Veracidade

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O local que escolheu para posar não era melhor que sua própria casa – nunca é, ao comparar com aquela mansão.

Suas costas reclamaram do leito desconhecido, mas isso durou até que o homem se dirigisse para o local de encontro.

Ele não havia se alimentado no hotel, deixou para o encontro com seu convidado na padaria, local em que chegou em menos de cinco minutos de cavalo. A pequena cidade ainda era grande o suficiente para ter que usar carroças e charretes para se locomover, mas não tão extensa quanto sua cidade natal.

O estabelecimento era requintado, decorado como se fosse de uma mulher, sabia quem era o dono; delicado e bem limpo, sem sujeira de trigo e amplo o suficiente para que não houvesse pessoas esbarrando ao sair.

Eram poucos, os clientes que estavam esperando para serem atendidos. Uma bela dama de fios claros e sorriso caloroso servia um assento, enquanto um belo rapaz de cabelos longos e escuro atendia no balcão.

A sala se preenchia com apenas três mesas para quem fosse comer ali, e uma delas estava ocupada por alguém que obviamente não era o tal matador, já que era um ancião.

Thranduil ignorou aqueles presentes, indo direto para um assento longe da janela de vidro, um pouco mais reservado à uma porta que provavelmente continha o lavabo.

— Bom dia Senhor! Posso lhe servir?

A jovem surgiu em sua mesa no momento em que sentou, quase o pegando de surpresa.

— Pequenos pães recheados e dois copos quentes de grãos moídos.

A menina sorriu e assentiu educadamente, mas revelando um leve franzir de estranhamento na fronte antes de sair.

Thranduil ficou a observar o local, de vez em quando olhando além da janela doutro lado da sala para ver o movimento da rua. Não contou os minutos, mas ficou a esperar tempo o suficiente para pensar que seu pedido de encontro fora ignorado.

Ele começou a sentir fome, sua ordem também não havia sido terminada, o que era de praxe já que pediu para dois e aparentemente era apenas a garota quem os preparava.

O movimento lá fora continuava mínimo, talvez essa rua não fosse tão movimentada, o fluxo dentro da padaria também diminuiu, entrando de vez em quando uma pessoa por vez.

Tentou afastar aquela sensação desconfortante do desespero..., o pensamento terrível a respeito de seus motivos para ir atrás de um profissional.

Suspirou e com um olhar vazio, quase sem esperança, tentou focar sua atenção em outros assuntos, outras imagens, outras lembranças... mas só conseguiu visar a porta de entrada do estabelecimento, onde desenhada em entalhe a mão, o homem ficou em transe a descobrir que tipo de flor era aquela entalhada na madeira escura.

Uma vez ou outra, pegava os olhares curiosos do atendente que estava agora sozinho no balcão.

E sua atenção foi tomada pela pessoa que abriu a porta calmamente, de todos que passaram por ali esse foi o que lhe atraiu mais.

Seu rosto carregava um semblante sério quase entediado, sendo invadido pelos delicados fios ondulados e escuros que se soltaram de um coque samurai alto e bagunçado..., sua aparência era relaxada, mas, estranhamente atraente aos olhos. A roupa era composta por uma camisa marinho de botões superiores abertos, as mangas arregaçadas e uma luva negra aparentemente de couro cobrindo apenas a mão direita, trajava calça visivelmente grossa e acinzentada, enquanto pisava com botas pesadas. A pele bronzeada e o corpo robusto eram invejáveis.

Foi a primeira vez que viu alguém usar tão poucos panos no corpo – além das meretrizes – e também não carregar armas, não visivelmente, já que a maioria dos homens carregavam uma proteção..., até o próprio forasteiro decidiu trazer consigo sua pistola que se mantinha escondida sob seu colete cinza e o terno leve.

Far West - BarduilOnde histórias criam vida. Descubra agora