Hélio Laranjeiras e Geraldo Pellegrini foram grandes destaques do futebol paulista. Talentosos, esforçados e atraentes, dividiam os holofotes e sabiam combinar suas diferenças quando estavam em campo, tornando-se uma dupla de atacantes quase imbatív...
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Marcos Flores, goleiro do São Bernardo Futebol Clube
Alguns dias depois, Hélio recebeu um telefonema de Renato Sales, editor de uma importante revista com a qual colaborava eventualmente.
- Fala, Renato velho de guerra. O que manda? – Saudou-o em tom de brincadeira, aproveitando-se do fato de que eram amigos há anos.
- Espero que esteja tudo bem com você, Hélio. É porque eu tive uma ideia sobre um artigo que você poderia escrever para o próximo número da revista, e queria discuti-la contigo.
- Algo um pouco fora do padrão? – Em geral ele só o procurava quando queria proporcionar algo diferenciado aos leitores, até porque o preço que cobrava por colaborações freelancer não era barato, uma forma de dizer que, se ia além de sua coluna e dos programas de TV onde aparecia como integrante fixo, o contratante teria de valorizá-lo.
- Mais ou menos. É porque eu te vi na entrevista coletiva do Geraldo Pellegrini, e quando eles falaram nas novas contratações, pensei: qual seria o impacto de uma matéria onde um veterano se encontraria com uma promessa do meio futebolístico, explorando os pontos em comum entre eles naquelas etapas de suas vidas, mas também as diferenças, tanto de época quanto de visão de mundo e estilo? Se ela fosse realizada com o autor certo, seria algo de impacto, e você tem tanto a visão de dentro quanto a habilidade para escrever sobre temas profundos. – Mesmo sem ver a voz do amigo, percebia-se pela maneira empolgada com que ele falava que já estava traçando mil planos.
- Você quer que eu entreviste algum dos novos contratados do São Bernardo? – Questionou. Não sabia se gostava da ideia de ficar novamente perto do ex-namorado.
- Não é só uma entrevista, Hélio, é um artigo. Lógico que você vai conversar com um deles e fazer perguntas que interessarão aos leitores, mas também vai observar o cotidiano dele e, na medida do possível, fazer comparações com suas experiências, o que mudou desde então e o que você considera que melhorou ou piorou. Conversei sobre o assunto com a diretoria e eles ficaram bem animados, eles acham que é uma publicidade positiva para o time.
- O Geraldo também acha isso? – Perguntou meio desconfiado.
- Não só acha como ele disse que vai lhe dar pleno acesso às instalações. Você vai poder inclusive conversar com todo mundo, a única exigência que ele fez é de que não houvesse interferência nos treinos, eles precisam se concentrar e alguém de fora aparecendo nesse momento atrapalharia.
- É justo. Eles escolheram alguém para ser o objeto da matéria?
- Nada menos que a principal estrela em ascensão, meu caro. O novo goleiro Marcos Flores, 22 aninhos de juventude e gás! E ele está animadíssimo com a possibilidade de ser matéria de destaque, quem sabe a capa. – Falou o editor com entusiasmo.
- Pode ser meio estranho um ex-atacante escrever sobre um goleiro, mas enfim, ambas são posições importantes e de fato não me lembro do time ter novidades no ataque. Eu topo, é um pouco diferente do que tenho feito mas gosto de desafios.
