― Fica a vontade - foi a única coisa que ele disse quando passamos pela porta, antes de subir a escada e sumir da minha vista.
Que cara mais idiota.
Fiquei apenas observando enquanto ele subia, esperando que voltasse ou pelo menos olhasse para trás. Mas não foi bem assim. Imbecil que me trouxe até aqui e agora está fazendo birra como uma criança de 12 anos quando não ganha o que quer. Eu queria muito esfregar seu rosto nesse chão de madeira até não sobrar nem ossos.
Procurei ao máximo não ocupar minha cabeça com isso, então passei os olhos pela casa imensa em que eu estava. Essa sala deve ser umas três vezes maior que a minha, tudo aqui dentro é perfeitamente organizado, não tem sequer uma almofada fora do lugar. Começo a duvidar que um homem mora aqui e ainda por cima sozinho.
O sofá é cinza, as almofadas estão em fileiras de três nas duas pontas do sofá. Tem um livro na mesa de centro, ele branco com um desenho de um cérebro em várias cores, escrito mindset. Nunca fui fã de leitura, o que faz com que eu deixe o livro para trás.
Olhei mais uma vez para a ponta da escada onde Kisaki sumiu, com a esperança de que ele esteja lá. Mas não. E sinceramente, estou de saco cheio. Quero esperar até que ele se acalme, mas não vou esperar o dia todo aqui plantada na sua sala.
Sento no sofá e levo cerca de 20 minutos criando coragem para ir até ele, ou ir embora. Decidi que falaria com ele, ou pelo menos tentaria, pois existe a possibilidade de não querer me escutar. Eu não faço a menor ideia de onde ele pode estar. Subo as escadas e encontro vários cômodos, ele pode estar em qualquer um.
Continuo andando, até escutar o som de Chit Chat, Beach Weather. Havia esquecido que gostamos da mesma banda. A porta fechada deixa o som um pouco abafado, mas ainda escuto perfeitamente a melodia.
Quando chego na porta e estou prestes a abrir, minha coragem some. Não significa que estou com medo, mas tenho um pouco de receio do que pode acontecer no momento que essa porta enfim for aberta. Ele pode estar furioso. Pior, se ele estiver pensando em me matar?
Definitivamente não! Ele não tem motivo algum para sentir ciúmes, ou raiva, ou qualquer outro sentimento que faça ele achar que sou dele. Eu não sou a "garota de alguém".
Respiro fundo e giro a maçaneta devagar, agradecendo mentalmente e suspirando em alívio quando a porta não faz barulho algum. Entro, fecho a porta devagar e me encosto nela quando o vejo.
Ele está sentando numa poltrona na varanda, tem um whisky na sua frente que já está pela metade. Não está usando roupas sociais, apenas um calção preto, seus cabelos bagunçados estão no seu rosto, então ele passa os dedos nos fios e coloca atrás da orelha.
Dou alguns passos na sua direção, e só assim ele percebe que não está mais sozinho. Ele me encara sem reação alguma e pede para que eu me aproxime. Eu obedeço. Vou até ele quieta, não quero que se irrite ainda mais. Paro ao seu lado, ele me puxa pelo braço e me senta no seu colo.
― Você está bravo? - pergunto sem ter certeza se é e a pergunta certa a se fazer.
― Não estou bravo com você. - ele responde em um tom sereno, passando a mão nos meu cabelos.
― Mas está bravo por alguma razão. - afirmo e ele dá uma risada baixa.
― Por que a pergunta?
― Bom, talvez seja pelo simples motivo de você me trazer até sua casa e me deixar sozinha plantada na sala, enquanto ficar aqui tomando whisky, parecendo que acabou de pegar sua esposa fazendo sexo com a pessoa que você mais confia, na sua cama. - ele soltou uma gargalhada ao ouvir minha comparação.
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VOCÊ NÃO AMA NINGUÉM |Kisaki|
Fanfic"𝐄𝐮 𝐬𝐨𝐮 𝐨 𝐡𝐨𝐦𝐞𝐦 𝐝𝐞 𝐥𝐚𝐭𝐚 𝐪𝐮𝐞 𝐪𝐮𝐢𝐬 𝐭𝐞𝐫 𝐮𝐦 𝐜𝐨𝐫𝐚𝐜̧𝐚̃𝐨" *PLÁGIO É CRIME Essa é uma história original minha, não público em outro site ou aplicativo, se você encontrar DENÚNCIE!