04| Garrett Ambrosini

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"Eu quero estar com você,
isso é tão simples
e complicado assim"
Charles Bukowski

Estava na sala com meus irmãos, após o almoço, Cecília está deitada com a cabeça em meu colo, Bruno sentado no chão, encostado na parte do sofá que está os pés dela, enquanto Keith e Bianca estão disputando xadrez no outro sofá. Uma das minhas partes favoritas do dia é quando estamos todos juntos, sem preocupações para incomodar, eu realmente posso relaxar.

— Por que estão me acusando se foi ela que escolheu isso? – Cecília pergunta, indignada, e Bruno a olha como se dissesse "conhecemos nossa irmã".

Ela estava contando sobre a nova briga que teve com a melhor amiga dela, Tayla. Elas duas sempre brigam então nenhum de nós parece impressionado.

— Juro que não foi culpa minha – insistiu —, ela já sabia o que podia é o que não podia fazer, mesmo assim ela fez o que não podia, simples, não somos mais amigas – cruzou os braços, irritada.

— Estou sentindo que essa cena já aconteceu, já passamos por isso quantas vezes? – perguntou Bia, desviando o olhar por dois segundos antes de voltar a se concentrar nas peças.

— Acho que essa é a terceira vez – eu disse, passando distraído a mão pelos fios loiros do cabelo de minha irmã.

Minha cabeça escolheu justamente o momento atual para continuar a me lembrar do anjo de cabelos encaracolados, eu queria ter um momento de paz mas continuava pensando no fato de que ela havia me seguido de volta. Não é nada de mais, mas minha mente continua a insistir que isso é uma abertura para que eu faça algo, mas que eu sou covarde demais para me mover. Não é mentira, de um jeito ou de outro.

— Não, deve ser a quarta, teve aquela vez que elas brigaram pelo crepe, contou essa? – perguntou Bruno. — É a minha preferida – disse com um sorriso, e Ceci deu um leve chute em sua cabeça.

— Verdade, teve a vez do filhote de gato também – Bia lembrou.

— Mas dessa vez é de verdade! – Ceci disse, antes que alguém tivesse a chance de acrescentar alguma outra briga passada.

— Ceci, principessa, você tem uma ótima amiga e o que aconteceu foi uma trivialidade, logo vocês se perdoam e voltam a se falar, não adianta encher a cabeça procurando quem foi o culpado de quê – disse Bruno, sorrindo encorajador.

Ele é um bom conselheiro, isso é algo que nem todo mundo sabe, e ninguém diria que é verdade indo pela personalidade dele.

— Mas se não voltarem é só fazer uma nova amiga – disse Bia, em um tom prático, olhando para Cecília.

— Xeque mate!¹ – exclamou Keith, e ela se voltou para ele assustada.

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