24. Soulbond

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Josh nunca foi o tipo de ômega sonhador, daqueles que esperariam sempre que o melhor estava por vir, que em algum momento sua vida mudaria. Ele estava resignado com o próprio destino e fazia o impossível para que seus irmãos tivessem um diferente, a principal razão para concordar em manda-los para tão longe era mantê-los afastados o suficiente da sua vida, para que não conhecessem uma realidade ruim.

Entretanto, se havia algo que sempre lhe voltava a mente sobre a época em que viveu no edifício Salvation, eram as conversas sobre soulmate bonds, ou a conexão natural que existia entre um alfa e um ômega que estivessem destinados a ficarem juntos. Sempre ouviu histórias, desde muito novo, sobre o quanto era raro, o quanto era bonito quando acontecia, como era algo quase místico, mágico.

Noah se levantou rapidamente, limpando-se e vestindo-se como podia, beijou a bochecha do ômega e saiu do quarto em direção ao do filhote que chorava à plenos pulmões. Josh sentou-se na cama e encarou a marca recente em seu quadril, doía como o inferno, passou as pontas dos dedos cuidadosamente sobre as manchas de sangue, limpando-as rapidamente, extremamente sem reação.

- Josh, eu preciso de ajuda aqui... - ouviu Noah chamar do quarto do filhote e obrigou-se a levantar, fez o mesmo, limpando-se o máximo que pôde, acabou com a camisa e a calça do alfa, enquanto corria até o quarto de Arlo.

- Você me chamou? - disse apressado entrando no quarto, tentando fechar as calças do alfa que não lhe serviam.

- Na verdade não... Mas, já que veio, eu acho que ele está com fome. - Josh ergueu os olhos vendo-o sentado na poltrona, com o filhote nos braços.

- Tem certeza? - Josh perguntou confuso - Eu juro que ouvi você dizer que precisava de ajuda!

- Não amor, eu só pensei em te chamar. - deu de ombros.

- Eu vou... Preparar a mamadeira dele... - deixou o quarto em direção a cozinha com uma estranha sensação no estômago.

Quando encontrou o alfa pela primeira vez, Josh se lembrou da sensação de proteção que ele lhe inspirou, imaginou que tivesse a ver com sua condição de ômega, mas, naquele momento, enquanto sentia a marca pinicando sob a calça, tudo estava tão intenso, não era só uma sensação, ele sabia que estava protegido. Sabia que Noah o amava de um jeito tão profundo que seu coração doía. O dele também.

Voltou ao quarto e encontrou o alfa embalando Arlo, olhando o filhote com adoração, amando-o como se fosse dele, cantarolando baixinho qualquer música que ele não pôde identificar. Sentiu um bolo se formar em sua garganta e encarou-o emocionado.

- Anda logo com isso Josh, eu não vou conseguir distrair ele muito mais tempo. - Urrea sentenciou, chamando a atenção do ômega que se aproximou com a mamadeira e lhe entregou. - Aí está, esfomeado.- fingiu uma reclamação enquanto alimentava o filhote.

Josh sentou-se no chão, ao lado da poltrona onde Noah estava sentado e apoiou as mãos e o queixo sobre o joelho do alfa, que o olhou confuso.

- O que você tem? - Urrea questionou curioso.

- Eu amo tanto você... - respondeu baixinho fazendo-o sorrir pretensioso.

- Eu sei. - deu uma piscadela vendo o sorriso do ômega aumentar em seu rosto.

Com o passar dos dias. Josh e Noah perceberam algumas mudanças desde que o alfa reclamara o ômega e o marcara como seu. Fosse a sensação de sempre saber onde o outro estava, sentir o que o outro sentia, até mesmo saber o que o outro estava pensando, era tudo surreal demais. Por fim entenderam: estavam destinados a ficarem juntos, eram um famoso- e raro - caso de almas gêmeas que se encontraram. Josh tinha pouco conhecimento a respeito das infinitas possibilidades e inúmeras vantagens de se tornar um ômega marcado. Melhor ainda, de ser agraciado por aquela conexão mágica entre almas gêmeas, ele não fazia ideia de que podia ser tão bom.

How to Save a Life • abo || N.B Onde histórias criam vida. Descubra agora