EPÍLOGO

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_ Amor se você não quiser fazer esse filme podemos solicitar um outro – o Kaique observou enquanto lia o roteiro – o que foi? Por que está me olhando assim?

_ Eu gosto quando você me chama de amor – confessei roubando-o um beijo – vou aceitar, isso já é caso passado.

Fui para o studio de gravação no horário, diferente do que imaginei não era só chegar e transar enquanto alguém filmava, um filme às vezes demorava mais de um mês para ficar pronto, uma cena de dez minutos às vezes demorar uma hora, refazendo a cena várias vezes, ou então depois de pronto o diretor não gostava de alguma posição e mandava voltar.

_ Cut – o diretor gritava, eu já tinha entendido que toda vez que ele falava aquilo era pra parar, se virou para o ator que estava me acompanhando e ralhou alguma coisa em espanhol que eu não entendi – action.

Voltei a entrar no quarto e falei olhando para o homem "you are not my father", e saí emburrado.

_ Cut – aparentemente o homem que deveria ser o meu padrasto no filme tinha o péssimo hábito de ficar olhando para a câmera, a maioria dos atores iniciantes eram contratados pelo corpo e não por familiaridade com atuação, e quando era um filme com iniciantes era ainda mais maçante porque a mesma cena precisava ser repetida várias vezes – action.

A minha audição me ajudou a entender que quando o diretor falava ação, eu deveria esquecer todo o meu entorno e me concentrar apenas no outro ator que iria contracenar comigo, por enquanto minha maior dificuldade era com o inglês, mas por sorte não tínhamos muitas falas então eu só precisava decorar, às vezes o diretor me interrompia para me ajudar na fonética correta de alguma palavra.

Conseguimos passar a cena e após uma pausa enquanto o diretor assistia o que foi gravado, fomos para a cena seguinte.

_ Lembre que você vai ficar sem graça quando roubar um beijo dele – o diretor me aconselhou.

Por sorte ele era brasileiro e sabia falar várias línguas, já que na produtora tinha atores de várias nacionalidades.

_ Action.

Estava sentado na minha cama esperando o ator se aproximar, sentou-se perto de mim e colocou a mão em minha coxa, falou a fala dele enquanto eu me mantinha de cabeça baixa fazendo birra, quando eu percebi a deixa levantei a cabeça e me inclinei pra frente em direção ao ator, mas travei no meio do caminho.

_ Cut – o diretor gritou.

_ Sorry, sorry – falei erguendo as mãos, aquela palavra eu tinha aprendido no primeiro dia.

_ Ok – o diretor falou me olhando nos olhos enquanto esperava cada um ficar em sua posição – action.


FIM


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NOTA DO AUTOR:

Eu acho esse é um fim mesmo. Estou ligeiramente satisfeito com essa história, então pode ser que não tenha uma continuação, mas nunca se sabe.

TUDO VAI DAR CERTOOnde histórias criam vida. Descubra agora