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Park Jimin P.O.V

Como eu posso dizer a essa garota que tudo não passa de um engano? E como eu ousaria mentir assim, sobre algo sério.
Por dentro eu sabia de meus sentimentos.
Olhando-a como ela já me conhecesse, eu não tive uma reação plausível a seguir.
Coçando minha testa dei uma desculpa qualquer, torcendo para ela não me notar mentindo.

_ Estou fazendo aquela sobremesa que você tanto gosta - Funguei, coçando meu nariz por cima a seguir indo até a porta - Podemos conversar depois? Ou seu querido pudim não vai ficar perfeito como o esperado.

- Ok, ok. Se é pudim, eu aceito! Por favor, faz com muita calda! Sim?

_ Certo, certo.
Irei providenciar isso, então adeus.

Eu apenas sai e fechei a porta, fazendo de conta que estava pleno mas na verdade eu pude descansar agora! Pelo o menos por alguns segundos, pois agora deveria arranjar o tal pudim para ela.
Charlotte era um amor, mas tão aleatória e problemática, as vezes parecia bipolar mas eu sabia que não era um traço seu.

Então sua personalidade era apenas única para mim.

Eu também não me entendia, talvez eu tenha dado muito na cara, mesmo negando esses sentimentos triviais.
Mas eu não poderia apenas chegar e dizer o que sentia, se realmente não temos nada tão grande.
E quais direito eu teria sobre ela e sua vida?
Eu sou seu médico, um amigo e por fim alguém que cuidou dos três até onde pôde.

Eu não esperava ficar tanto tempo na vida de alguém, me apegar a essa pessoa e a bebês que nem nasceram ainda.
Eu não esperava fazer parte desta história com ela, nem ser o protagonista dela. Se eu me achasse no direito de estar no papel secundário, já estava tudo bem para mim.

Eu poderia voltar atrás agora?

_ Park Jimin! Você precisa focar, focar no agora.

Suspirei uma última vez, descendo as escadas o quão rápido eu poderia, para trocar todos meus pensamentos até o que eu deveria fazer agora.
O pudim para a bela paciente grávida, que eu cuidava carinhosamente bem.

Uma hora se passou, até eu retomar até o quarto dela, segurando o pudim que prometi e um refresco na bandeja.
Eu entrei e ela não me viu, mais eu a observei deixando a bandeja sobre a cama bem devagar.
Charlotte estava na varanda, vestida com uma peça branca, ela mantinha suas mãos sobre a barriga enquanto eu não conseguia desviar meu olhar dela.

_ Charlotte - Chamei seu nome suavemente e ela me olhou.

- Finalmente meu pudim chegou.

Seus olhos percorreram o cômodo, antes dela vir até mim e sua bandeja ser retirada por mim para ela sentar.
Esperei um pouco e a entreguei, assistindo os olhos brilharem e suas iris dançarem em êxtase de felicidade pelo um doce qualquer.

Mas eu estava lá, e resolvi ir para o outro lado da cama.
Eu me deitei bem confortávelmente ao lado dela, enquanto ela ainda degustava da sobremesa e eu me mantinha olhando para suas costas.
Olhando para ela fixamente, eu não tinha nada a lhe dizer agora a não ser me prender nesses pensamentos antigos de novo.

- Estou satisfeita.
Como sempre não me decepcionou senhor Park Jimin! Acredito que como médico você é excepcional como cozinheiro!

Ela virou-se para mim, deixando a xícara de lado e o talher.
Eu desci meus olhos a sua barriga.

_ Está realmente grande.
Acha que devemos permanecer nesse lugar por duas semanas?

- Mais por quê?

_ Os bebês podem querer nascer mais cedo, você tem sentido muitas dores frequentes e eu não sou apto para fazer um parto.

- Jimin, eu estou bem.
Eu preciso resolver esse problema com os pais dos dois, e preciso passar um tempo com a única irmã que tenho.

Ela suspirou parecendo já exausta.
Seus olhos só por um instante pareciam em dúvida sobre o que a disse, eu não queria a atrapalhar com esse pensamento que tive enquanto estava a observando.
E eu não sabia se estava agindo como normalmente ou não, depois de quase denunciar meus vestígios de ciúmes antes.

