16. Naked

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O que acontece quando a tua alma não está acostumada à felicidade? Ou no mínimo à calma, rotina e segurança de um lar acolhedor? Josh havia acordado no fim da madrugada passando absurdamente mal. Seu estômago estava embrulhado e ele precisava, em caráter de urgência, expelir qualquer que fosse aquele corpo estranho que fazia seu sistema digestivo funcionar errado.

Cambaleou até o banheiro, ajoelhou-se em frente ao vaso sanitário e pôs os bofes pra fora. Um medo irracional havia se apoderado completamente do ômega e ele não sabia como fazer sumir. Talvez vomitando melhorasse. E foi o que ele fez. A sensação de desamparo, desproteção, como se não fosse digno, como se nada daquilo fosse real.

Em poucos minutos o rapaz de olhos azuis chorava copiosamente, não sabia bem por qual motivo. O desespero fazia com que seu estômago piorasse a ponto de não permitir que ele parasse de vomitar, mesmo que não houvesse mais nada além da náusea e da ânsia.

O barulho despertou o alfa de sono leve que desceu as escadas com cuidado, assustando-se com a iluminação no corredor que dava para o quarto de Josh. Apressou o passo e alcançou o banheiro. Todo seu corpo entrou em alerta máximo ao encontrar o ômega agarrado a privada como se sua vida dependesse daquilo.

– Josh! – agachou-se ao lado do ômega segurando-o pelos ombros.

– O que você... tá fazendo... aqui? – Josh perguntou atordoado, tentando afastá-lo.

– Se você soubesse a barulheira que está fazendo, não me perguntaria isso.

– Me-Me desculpe... – as bochechas do ômega estavam coradas e seus lábios úmidos e inchados, a franja colava-se a testa suada e Noah sentiu o corpo aquecido, até mesmo um pouco febril.

– Não se desculpe, venha, levante. – agarrou-o com um pouco mais de força erguendo-o com cuidado.

De fato, os sons característicos haviam acordado não só o alfa, os passinhos apressados de Amelia – e mais alguns outros – tornaram-se perceptíveis nos degraus. Josh virou-se de costas rapidamente, impedindo que o filhote o visse naquele estado, ela e Robert haviam descido para ver o que estava acontecendo.

– Está tudo bem? – o alfa mais velho perguntou, segurando Amelia e impedindo suavemente que ela entrasse no banheiro.

– Parece uma intoxicação, não sei, tenho que dar uma olhada nele... – Noah ainda olhava o ômega, passeando os dedos calmamente sobre o rosto do rapaz que ainda se recusava a encara-lo de volta.

– Vocês beberam? – Robert perguntou preocupado.

– Não o suficiente pra chegar a isso.

– O Josh tá dodói? – Amelia perguntou apreensiva, erguendo os olhos para encarar o avô.

– Não deixe a sua mãe saber que ele bebeu. – Robert deu de ombros. – Venha querida, o Josh só está enjoado, lembra que tem um filhote na barriga dele? – ela assentiu voltando a olhar para Josh. – Então, acontece, sua tia Linsey também ficava enjoada.

– O papai não precisa de ajuda então? – ela insistiu mais uma vez.

– Não, amor, eu vou cuidar do Josh, prometo. Vá com o vovô sim?

A garotinha soltou-se do avô e correu até eles, erguendo-se nas pontas dos pés para deixar um rápido beijo nas costas do ômega, aproximou-se do pai e o abraçou rapidamente, voltando até Robert e segurando sua mão. O alfa mais velho meneou a cabeça e voltou para o andar de cima com Amelia. Noah fez com que Josh se sentasse no vaso sanitário tampado, agachou-se na frente dele já que ele não o encarava e segurou seu rosto.

– Eu não devia ter bebido...

– Você se refere ao vinho ou às caipirinhas?

– Ambos, a gente secou aquela jarra de vinho...

How to Save a Life • abo || N.B Onde histórias criam vida. Descubra agora