XXV - Prisioneira Conjugal I

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🔴Avisos
🔴Ameaças
🔴Cárcere privado
🔴Não revisado

Boa leitura 🌷

As noites no cassino sempre foram agitadas, todas essas agitações limpavam a mente conturbada de Tomoe. O homem costumava gastar seu dinheiro naquele lugar um tanto perigoso, arriscando-se ao fazer apostas altas das quais não conseguia pagar sempre, mesmo sabendo que seus donos não aceitavam pendurar dívidas. Eles apostava na sorte que não tinha. Por vezes o homem teve a possibilidade de ficar preso lá, com altas chances de nem sobreviver para poder sair. Talvez isso deixasse excitado, os riscos que corria o deixavam sentindo-se vivo.

Ichiya passava noites infindáveis naquele lugar, bebendo com diversas mulheres como se não houvesse amanhã, como se não tivesse alguém lhe esperando em casa. Ele preferia fingir que não tinha. Odiava imaginar a garota que estava sob seus cuidados, Tomoe sabia que ela não tinha o seu sangue, afinal sendo estéril era impossível ser sua filha. Sabia ser fruto de uma traição, uma criatura que certamente desprezava no fundo do seu âmago.

Se não gostava dela, por que ele mantinha a menina consigo?

Investimentos futuros. Tomoe via na criança uma garantia, fosse com um trabalho futuro que ela faria, seus cuidados ou até mesmo cogitava a possibilidade de vendê-la. Não importava, a menina para si não tinha nenhum valor emocional, apenas carregava seu sobrenome como se fosse sua propriedade para benefício próprio.

A filha de uma traidora. Era apenas isso que ele via quando observava a garota, sempre foi apenas isso aos seus olhos. Ela é seu carma, quem viu crescer e se tornar uma mulher com traços muito semelhante ao da mãe. Todavia, isso foi bom, a jovem tinha uma beleza realmente agradável, era toda tímida e quase nunca questionava, parecia sempre aguardar com expectativas suas aprovações. Tomoe se via como um marionetista puxando as cordas de sua boneca. Ele a controlava sem esforços e parecia que a mesma tomava decisões, poucas coisas - como a faculdade escolhida - foram decisões próprias dela. O homem sorria da criança manipulável que criou, tão frágil por falta de afeto que se esforçava por migalhas, isso o divertia.

Nessa perspectiva, Nome era a mercadoria perfeita para ser trocada, foi pensando nisso que o mais velho a vendeu para o Hiro Hitoshi.

Anteriormente havia dito que Ichiya apostava com grandes riscos em cassinos da região, bem, houve um dia que contraiu uma dívida absurda, a qual provavelmente o obrigaria a vender o pouco patrimônio que lhe restava. Mas Hiro apareceu, um carniceiro a espreita, esperando para encontrar a carcaça de um miserável qualquer. O jovem de então de vinte anos com uma inteligência de víbora também costumava frequentar aquele cassino, embora estivesse mais ausente por frequentar a faculdade e estar aprendendo diretamente o ofício do pai.

Hiro fugia para o cassino assim como Tomoe, para fugir da realidade. Ele conheceu o mais velho lá, nessa época planejava maneiras de como trazer sua meia irmã de volta, sem seu pai lhe deserdar, uma tarefa frustante pois achava que só poderia fazer quando todos - seu pai, mãe e a mãe dela - estivessem mortos.

Hitoshi conheceu um pouco de Ichiya, a história dele não era segredo pra ninguém, principalmente quando estava bêbado e foi em um desses momentos que soube da existência da filha. Com seus problemas familiares somados aos de Tomoe, Hiro divagou algo que nunca havia lhe passado pela cabeça, uma ideia que lhe possibilitaria ter sua irmã sem perder o direito de herdeiro.

"E se eu arrumar uma esposa de enfeite?" Pensou especulativo. Quando a ideia ganhou forma completa o jovem Hitoshi concluiu que seria essa a sua solução.

Gentleman (Taiju Shiba)Onde histórias criam vida. Descubra agora