No dia seguinte, quando acordou, a primeira coisa que Marcos percebeu foi que estava numa cama e num quarto estranhos, e depois, que se encontrava nu sob as cobertas, sozinho. Aos poucos, a noite de paixão que passou com Hélio começou a reavivar em sua memória, e logo se perguntou onde o parceiro estava, até que o cheiro de comida sendo preparada na cozinha chamou sua atenção e denunciou onde ele estava. Com o apetite recém-desperto, levantou-se e foi atrás dele, ainda nu.
Não demorou a achar as roupas jogadas pela sala, optando por vestir a cueca e a calça, e encontrou-o de camiseta e bermuda preparando ovos mexidos numa frigideira. Aproximando-se, abraçou-o por trás e deu um beijo em seu ombro.
- Hum, esperava acordar com você ao meu lado. – E aproveitou que o jornalista virou o rosto para beijá-lo na boca.
- É que eu tenho por hábito acordar cedo, e quando me levantei não quis lhe despertar. Assim, aproveitei para fazer um café da manhã reforçado para nós, sei que você deve voltar para o treinamento. – Respondeu.
- De fato. O que temos? – Perguntou enquanto se sentava.
- Café recém-fervido, sanduíche de queijo e presunto e algumas frutas. Além dos ovos, que já estão quase no ponto.
- Muito bom, espero que eu não vá engordar. – Falou com uma sobrancelha levantada.
- É só você caprichar na academia. Ou em outras coisas. – Argumentou num óbvio duplo sentido enquanto desligava o fogão
- Pode ser. Mas agora vamos comer, que estou com muita fome. – Disse, e logo o parceiro se juntou a ele.
Comeram em silêncio, até que o goleiro tomou a iniciativa de retomar a conversa.
- Hélio, nossa noite foi fantástica. Sempre te achei um cara interessante e atraente, mas não imaginava que seria assim.
- Fico feliz. – E respondeu segurando sua mão. – Também gostei de ficar com você.
- Vamos repetir? – Perguntou o jovem com certa ansiedade. – Sei que temos nossas diferenças, e talvez um cara com sua vivência me ache um pouco imaturo, mas sinto que temos química e poderíamos ser mais do que ficantes. Você é de longe o cara mais interessante com quem estive, e só sendo bobo eu jogaria fora uma chance com você.
- Não vejo porque não, Marcos. Não é o ano em que você nasceu que define a sua maturidade, mas a maneira como você encara a vida, e já percebi que você é centrado, reflexivo e nunca pensa só em si. Acho que é cedo demais para fazermos grandes declarações um para o outro, mas se estamos solteiros, respeitamos quem somos e nos damos bem na cama, porque não investir nisso? – Disse sem receio, tivera sua cota de namorados e eventuais ficantes depois do rompimento com Geraldo, afinal, se o ex-colega fez a fila andar, sentia-se com o mesmo direito. E além de bonito, Marcos era simpático, modesto, agradável e ardente na cama. Só um tolo desperdiçaria uma oportunidade dessas quando ela batera na sua porta.
- Você não imagina o quanto me satisfaz ouvir isso. Só lamento que infelizmente não poder te assumir ou sair em público com você, infelizmente o futebol não é um bom ambiente para gays. Pode ter certeza que se eu pudesse faria isso, sempre detestei hipocrisias e um cara como você não merece ser escondido. – Disse com sinceridade e um pouco de pesar.
- Fique tranquilo, Marcos, vivo nesse meio há muitos anos e sei como ele funciona. Sem contar que eu tenho experiência nesse tipo de coisa. – Respondeu sério, não negava que era frustrante não poder sair com um namorado como qualquer casal hétero faria, mas sabia que isso estava além deles e, se queriam manter seus empregos, melhor fazer o jogo da maioria, ao menos por ora. E depois de tantos sapos engolidos, o que era um a mais? – Só deixo claro que não tenho a menor intenção de introduzir outras pessoas entre nós, não sou nada fã de relacionamentos abertos, podem me chamar de antigo mas essa não é a minha praia.
- Se for por isso, então estamos quites, também não gosto desse tipo de coisa. Um já dá trabalho, quanto mais vários. Só que ao menos por ora não poderemos nos encontrar com frequência, essa parte do campeonato é bem puxada.
- Eu entendo, já passei por isso também. Nesse caso, vamos aproveitar o tempo que tivermos, que tal começar com um bom banho de banheira, e depois um 69, antes de você ir para a sede? – Disse concluindo a refeição e pegando na mão do agora namorado.
- Banheira e 69? Isso é o que se chama de uma combinação tentadora... Mas teremos de ser rápidos, não posso me atrasar. – Disse Marcos enquanto baixava a calça e a cueca e começava a tirar a camiseta do jornalista.
- Você nem imagina o quanto ela pode ser tentadora. – Insinuou o mais velho com um beijo cheio de fogo enquanto se dirigiam para o banheiro.
Já no banheiro, puderam se ver nus à luz do dia e a definição de seus corpos, bem mais visível, com destaque para os pênis imponentes e os peitos amplos e musculosos, ressaltados pelas camadas de pelos que os cobriam, fez com que se excitassem instantaneamente. Hélio ligou a água, colocou essências aromáticas à medida que ela enchia e, quando considerou-a pronta, entrou nela e esperou por Marcos, que não demorou a entrar e saudou-o com beijos.
Durante algum tempo os dois simplesmente desfrutaram do banho, beijando-se, ensaboando-se, acariciando seus corpos e eventualmente mergulhando as mãos para tocarem nos seus membros. Contudo, souberam evitar o êxtase e, terminado o banho, secaram um ao outro.
Já enxutos voltaram à cama e ficaram lado a lado, beijando-se, até o jornalista cobrir o atleta com seu corpo e começar a lamber seu ombro, seu peito, sua barriga, até chegar ao pênis e engoli-lo lentamente, com perícia. Excitado, este desfrutou das carícias por um tempo, até se lembrar do que eles tinham se comprometido a fazer e, sempre ciente do tempo, agarrou o quadril do mais velho e fez com que este, sempre de lado, invertesse sua posição na cama, lambendo, beijando e chupando o pênis dele, alternando com eventuais beijos na virilha e nos testículos, enquanto recebia as mesmas carícias no seu. De tão excitados que estavam, não demoraram a gozar.
- Satisfeito com a sobremesa? – Perguntou Hélio com a cabeça encostada no quadril do namorado.
- A melhor possível, fiquei viciado. – Respondeu o jovem segurando sua mão.
Depois de se vestir, Marcos despediu-se, foi de carro até seu apartamento, onde vestiu uma roupa própria para o treino, e só então tomou o caminho para a sede do São Bernardo. Quando chegou, o primeiro lugar para onde se dirigiu foi o escritório de Geraldo, que o atendeu com uma expressão impassível.
- Demorei, professor? – Perguntou enquanto o cumprimentava.
- Não, você respeitou seu horário como disse que faria, o que me deixa satisfeito. – Respondeu o técnico deixando escapar um sorriso. – Você se divertiu?
- O senhor nem imagina o quanto. – Respondeu, tentando não deixar transparecer o quanto aquelas horas de sexo o deixaram eufórico. Então lembrou-se da novidade da noite. – E ainda por cima o dono da Beirutti, me convidou para ser o rosto da nova campanha publicitária deles.
- Isso é fantástico, Marcos. Ele deu alguma indicação de quando você fará as fotos?
- Não, combinamos que isso seria acertado com meu empresário.
- Fico feliz com isso, até porque também é uma publicidade extra para o time. Só que agora é a vez da obrigação, e para você desfrutar bem da diversão, precisa respeitar os horários de ambas. Estamos entendidos? – Disse sério.
- Estamos, chefe. O senhor sabe que pode sempre contar comigo.
- Então, vamos para o treino. – Disse enquanto colocava uma mão em seu ombro e o conduzia até os demais jogadores. Por sua vez, à medida que se aproximava do campo, Marcos retomava a concentração e tentava pensar em si novamente como o goleiro em ascensão num grande time, em vez do novo modelo de uma campanha publicitária ou o jovem vivendo uma inesperada paixão.
Bem, espero que tenham gostado deste capítulo. Talvez tenha sido um pouco mais curto que o habitual, mas acho que revelou umas boas emoções.
Como vocês estão vendo esse namoro entre Hélio e Marcos? Particularmente, acho excitante, mas é bom não esquecermos que eles não são os únicos envolvidos nesta história.
Peço perdão pela demora, mas tentarei melhorar. Só espero que não desistam de mim.
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Jogadas e equívocos
RomanceHélio Laranjeiras e Geraldo Pellegrini foram grandes destaques do futebol paulista. Talentosos, esforçados e atraentes, dividiam os holofotes e sabiam combinar suas diferenças quando estavam em campo, tornando-se uma dupla de atacantes quase imbatív...