte, pois o quarto onde se encontrava era digno de um hotel cinco estrelas. Embora não gostasse das cores exageradamente claras, o que recordava o ambiente de hospital. Observou tudo à sua volta, para se dar conta de que não havia janelas ali. Somente duas portas. Puxou a coberta que estava sobre seu corpo e ficou surpresa ao perceber que seus ferimentos haviam sido tratados. Uma faixa estava no seu braço e outra no seu peito. Cobrindo-a, havia uma espécie de bata, na cor branca.

Levantou-se devagar, caminhou até a porta mais próxima da cama. Ela não estava trancada, nem mesmo deveria, já que se tratava de um banheiro, estranho, mas com certeza um banheiro. Era uma mistura de rústico com tecnologia. O que mais chamou sua atenção, foi a banheira de pedras e a água transbordando por cima e desaparecendo por alguma fresta no chão, o que se justificava pelo fato de não estar tudo inundado. Porém não era essa a porta que a interessava, e sim a da saída.
Caminhou para a outra, então, mas esta estava bem trancada, o que a fez suspirar em frustração.

Tentou repassar tudo que aconteceu recentemente, mas depois de ter sido atacada pelo grupo de quimeras, não se recordava de nada que pudesse ajudá-la. Uma coisa estava mais do que clara, ela era uma prisioneira, onde quer que estivesse.
Então, por que haviam tratado seus ferimentos?!
Suas armas e comunicador tinham sido retirados, junto com sua roupa de proteção. Se esse ambiente tivesse patógenos, ela já devia estar contaminada.

Se culpava por ter deixado Ethan no comando. Aquele bastardo não perdeu a oportunidade de traí-la; iria foder com a vida do desgraçado se conseguisse sair dessa enrascada. Ele que se preparasse.
Como podia ter sido tão estúpida?! Praticamente havia entregado a estação nas mãos dele. Porém, não tinha como prever que ele fizesse um movimento audaz como esse.

Bom, agora tinha problemas mais urgentes para resolver. Ethan vinha depois.
Perambulou pelo quarto em busca de alguma coisa que pudesse lhe dar suporte para uma fuga. Simplesmente não tinha nada que pudesse usar; os poucos móveis disponíveis eram fixos e mesmo com toda sua força, não conseguia mover nenhum deles um milímetro sequer.

Após alguns minutos, ouviu passos.
Voltou-se para a porta rapidamente. Teve que conter a expressão de surpresa diante do que seus olhos viam; um homem avantajado, de pelo menos 2,10m de altura, parara diante de si. Certamente o mesmo homem que vira sobre a quimera. Seus cabelos dourados, faziam pequenas ondas e iam até seus ombros. Suas vestes consistia num chiton estilo Grécia antiga, na cor branca e adornos e prendedores dourados. As sandálias seguiam o mesmo estilo, com muitas tiras e presas na altura da panturrilha.
Ele deu passos em sua direção, e o molde do seu rosto ficou mais perceptível. Possuía maçãs suaves, parecia ter sido moldadas à mão. Porém o que mais chamou sua atenção, foram seus olhos levemente amarelos.
Que homem perfeito!
Ele não precisava se esforçar muito pra fazer uma mulher molhar a calcinha. Pena que ia ter que causar dano naquela perfeição toda. Anastácia pensou.

Ela apenas esperou que se aproximasse mais para nocauteá-lo, nenhum homem sozinho era páreo para ela.
Só havia um empecilho no seu plano, tinha diante de si um homem de outra espécie.
No momento que o teve ao seu alcance, impulsionou o corpo, saltou e jogou a perna no ar, acertando-o na têmpora.
O que conseguiu?
Um show deprimente, porque no final, ele continuava de pé e imutável como se uma mosca houvesse pousado em seu rosto; ela estava mancando e de tornozelo dolorido.

— Caramba, você é de aço?!

O homem inclina o rosto pro lado, encarando-o seriamente. O silêncio que se segue só serve para deixá-la irritada.

— Não vai falar nada, loirão?! Esse é aquele momento constrangedor que você deveria debochar de mim por ser mais forte… — ela franze o cenho quando ele continua a observá-la sem qualquer alteração de reação — Você entende a minha língua?

Comandante Anastácia: contos Alienígenas Onde histórias criam vida. Descubra agora