Tudo poderia ter sido diferente, tudo poderia ter sido simples, tudo poderia ter sido certo. Mas, obviamente, não foi e nunca será tão simples como deveria ser.
Sempre tive certeza quanto à minha sexualidade, sempre soube, desde moleque, que eu era bissexual. Sentir-se atraído pelo seu amiguinho e sua amiguinha ao mesmo tempo não é uma coisa muito saudável para um moleque de 13 anos. Durante uns anos, acredito que dos meus 13 até os 15, eu não entendia direito e achava que o que eu sentia não era normal. Eu não tinha com quem conversar, não tinha com quem me abrir, então eu coloquei meus sentimentos no fundo do baú e passei a chave. Tornei-me um adolescente rebelde e brigão e me meti em muita confusão... Quase fui expulso da escola pelo menos umas três vezes! Tenho que admitir que eu gostava da confusão e ficava feliz em poder extravasar minha raiva e minha angustia, eram bons tempos.
Perdi minha virgindade com uma garota aos 15 anos e foi muito bom, apesar de ter sido aquela coisa estranha, eu me senti um pouco usado pela garota que era uns anos mais velha. Já com um garoto foi aos 17, eu já estava mais maduro em relação à minha sexualidade e foi com um amigo de um primo do interior. Rolou um troca-troca gostoso e foi incrível porque eu já era mais experiente com o sexo, já sabia o que fazer, como me comportar e tenho que confessar que fiquei pensando naquilo por meses.
Quando eu completei 16 um professor meu de educação física me deu uma bronca e um conselho que mudou minha vida. Aquilo mudou quem eu sou e tenho que dizer que depois disso minha vida ganhou um sentido. Eu recordo que naquele dia tinha um cara da sala ao lado e estávamos batendo uma pelada na quadra da escola, meados da década de 90, puro gás na corrida e esse cara estava entrando feio nas minhas canelas e me deu um carrinho que eu desabei, aí, não deu outra, foi aquele quebra-quebra no fim do jogo. Eu acabei com o moleque, quebrei dois dentes e o nariz dele! Agora, analisando os fatos, me arrependo pra caramba do que fiz, mas logo após a briga a diretora queria chamar a polícia pra me dar uma lição e devido ao professor de Educação Física - que interveio ao meu favor, mas não pode fazer muito - tive uma pequena passagem na antiga Febem, por alguns dias, coisa que fez com que eu assinasse como menor e que deu uma dor de cabeça danada pros meus pais, com direito a conselho tutelar e tudo.
Depois que eu voltei para escola, uma semana depois, ele me chamou de canto e disse que um amigo dele tinha uma academia de lutas e que ele poderia me colocar nas turmas se eu quisesse praticar. Eu pensei durante uma semana e foi difícil convencer minha mãe, a velha não queria e meu pai estava indiferente e mais uma vez o professor ajudou conversando com eles.
Fiz uma aula experimental de Box e foi a primeira vez que senti que eu pertencia a algo. Fiz a matrícula e comecei a treinar quatro vezes por semana, em poucos meses estava muito bom no esporte e eu sempre ficava vendo as outras lutas da academia e eu via os caras treinando de tudo um pouco... O negócio era pesado, bem amador mesmo, não tinha nem metade das proteções e cuidados que existem hoje.
Um dia decidi fazer uma aula de Muay Thai e pronto, foi amor a primeira cotovelada. E daí não parei mais e ganhei muitos campeonatos e conquistei muita coisa! Fiz faculdade de Ed. Física também, e hoje sou dono da academia que eu comecei e sócio investidor de mais quatro focadas também em lutas. Consegui fazer minha vida melhorar, comprei uma casa bacana pros meus pais na praia, um apê legal para mim, perto da academia, tenho carro, viajo, tenho uma vida confortável e trabalho ainda muito todos os dias! Aulas e mais aulas, eventos de luta, campeonatos que meus alunos competem...
Sempre fui boa pinta, alto, malhado, mantinha sempre minha cabeça raspada que combinava perfeitamente com as tatuagens que acumulei durante o passar dos anos. Meus olhos claros realçavam minha pele levemente queimada do sol e meus cabelos castanho escuro. Gostava de colocar meu 1,87 de altura a prova, me desafiando constantemente, e ganhando uma massa sólida de músculos torneados no caminho.
Tive uma namorada, a Silvia, uma mulher maravilhosa, que hoje, além de professora freelancer de yoga na minha academia, é uma verdadeira irmã. Namoramos por dois anos, não deu mais certo. Sabe quando você descobre que quem está do seu lado é seu melhor amigo, no caso, amiga e não sente nem mais tesão por ela? Então foi isso que aconteceu, das duas partes. Terminamos e viramos grandes amigos. Ela é uma das poucas pessoas que sabe sobre mim. Ela aceita e nunca me julgou. E foi ela quem suspeitou, que incitou e articulou algo que mudou a minha vida.
Mesmo quando estava com ela me sentia sozinho. Por mais que saísse, tivesse amigos, tivesse as melhores pessoas ao meu redor, me sentia vazio. Era um oco, lá no fundo do coração, que refletia na alma.
Conforme os anos foram passando, o vazio aumentava e eu, vinte e poucos anos, não sabia que rumo minha vida iria tomar. Eu não tinha planos, não tinha grandes aspirações. Eu apenas aproveitava o momento e eu sabia que isso tinha a ver com o fato de que eu era sozinho. As vezes, de noite, eu acordava e ia pra sacada olhar o céu, sentava no banquinho, olhava as estrelas e imaginava que em algum lugar do mundo, alguém estava fazendo o mesmo que eu.
Nesses momentos de devaneio na sacada, que eram mais freqüentes do que eu gostaria, a dor passava, a angustia ia embora e eu sentia esperança, mas, tudo isso ia embora quando eu voltava pro meu quarto.
E vivi assim durante anos, até descobrir que a pessoa que fazia o mesmo que eu todas as noites, estava bem mais perto do que eu imaginava.
GENTEEE, a história está passando por revisão, então, vou repostar capítulo a capítulo com as devidas alterações que já identifiquei. Isso acontecerá para melhorar a riqueza de detalhes e também o entendimento da linha do tempo da história! Na intro atualizada, o Paulo se descreve fisicamente, e eu também adicionei um elenco. Corrigi alguns tempos verbais e erros gramaticais que eu notei. Como já disse antes, gosto de histórias limpas.
Peço desculpas a vocês, mas sou uma cabaça no wattpad. Estava acostumada com a CDC. Então por engano "retirei" a história de visualização pública, mas no final foi até melhor para mim, porque está auxiliando muito no processo de revisão.
Vou tentar postar um capítulo revisado, ou mais, a cada dia e assim que a revisão terminar tem capítulo novo e a história seguirá seu curso normalmente.
Acredito que esta bela cagada que fiz aconteceu porque eu estava acostumada a escrever somente contos one-shot, ou seja, contos curtos, sem continuação em uma tacada apenas.
Aceito críticas e sugestões pois elas só enriquecem o trabalho! Aproveitem e releiam novamente cada capítulo que postarei, tenho certeza que a experiência de leitura e imersão na história estará melhorada!
Obrigada pela paciência e preferência!!!!
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Meu Lutador
RomanceHistória homoerótica em que todos são bem vindos a acompanhar! ------------------ E se aquele que você sempre procurou, estivesse lá, do seu lado ao tempo todo? Paulo é um professor de Educação Física, campeão de Muay Thai e proprietário de uma acad...