01. The girl

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Louis Tomlinson sentou na cama, o sorriso leve ainda marcando seu rosto. Meneou a cabeça, como quem exercita o pescoço, esticou os pés e seus dedos se curvaram fazendo-o fechar os olhos ao ouvir um pequeno estalo já familiar.

Levantou e ainda com a calça de moletom e a regata que usava se pôs diante do espelho de três partes que era um pouco maior do que ele. Alongou-se diante de seu próprio reflexo. Viu a figura de sua mãe passando na frente da porta de seu quarto que estava aberta, massageou o pé esquerdo.

Sua mãe entrou no quarto.

— Tive um sonho estranho essa noite. — Seus olhos vagueavam nas lembranças dos detalhes daquilo que falavam enquanto suas mãos continuavam o trabalho de massagear. — Eu estava dançando o Cisne Branco. — franziu rapidamente as sobrancelhas, mas lembrou do que sua mãe disse sobre fazer aquilo. — Mas era uma coreografia diferente. Era mais no estilo Bolshoi.

Seus olhos se ergueram por um momento, mas logo voltaram com o mesmo vazio distante de quem está sonhando acordado.

— Era o prólogo, quando Rothbart lança o seu feitiço.

Não obteve resposta, quando sua mãe juntou as roupas sujas nos braços disse:

— Venha, já fiz seu café.

Louis levantou e a seguiu pelo corredor estreito do apartamento, sentou-se a mesa e não fez cara feia quando sua mãe colocou a metade de uma grande laranja e algumas fatias de maça em seu prato, na verdade quatro.

— Olha como tá vermelha! Que linda. — Louis deixou escapar numa voz empolgada e meio embaraçada por ter acabado de acordar.

— Está de bom humor hoje. — Jay lhe sorriu, feliz pelo bom humor do filho.

— Ele prometeu que me daria mais destaque nesta temporada. — Mordeu um pedaço de maçã que logo se desmanchou em sua boca enquanto era mastigado.

— E deve mesmo, você já está lá a bastante tempo e você é o bailarino mais dedicado da companhia. — Louis sorriu minimamente em resposta.

Viu sua mãe se aproximar com um casaco em mãos.

— Levanta. — E quando ia vesti-lo, sua expressão ficou seria em uma carranca. Seus focalizaram na região perto do ombro de Louis que a regata deixava a mostra, estava vermelha e com pequenas bolhas. — O que é isto?

— O quê? — As palavras vieram de um garoto confuso.

Jay puxou Louis para frente de um espelho que tinha na sala, na verdade tinham espelhos espalhados pela casa toda.

— Isso. — Virou-o no espelho para que o mesmo pudesse ver, afastando um pouco a regata.

— Nada — sacudiu a cabeça em negação.

Mesmo a contragosto, sua mãe lhe empurrou o casaco, ajudando-o a vestir, os olhos presos no pescoço do garoto a procura de mais alguma mancha.

— Não quer mesmo que eu vá com você? — Ele respondeu com simples gesto negativo e a mulher o segurou no rosto, os dedos magros fazendo um carinho. — Garoto doce.

O garoto de intensos olhos azuis encarava o próprio reflexo no vidro escuro da janela do metrô, sentiu o ritmo do trem diminuir aos poucos, estavam chegando a uma estação. Através do vidro da porta de seu vagão que dava de frente com a porta do vagão ao lado pôde ver uma garota de fones de ouvido escondida dentro de seu casaco volumoso e cabelos penteados para trás presos num coque.

Enquanto o trem parava, Louis observou a garota descer e uma voz sair pelas pequenas caixas de som no teto: "Este trem é o Centro 01 para South Ferry. Próxima parada, 72 Street. Afastem-se das portas, por favor." Ele acompanhou-a pelas janelas até perder a garota de vista.

Não demorou até chegar aonde ia descer, quando saiu do vagão soltou o ar que não tinha reparado que prendia tão inutilmente. Encaminhou-se para as escadas de saída do metrô e subiu apressado.

Ele caminhou alguns poucos minutos até chegar ao seu destino. Era um prédio grande com uma fachada bonita, as portas eram de vidro escuro e nas paredes grandes cartazes de anuncio se estendiam com os dizeres "Clássicos de inverno recriados — Nova temporada". Louis observou com cuidado, sonhava que um dia seu rosto estivesse em um daqueles e que fosse tão famoso quanto a bailarina que estampava aquela campanha.

Subiu a pequena escadaria de quatro degraus baixos e abriu a porta adentrando ao prédio.

Estava agora no camarim onde todos os bailarinos e bailarinas ficavam não havia divisão por sexo, ali dentro eles eram artistas. Louis se arrumava para o ensaio na frente de um dos espelhos, às suas costas algumas garotas conversavam algo, e Louis se atreveu a prestar atenção no que diziam:

— Você viu a Beth hoje? Não acredito que ela voltou. — Disse uma delas, o tom de voz como quem está indignada.

— É claro que ela voltou. — Rebateu outra.

— Mas ela não se toca? — Voltou a falar a primeira. — A companhia está quebrada. Ninguém vem mais vê-la.

— Ninguém vem mais para ver balé. Ponto final. — Intrometeu-se um dos bailarinos.

— Isso não é verdade. O Royal teve uma de suas melhores temporadas. — Voltou a segunda que Louis classificou como Flamingo.

Louis suspirou e terminou de arrumar sua roupa.

— Ele só precisa de algo novo, só isso. — Flamingo colocou.

— Não. Alguém novo. — Disse a que inicio a discussão, Louis também a apelidou. Chamou-a de Garça.

—Tipo quem?

— Tipo alguém que não esteja perto da menopausa. — Garça respondeu enquanto terminava sua maquiagem.

— Que triste. — Tomlinson pensou alto.

— O que é triste? — Perguntou Garça e todos acompanharam seu olhar quando ela se virou para Louis.

Ergueu a cabeça um pouco confuso, e se culpando mentalmente por ter deixado as palavras escaparem de sua boca. Seus olhos focalizaram o espelho, e através dele pôde ver Garça o olhando.

— Beth é uma bailarina incrível.

— É, minha avó também. — Flamingo ressaltou e todos riram com ela.

— Fonteyn dançou até os 50 anos. — Lembrou-as.

— É, a gente sabe.

E com a resposta de Garça todos voltaram a ficar em silêncio, Louis estava guardando seu material quando ouviram passos apressados e viraram-se, ele abriu a boca, tentando disfarçar ao máximo sua surpresa.

— Solistas? — Perguntou a garota que regulava a respiração.

Era a menina que Louis virá no trem.

Ele confirmou com um aceno de cabeça.

— Maravilha! — Exclamou a outra se aproximando de uma das cadeiras vazias.  — Eu perdi a droga da minha estação. Tive que andar desde a 79 Street.

— Quem é essa? — Perguntou Garça ao garoto que sentou ao seu lado.

Tomlinson percebeu os olhares sobre a garota que chegara assim como a mesma olhava a todos, e ao mesmo tempo tirava sua roupa normal e vestia a do ensaio.

— É a garota nova de São Francisco. — Respondeu em um sussurro nada discreto o garoto. Louis não conseguia achar um apelido para ele.

Swan Song (AU! Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora