19. Heaven

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– Josh, posso entrar? – Wendy deu duas batidinhas na porta do quarto que estava encostada, fazendo com que o ômega, que estava distraído terminando de arrumar algumas coisas no quarto olhasse para ela e assentisse um tanto surpreso. – Eu queria conversar com você... Um pouquinho...

– Claro, Sra. Urrea... – Beauchamp fechou a mala e sentou-se na cama, deixando espaço para que a ômega mais velha sentasse ao lado dele.

– Pode me chamar de Wendy, doce... – sentou-se, começando a tocar os dedos nervosamente. – Eu quero me desculpar com você, Josh.

– Perdão...?

– Pelas roupas, o relógio... Eu estava errada sobre você. – Josh percebeu que a mulher tinha os cantos dos olhos um pouco úmidos e a expressão entristecida.

– Está tudo bem, foram só presentes. – Beauchamp respondeu sem graça.

– Não foram, Josh. Não precisa fingir que não se sentiu mal ou estranho. Eu tenho feito algo com você esses últimos dias, algo que eu percebo agora que foi errado, algo de que não me orgulho. – suspirou uma vez antes de continuar – Eu só peço que você me entenda, eu realmente gosto de você, eu só... eu tentei interferir nas vidas de vocês e isso foi errado. Eu só fiz porque me preocupo...

O rapaz de olhos azuis não esperava aquela conversa. Wendy havia se distanciado dele nos últimos dias, pouco antes do fim das férias, volta e meia relembrava coisas constrangedoras sobre o pai de Amelia, como se quisesse a todo momento demonstrar que Josh não pertencia àquele lugar, como se ele estivesse usurpando um direito que pertencia apenas à Alex. Não que ele precisasse ser continuamente lembrado disso, ele já sabia que não tinha direito nenhum.

Mas, naquele dia ela estava diferente, Josh percebeu assim que ela entrou no quarto, a expressão sisuda havia sido substituída por algo entre o triste e o envergonhada. Não sabia bem o que tinha acontecido, talvez Noah tivesse conversado com ela, talvez Linsey o tivesse feito, no fim das contas, não importava o que havia causado aquilo, ele só estava aliviado.

Calmamente, Wendy tomou a mão do ômega entre as dela, segurando-a carinhosamente. Seu olhar variava entre o maravilhado e o confuso e Josh tinha a impressão de que era ele quem causava aquela confusão nela.

– Você foi o primeiro a conquistar o coração dele desde que o Alex se foi e eu... Eu acho que eu não estava preparada, apesar de desejar que o Noah fosse feliz novamente. – Josh engoliu o seco – Você é único Josh e eu deveria ter percebido isso só pela forma como a Amelia olha pra você. Se você puder me perdoar... – fez uma pausa e suspirou profundamente antes de retomar – Vocês têm a minha benção, é claro que têm...

– Está tudo bem, não há nada para perdoar... – Beauchamp sorriu, erguendo a mão livre e cobrindo as mãos da ômega – Mas, obrigado por me aceitar na sua família.

– Não, doce, a nossa família. Você é parte dela. Vocês dois são.

Josh sorriu largo exibindo as conhecidas ruguinhas nos cantos dos olhos, recebendo um caloroso e apertado abraço logo em seguida. Era como um final de novela, a benção de Wendy, mesmo que não tivesse efeitos práticos, significava muito para o ômega. Significava que ele e o seu filhote estariam agora sob a proteção dos Urrea e ele não podia estar mais agradecido à vida pela segunda chance que recebera.

Então o mês de férias chegou ao fim, ao todo foram apenas quatro semanas e Beauchamp havia experimentado um misto de sensações quase imensurável, algo que ele havia estranhado no começo, mas, agora sentia-se até mesmo um pouco culpado por aceitar tão bem. Dormir e acordar ao lado de Noah, cuidar de Amelia e Thomas, conversar com Linsey. Realmente se tornara parte da família e ele não fazia ideia de que era tão bom se sentir protegido.

How to Save a Life • abo || N.B Onde histórias criam vida. Descubra agora