14. Metamorphosis

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Louis abriu a porta de casa, as mãos ainda trêmulas e o cabelo bagunçado. Estava tudo escuro, mas logo que entrou acendeu as luzes, seus olhos estudando a sala silenciosa.

Soltou a bolsa sobre uma das cadeiras, e foi até a cozinha. Acendeu a luz e abriu a torneira da pia para lavar as mãos, olhou para os lados e nada. O silêncio parecia se empreguinar em cada pedaço da casa. Era agoniante.

Enxugou as mãos e desligou a luz, voltando para a sala.

– Garoto meigo. – Ouviu e voltou correndo para a cozinha e automaticamente ligando a luz.

Deixou escapar um gritinho esganiçado quando viu a figura de sua mãe descabelada e com o rosto retorcido em um terror doloroso, seu pescoço estava cortado e o sangue banhava sua camisola.

Ele correu de lá tirando o casaco e entrando no corredor, seguiu para o banheiro deixando casaco em algum canto no trajeto e se ajoelhou na frente do vaso sanitário. O queimo cantou na boca do seu estômago e o ácido acentuou em sua garganta. Sentiu que fosse vomitar fogo.

Passou a manga longa da camiseta de algodão na boca, e quando levantou encarou a porta aberta do banheiro.

– Mãe? – Chamou saindo do banheiro, o cenho franzido e uma dor batucando contra seus ouvidos.

– Garoto meigo! Meu Boo! Meigo, meigo! Meu garoto, meu menino! Meu Boo, meu! Meu!­ – Gritavam os desenhos e os quadros que se mexiam frenéticos por todo o quarto quando ele acendeu a luz.

– Parem! – Tomlinson gritou e correu de encontro aos seus próprios retratos que clamavam por ele. Os arrancou , os rasgou, e derrubou no chão. Destruiu.

Virou-se encontrando a mãe parada na porta, a boca aberta em surpresa.

– O que está fazendo?

Ele passou correndo por ela, sem lhe dar atenção, sua cabeça doía.

– Boo?

Mas Louis já havia entrado no quarto e se abaixado para colocar o pedaço de madeira travando a porta. O grito que ecoou pelo quarto em seguida era de dor, e veio dele, quando sentiu sua coluna estralar ao se levantar. Parecia ter quebrado ao meio, era um som assombroso.

– Lou? – Ouviu a voz da mãe chamar do outro lado da porta. – Louis!

– Vá embora! – Gritou de volta correndo para o espelho.

– Abra a porta! – Ordenou Jay tentando forçar sua entrada, mas a única coisa que conseguiu foi abrir uma brecha que não adiantou de nada.

– Vá embora! – Repetiu enquanto tirava a camiseta e seus olhos se enchiam de lágrimas.

Voltou-se para o espelho e o que viu o assustou, fitou o próprio reflexo no espelho e arregalou os olhos ao perceber que os mesmos estavam vermelhos como sangue. Uma pintura diabólica.

Sentiu as costas arderem, e virou o ombro para poder visualizar no espelho e se assustou quando a pele crispou e a vermelhidão começou a se espalhar, como mágica, penas negras começaram a crescer pequenas dos poros abertos.

– Louis, abra já essa porta! – Ouviu a mãe gritar, mas não deu importância.

Franziu as sobrancelhas com a dor que sentiu ao puxar uma das penas que cresciam, os olhos ainda vermelhos. Sua mãe ainda gritava lá fora, esmurrando a porta. Ele puxou a pena e fitou-a.

Foi puxado de toda aquela inovação quando sua mãe conseguiu quebrar o pedaço de madeira que impedia a porta de abrir e entrou no quarto. Ele foi com violência ao encontro de Jay e a empurrou para fora do quarto.

– Saí daqui!

– O que você tem?

– Saia daqui! Saí!

– Você está doente. – A mulher gritava inutilmente tentando avançar para o  filho que tinha os braços estendidos e a empurrava para fora.

Louis fechou a porta quando deu um último empurrão na mãe, mas a ouviu gritar ao perceber que havia fechado a porta e imprensando os dedos dela.  Ouviu o choro da mulher lá fora, seus olhos pareciam ainda mais vermelhos e leitosos.

Ao dar alguns passos para trás, escutou outro crac, alguma coisa quebrou, pensou, mas logo sentiu a dor lhe invadir, olhou para baixo, e constatou: sua panturrilha esquerda havia sido puxada para trás, em seguida a direita. Então ele se desequilibrou e ao cair bateu com a cabeça, desmaiando logo em seguida.

Tomlinson acordou vendo sua mãe vir em sua direção.

– Calma, tudo bem. Vai ficar tudo bem. – Ela dizia, como se dissesse para uma criança de dois que cai da bicicleta. – Estou aqui.

– Cadê o meu relógio? – Perguntou sentando na cama e passando a mão nos cabelos, tudo ainda estava meio confuso em sua cabeça.

– Não se preocupe com isso?

– Que horas são? – O nervosismo já transbordava em sua voz. Era assim ultimamente.

– Minha apresentação é hoje, eu tenho que...

– Não, não. – A mãe tentou empurrá-lo de volta para a cama. – Não se preocupe. Liguei para o teatro e disse que você não estava se sentindo bem.

– o quê? Tenho de ir. – Ele levantou apressado, deixando sua mãe na cama.

– Não. Deite-se!

Louis a ignorou e puxou se casaco e colocou por cima do pijama.

– Não. Você está doente. Isso não é importante. – Jay gritou segurando-o, mas Louis se soltou e a empurrou. A mulher caiu no chão, a mão enfaixada dolorida.

– Eu sou a Rainha dos Cisnes! Você é que nunca foi importante! – Disse saindo, ouvindo sua mãe chamar seu nome uma última vez.

Viu todo o movimento que se formava na frente do Teatro, e quando finalmente entrou suspirou aliviado. Todos que se arrumavam e passavam pelos corredores dos bastidores o encaravam como se fosse um alienígena. Ele já passou tirando casaco, e os cabelos eram puxados pra trás pela mão.

– Concentração. Agora é com você. – Ouviu Harry dizer para Emilia que estava vestida como Cisne Branco e imediatamente arregalou os olhos ao vê-lo ali.

– O que faz aqui? – A garota perguntou com o analisando com os olhos, de cima a baixo.

– Louis? – Styles se virou surpreso.

– Ele não estava doente? – Ainda ouviu Emilia questionar, mas apenas ignorou aos dois e entrou no camarim.

– Espere. Nos dê um minuto. – Harry entrou no camarim também, fechando a porta num baque surdo. – Você está bem? – Perguntou ao se virar e encontrar Louis sentado e abrindo os potes de maquiagem, os dois trocaram um rápido olhar através do espelho.

 – Estou ótimo. – Sorriu minimamente e começou a passar a maquiagem sobre o rosto. Nas maçãs e completando os detalhes acima dos olhos.

– Louis, eu... – hesitou, estava tentando achar as palavras certas, não queria ferir os sentimentos do menor, mas quando olhou naqueles olhos azuis não encontrou a fragilidade de antes, mas uma força liberta. – é que eu já pedi a Emilia.

– Já anunciou? – Levantou o olhar, sustentando a expressão de dúvida.

Ele não respondeu.

– Depois da Beth, quer realmente outra polêmica? Eu estou aqui, Harry. Vou dançar.

Styles estava impressionado com a evolução do garoto. Não, garoto não. Cisne, Cisne Negro. Ele sentia-se orgulhoso por fazer parte daquilo. Aproximou-se vendo Louis ainda se maquiando, colocou as mãos grandes nos ombros do outro.

– A única pessoa no seu caminho é você mesmo. É hora de dar adeus a ele. Deixe-se levar. – Sussurrou contra o ouvido de Louis e, em seguida, lhe depositou um beijo no canto da boca, sentiu Tomlinson estremecer.

Levantou e com um sorriso sedutor como de costume saiu do camarim deixando o Cisne Negro sozinho.

Swan Song (AU! Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora