Gentleman (Taiju Shiba)

II - Aniversário de casamento

Boa leitura ❤

Mais uma vez, era o quinto ano juntos, o quinto aniversário de casamento. 

E onde estaria Hiro Hitoshi? Seu amado marido. 

Vocês haviam tido uma briga pela manhã por conta da lista de convidados, a qual você não teve acesso, bem como todos os demais assuntos relacionados aos preparativos da festa de aniversário. Hiro dizia que não precisava se preocupar pois o Mestre de Cerimônias já havia convidado todas as pessoas importantes para a ocasião. Contudo, ele não percebia que esse era o problema, afinal de contas, como você iria recepcionar pessoas que nem conhecia? Seus argumentos foram inválidos e ele disse que era mais um dos seus exageros, outra crise de ciúme, falou ter lhe dado tudo o que precisava e que ainda tinha que aturar esse 'drama todo' (palavras dele). Coisa descabida aos seus olhos, afinal, uma coisa não tinha nada haver com outra.

De fato estava insegura por não saber quem esperar, além de também não saber como seu marido estava, muitas ligações e mensagens desde a manhã até aquele exato horário foram desperdiçadas, sendo que nenhuma foi atendida ou respondida. 

Diante do espelho, no banheiro trancada, Nome procurava acalmar o coração acelerado pela falta de notícias. E se Hiro tivesse sido roubado? Sequestrado? Afinal é um empresário e político agora, em cinco anos conseguiu aumentar a fortuna da família fechando bons negócios e até criando filiais. Se tivesse sofrido um acidente de carro? Considerando que vive bebendo, ou qualquer outra coisa ruim? 

A mulher respirava com dificuldade, ansiosa para seu marido chegar, para recepcionar os convidados e os mandar voltar para casa, ansiosa para a noite acabar antes mesmo de ter iniciado.

Pegando um lenço descartável ela limpou marcas de lágrimas na maquiagem perfeita, apesar de seus olhos denunciarem as marcas de choro recente. Logo pegou um vidrinho branco contendo seus remédios, as mãos trêmulas quase não se firmavam para abrir o recipiente, pegou dois comprimidos de uma vez e jogou na boca e engolindo em seco.

A respiração irregular não ajudava em nada, queria estar ao lado da mãe, apesar da mulher passar a maior parte do tempo calada e quando fala pouca coisa coerente diz, Nome consegue sentir paz estando próximo a ela, poder segurar sua mão ou a ouvir cantarolar baixinho músicas infantis. Gostaria de lembrar como a mãe chegou naquele estado, às vezes tinha medo de acabar igual ela. 

Seu vestido branco, parecia tão estranho em seu corpo, apertando os seios, lhe dando falta de ar. Esse tecido caríssimo e fino, de uma delicadeza sem igual, deixava sua pele pinicando. O valor das suas jóias não importava, aquelas pedras preciosas conseguiam roubar o brilho dos seus olhos, além de pesarem sobre seu corpo. Você tinha consciência de ser uma grande parte de sintomas psicológicos, mas os sentimentos eram reais. Depois de um exercício de respiração seus olhos encontraram o reflexo novamente, não havia rastros da mulher de cinco anos atrás, nenhum sinal dela. Tentou sorrir para manter as aparências necessárias, no entanto, todas as tentativas foram frustradas.

Toc Toc Toc

– Senhora Hitoshi? – a voz de Emília soou do lado de fora do banheiro – Os convidados estão chegando. – informou monótona. Nome respirou fundo, procurando o autocontrole para lidar com a governanta, só o fato dela falar com você a deixava nervosa. 

– Está bem Emília. – sua voz entregou o fato de ter chorado, você praguejou a falha ao tentar esconder – Estou indo. Seu patrão chegou? 

– Não senhora. 

– Ao menos ligou? – perguntou novamente expondo sua preocupação.

– Também não senhora. – a governanta possuía um tom neutro, porém, de alguma maneira você sentia ou julgava que ela gostava do seu sofrimento.