Capítulo XXXV

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Quando Elijah surge na sala de visitas do castelo de Vladimir com a feição abatida e chorosa, os presentes já podem imaginar o que havia acontecido. A garota havia partido.

ㅡ Ela…ㅡ Vladimir começa, apesar de ter uma ideia de que o pior tivesse acontecido. Elijah apenas assente, antes que ele possa concluir sua frase, afinal já sabia muito bem qual seria a pergunta.

Apesar de estar odiando o romeno naquele momento, por tudo que ele havia feito, o vampiro original consegue perceber que algo muda em sua feição quando recebe a desagradável notícia. O romeno parece perdido e só consegue abaixar a cabeça e apoiar a mesma nas mãos.

ㅡ Eu vou lá fora um pouco, preciso tomar um ar. ㅡ O vampiro original se pronuncia, chamando a atenção de todos para si.

ㅡ Quer que eu te acompanhe? ㅡ Cassandra pergunta por gentileza. Elijah é seu melhor amigo, estaria sempre ali por ele, ainda mais nesse momento tão difícil para ele.

ㅡ Obrigado, Cassandra, mas não precisa, eu gostaria de ficar um pouco sozinho. ㅡ Expõe seu desejo e ela apenas assente.

ㅡ Claro, Elijah, nós entendemos, qualquer coisa que precisar estaremos aqui. ㅡ Diz, referindo-se a ela e Klaus e o vampiro assente, deixando o local para logo em seguida caminhar para o lado externo.

Com as mãos nos bolsos frontais da calça social ele caminha pelo imenso jardim, pensando em tudo que aconteceu nas últimas horas e a única coisa que é capaz de fazer é se culpar por tudo. Apesar de não ter culpa diretamente na morte da jovem, ele se culpa por tê-la introduzido ao mundo sobrenatural, tê-la trazido para a escuridão que envolve seu mundo.

Rapidamente uma frase que ouviu um tempo atrás vem em sua mente:

"Todos que se aproximam dos originais morrem e se não morrem sofrem de alguma forma, mas ileso ninguém sai."

Lembra-se no início de quando a conheceu, ela não queria ser trazida para esse mundo, queria apenas viver a vida, mas ele insistiu e agora vejam só o que aconteceu!

Ao mesmo tempo que se culpa, Elijah se arrepende por não ter dado chance ao amor quando teve oportunidade. Ela estava ali durante todo aquele tempo, sempre expondo seus sentimentos, dizendo que queria ficar com ele, mas ele não deu valor, mesmo sentindo exatamente o mesmo por ela não deu valor por medo, por todas as vezes em que amou e tudo deu errado.

Foram mil anos intercalando entre solidão e amores trágicos. O diálogo com Zafira um tempo atrás vem a sua mente com tudo quando pensa nisso:

ㅡ Seu rosto é uma melodia perfeita que não sai da minha cabeça, estou completamente envolvido por você, mas preciso que entenda que não quero mais um amor trágico.

ㅡ Mas você não sabe de todas as coisas, Elijah, não pode prever o futuro. Quem lhe garante que o que vamos viver será um amor trágico? ㅡ Indaga um tanto magoada pela forma como ele está se precipitando e ele se vira para encará-la. Ela sorri de modo doce e aquilo desarma o original no mesmo segundo. Por fim ela expõe: ㅡ pode ser um amor épico.

ㅡ Sim, amor, poderia ter sido um amor épico, mas eu estraguei tudo. ㅡ Voltando a realidade Elijah sussurra para si mesmo, sentindo um sentimento de impotência tomar todo seu ser.

Ele não se perdoaria jamais por aquilo. Jamais se perdoaria por tudo que fez Zafira passar.

ㅡ Acho que nem sempre “sempre é para sempre”, afinal. ㅡ Uma conhecida voz soa em tom de deboche e Elijah sente um sentimento ruim passar por todo seu corpo.

Lentamente o vampiro se vira, encontrando a figura da mulher por quem por muito tempo foi apaixonado, mas de quem sempre recebeu migalhas. Ele entende que também agiu de forma errada ao projetar expectativas em uma mulher apenas por ser idêntica a um antigo amor que havia partido, mas jamais perdoaria a mulher a sua frente por tudo que lhe fez passar. Por muito tempo sentiu um amor doentio por ela, mas agora não mais. Zafira o havia curado daquilo com seu amor puro e verdadeiro e ela era a única em quem ele conseguia pensar, nenhuma outra.

Por mil anos | Elijah Mikaelson Onde histórias criam vida. Descubra agora