_ Desculpe eu só pensei demais.

- Você quer ir embora?

Falamos igualmente juntos, o que foi constrangedor mas nem tanto.
Porém diferente de mim, aquela pergunta parecia vim de um tom bem triste.
Eu não quero ir embora, não sem ela!
Mais ficar aqui duas semanas, parece extremamente longo, principalmente para duas pessoas sozinha como nós.

_ Desculpe, só estou preocupado com você e o bebê.

Me sentei devagar.
Eu sorri já com a intenção de ir embora do cômodo, fui me levantando e dando a volta pela a cama para pegar a louça suja.

_ Estou descendo, se precisar grita.

- O que você tanto faz lá em baixo?

_ Além de cuidar da casa e de você, estou dando voltas pelo o local.
E algumas vezes eu saio e vou até a cidade.

- E você nem me avisa?! Uau.

_ Não achei tão importante.

Agora eu pude sorri um tanto, estando mais confortável com esse novo tema.

_ Precisa mais de algo, madame?

- Não, servo imprestável.

Eu ri mas deixei de lado, indo do cômodo foi quando a ouvi me chamar com um sussurro e me virei com o ponto de interrogação em minha testa.

- Eu irei pensar sobre irmos, irei adiantar as coisas.
Não quero ficar aqui, se você não estiver ao meu lado e eu não tenho nada importante aqui, além da minha irmã e uma antiga história romântica.
Então Minie, vamos voltar juntos ok?

_ Hum - Assenti uma vez, era surpreendente como ela era uma caixinha cheia de surpresas. - Estou descendo agora, tudo bem?

- Eu escolhi você no final, espero que saiba disso.

Ela assentiu, talvez para minha pergunta anterior, e eu saí parando no corredor como meu lugar pensador e de alívio.
Atrás de sua porta, eu percebi a gravidade da situação atual em suas palavras e em seu olhar, ela não só gostava de mim mais parecia estar apaixonada por mim para me escolher no final.

E por algum motivo eu sentia medo, medo de ter me acolhido demais em Charlotte e ter arruinado sua história.
Mas além do medo, eu sentia meu coração palpitar rapidamente como se pela a primeira vez, eu estivesse sentindo um ataque cardíaco!

Quando eu desci as escadas, e deixei tudo em seu lugar, eu me voltei a sala e me joguei ao sofá pegando o travesseiro para por em minhas pernas.
Era um sentimento estranho, não que eu não tivesse me apaixonado antes, mas além de toda uma emoção eu sabia que tinha um dever maior do que o amor.

Como médico, eu deixei minha vida amorosa para trás a muito tempo, e só me mantive em casos triviais de noites qualquer.

E olhando para a mulher que eu estive junto durante esses meses, ela jamais poderia ser tratada como as outras.
O nível dela era elevado demais para um caso noturno, Charlotte era alguém especial demais para qualquer um que tivesse a honra de a ter.

Porém sabendo que eu ainda tenho meu senso de dever e obrigação.
Algo em minha mente me diz que é errado se envolver demais e que seria melhor ficar em meu próprio ciclo e nível.
Não saindo de meu papel secundário, me sentindo obrigado a estar lá mesmo que eu não quisesse estar.
Desejar a felicidade deles acima de qualquer vestígios de sentimentos que posso sentir, mesmo se a realidade seja outra.

Eu não sabia exatamente como fazer isso, mais eu deveria a fazer repensar sobre esses sentimentos que ela diz sentir por mim, eu não quero a magoar futuramente nem agora.
Eu não quero arruinar o futuro dela com seus filhos e com os dois homens que fazem parte de sua vida, mesmo ela negando a realidade, a minha realidade era um pouco óbvia.

Kim Taehyung e Kim SeokJin ainda eram os pais daquelas crianças, e o melhor futuro para duas crianças que nem nasceram ainda, era ter seus pais por perto.
Uma família completa, eu não estava pensando em mim agora, mas sim nela.
Na melhor vida que Charlotte poderia ter com uma família perfeita e feliz.
E como seu médico, amigo, e alguém que sente seu coração palpitar por ela, eu deveria fazer meu melhor para a felicidade dela e de seus filhos, estarem acima de mim ou qualquer um.

Minha Segunda Vida (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora