05. The prince

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– Mãe? – Chamou assim que entrou em casa e trancou a porta. – Mãe, está no seu quarto? – Perguntou andando pelo corredor estreito que saia da sala, tinha as paredes verdes e várias fotos emolduradas e espelhos. Caminhou até o final e entrou num pequeno quarto e acendeu a luz.

O quarto era cheio de quadros seus em diferentes ângulos, todos pintados a dedo com cores misturadas como um arco-íris tenebroso e um pouco abstrato demais. Se sentiu constrangido, de alguma forma, estar ali o fazia ficar mal. Ele desligou a luz e entrou no banheiro.

Tomou um banho rápido, mas eficaz e quando parou de frente para o espelho. No lugar onde antes era vermelho, perto de seu ombro, era como se algo quisesse altar de dentro, uma pequena protuberância.

– Louis, já está em casa? – Ouvia a voz de sua mãe e a porta do apartamento batendo.

O machucado agora escorria sangue, ele foi até a porta e colocou o balde de roupa suja para impedir de alguém entrar. Na casa, em nenhuma porta, tinha tranca. Passou a mão pelo inchaço perto do ombro e limpou com água.

– Louis quando sair daí estarei na cozinha. Venha pra cá.

Ele se apressou em limpar tudo e se enxugar. Vestiu o roupão e seguiu para lá, os cabelos molhados contra a testa.

– Meu Lou, Rainha dos Cisnes. – Ouviu sua mãe cantarolar assim que ele entrou na cozinha, seus olhos se encontraram com os dela. Jay fez um gesto mostrando um bolo grande e branco com detalhes de confeitaria vermelhos, Louis correu para abraça-la. – Comprei nosso preferido. Baunilha com recheio de morango.

O sorriso de Louis começou a se desfazer aos poucos, a maldita insegurança lhe aflorando na pele.

Viu sua mãe cortando o bolo e se apressou em colocar:

– Mãe, não muito grande. – Olhou assustado o tamanho da fatia. – Tá muito grande.

– Só hoje. É uma comemoração.

– Meu estômago ainda está embrulhado.

O sorriso no rosto de Jay se desfez e com um "tudo bem" ela pegou o bolo na bandeja e o jogou no lixo.

– Mãe, não faz isso. Desculpa.

– Eu estou tão orgulhosa de você.

Louis estava de volta ao auditório principal onde ensaiava pela primeira vez como a Rainha dos Cines oficialmente. Olhou Harry comentar algo com uma das mulheres de rosto rígido e inexpressivo que sentavam ao seu lado nas cadeiras acolchoadas no canto da sala.

Ele deu inicio aos movimentos: um giro acompanhado de um salto e um bater de asasimponentes, a expressão buscando transparecer os sentimentos de sua personagem, o tule branco preso a sua cintura.

Ergueu os braços e suas costelas marcaram na regata, Tomlinson era um rapaz magro e rápido, o que o deixava, de certo ponto de vista, elegante ao extremo. E tal elegância só o ajudava mais a tornar seus passos perfeitos.

Dançava em direção ao garoto de preto que estava do outro lado, ele o conhecia, mas nunca tinham trocado se quer uma palavra. Era Zayn Malik, um dos dançarinos mais experientes daquela companhia, e ganhou facilmente o papel de príncipe no musical.

Os olhos verdes de Styles seguia milimetricamente cada passo de Tomlinson, ele sabia que o garoto conseguiu os dois cisnes, só era necessário um pouco mais de esforço para trazer o Cisne Negro à tona, mas seria esse o seu desafio, ajudar Louis a encontrar seu lado negro.

Malik e Tomlinson começaram uma dança de perseguição, com os braços abertos em asas, o menor fugia do príncipe que o seguia em passos marcados, deixando-o escapar por entre os dedos, era quase tão real quanto sentir as penas brancas se esvoaçarem de sua mão.

Os dois trocaram um olhar, uma emoção, os braços de Zayn passaram por cima da cabeça de Louis, tentaram agarrar sua cintura. Sem sucesso. Dançavam em seu próprio ritmo, tentando conciliar as duas existências. Era uma fuga, há quem diga que nasceram para estar, na verdade alguns apenas nasceram para correr, assim era o Cisne Branco.

Uma brusca batida em seu peito se fez menção quando Harry viu o passo seguinte, Zayn puxou Louis pela mão, o girou sobre seu controle e os dois ficaram cara a cara, os rostos separados por uma distância mínima.

– Tudo bem, obrigado. – Interveio Styles e Louis se afastou apressado de Malik que sorria malicioso, não conseguindo esconder o gosto que tinha na boca. O gosto da conquista. – Obrigado, Louis. Está muito bom. – Disse ao ver o sorriso animado no rosto de Louis. – Mas eu sabia que o Cisne Branco não seria problema. – Levantou ficando de frente para o garoto, o obrigando a olha-lo de baixo. – O trabalho pesado será virar a irmã gêmea. E sei que tive um vislumbre dela ontem. – Deu as costas e pegou um copo de café, ali perto. – Então se prepare para continuar aquela mordida. – O sangue do rosto de Tomlinson sumiu enquanto era observado pelas duas mulheres sentadas ali.

Louis se afastou das duas quando não viu mais Harry presente na sala, andou em direção a Zayn e o agradeceu pela ajuda.

Agora ele treinava com sua professora, em um dos estúdios secundários.

– Subiu e... Isso. – Louis repetia os movimentos da mulher, suaves e precisos. Chamativos, mas graciosos.

Estava tentando, de verdade, queria mostrar seu Cisne Negro, mas era difícil para ele.

– Imagine que uma força maligna o está chamando – dizia a professora – e você não pode escapar. Está fora de controle. – As duas mexiam os braços em sintonia, acudiam suas asas negras de cisne. – Você pode sentir. Fica mais ciente. "Está chegando. Está me tomando". Um pouco mais desesperado, Louis. Isso. – Os movimentos ficavam mais ardilosos e frenéticos, até. – Talvez possa levantar mais um pouco, e abaixar em seguida. Isso.

Saiu de lá, já um pouco tarde, e enquanto bebia água ali perto, no outro estúdio escutou uma música alta, a mesma música que ele ensaiava em casa. Curiosos, aproximou-se da porta e entrou. De onde estava viu Emilia ensaiando, com um circulo de pessoas a observando e uma professora nova lhe dando os comandos.

Era necessário se admitir que ela realmente tinha talento e paixão, talvez mais ousadia do que os dois, mas era esforçada. Louis a observou com cuidado, analisando os movimentos que julgava que se fosse ele ali, faria diferente. Com mais perfeição.

– Veja como ela se move. – Foi surpreendido pela voz rouca de Harry em seu pescoço. Sentiu o corpo do homem encostado ao seu, o peito em suas costas. Suas pernas tremeram e os pulmões se encheram do perfume viril dele. Não se atreveu a virar-se, apenas continuou olhando para frente. – Sem precisão, mas sem esforço. Ela não está fingindo.

E da mesma forma que veio ele se foi, deixando-a ali com a visão de Emilia que puxava Malik para dançar com ela.

Swan Song (AU! Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora