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[Kisaki]

Eu já esperava acordar e encontrar um espaço vazio ao meu lado na cama. Apesar de não ser a primeira vez, fico triste como se fosse. Não é comum eu me entristecer por coisas assim, então penso que tem haver com ela, não com o momento. Ou talvez seja a vontade de ser amado, pelo menos uma única vez.

Eu deveria ter dito a ela que não precisava ir embora tão cedo, principalmente sozinha. Mas essa hora já deve estar em casa, e confesso que sinto falta do seu corpo nessa cama, agora está parecendo maior do que de costume.

Encaro o relógio ao lado da cama, é tarde da noite, o que significa que passei o resto da tarde inteira dormindo e a noite também, então a madrugada será longa. Levanto devagar, e vou preguiçosamente até o banheiro. Estou afim de tomar um banho, mas penso em como queria que ela estivesse aqui agora.

Balanço a cabeça, dispensando qualquer pensamento que me leve até ela. Tomo um banho até que o cheiro de seu perfume saia por completo do meu corpo, e tudo que eu sinta em mim seja apenas o cheiro do sabonete.

Tento controlar o que sinto, mas está ficando cada vez mais difícil.

Quando saio do banheiro, visto a primeira peça de roupa que encontro no meu guarda-roupa, um calção com o tecido fino, perfeito para ficar em casa. Saio do quarto e escuto um xigamento enquanto desço as escadas, está vindo da cozinha, então apresso o passo e vejo ela ofendendo uma mesa.

Ela ainda está aqui.

-- Rápido, me leva ao hospital. - ela diz enquanto cai no chão.

-- O que aconteceu? - vou até ela e a ajudo levantar.

-- Bati o osso da cintura na mesa. - ela fala choramingando e eu prendo um risada devido ao seu drama.

-- E o que te fez bater o osso na cintura da mesa? - solto a risada que estava segurando e ela senta na cadeira.

-- Estava discuntindo com Shuji pelo telefone e não vi a mesa. - ela curva o corpo, apertando no lugar onde dói.

-- Essa mesa? - apontei óbvio para a mesa enorme na nossa frente. - você não viu essa mesa?

-- Eu estava distraída ok?

-- Tudo bem - soltei uma risada curta, mas voltei a ficar sério logo em seguida. - Sabe, achei que tivesse ido embora quando não te vi no quarto. - fui sincero tirando um olhar dela, na qual eu não consegui descrevê-lo.

-- Por que eu iria embora? Achou que eu só queria...

-- Não, não. - interrompi suas palavras enquanto balançava as mãos. Não quero que ela pense que eu a vejo como qualquer coisa. - Eu não pensei isso, eu apenas deduzi que tivesse ido embora, mas não passou nada pela minha cabeça.

Ela arqueou a sobrancelha, e desviou seu olhar para a parede, agora parece distante apesar de ainda estar ao meu lado. Quero saber quais são os seu segredos mais profundos, para que eu possa conhecê-la ao máximo que eu puder.

-- Bom...- comecei falando. - Imagino que a discussão com seu irmão tenha sido eu.

-- Em partes, sim. Mas Shuji está ficando muito chato ultimamente. - ela está séria, isso está me deixando desconfortável. - Se não for incômodo, eu posso olhar seus quadros? - Seu pedido me deixa confuso, mas concedo a permissão mesmo assim. Ela não precisa me pedir algo tão estúpido como olhar quadros.

Ela levanta, e vai devagar até a parede onde fica expostos todos os quadros que tenho. A maioria são comprados, mas alguns são presentes.
Ela para de frente para um que tem um significado muito grande para mim, e um valor sentimental impagável.

VOCÊ NÃO AMA NINGUÉM |Kisaki|Onde histórias criam vida. Descubra agora