Inadequado

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*


Outra vez ele acordava de um sonho terrível. A boca seca, estômago dolorido por algum acaso.

Estava livre apenas nas pernas, olhos vendados e pulsos presos, mas dessa vez para frente do corpo. Então ele elevou as mãos para libertar os olhos.

"Eu não queria prendê-lo novamente, mas Tauriel insiste que você é bruto demais para ser liberto."

A voz calma o surpreendeu visivelmente, sentado a sua esquerda em uma poltrona que fez barulho quando ele se levantou. Ficou imobilizado, e não terminou o serviço anterior.

Bard suspirou, sentindo-se amargurado com a situação. Seu corpo pesou em cansaço acumulado e se sentiu sujo pelo suor que escorria por sua pele do pescoço e dentro da roupa.

"Você ficou adormecido por mais um dia inteiro. Perdemos dois dias de progresso."

O fato de que havia sido posto sentado nos macios travesseiros para dormir, resultou em seu corpo dolorido em alguns lugares. Gemendo ao tentar mudar sua posição. E recuou instantaneamente quando sentiu as mãos quentes de Thranduil em seu braço amarrado para frente.

"Venha comigo..."

Bard demorou para filtrar o suposto pedido de Thranduil, e não obedeceu. Quando falou, a voz saiu rouca pela falta de umidade.

"Não tô afim de passear-"

"Não pedi. Estou ordenando."

Bard tremulou os lábios em uma mistura de meio sorriso raivoso e rosnado, tendo que seguir o puxão de Thranduil para se levantar se não iria cair de forma vergonhosa de cara na cama.

O andar foi curto, logo, após uma porta ser aberta pelo trinco, assentou os pés nus em um piso frio. Demorou meramente no silêncio, Bard ficou inquieto a movimentar a cabeça levemente, em busca de algum som que denunciasse o que Thranduil estava fazendo, até que ele lhe tocasse na lombar. O assassino não tremeu ao toque quente por ali, sendo instruído a dar mais alguns passos até sentir baixos degraus.

Após, o ouviu sendo silencioso em voz, mas nítido em suas ações. Preparando algo úmido, mais ainda cego à imaginação de Bard. E então, ele ligou um registro que pareceu encher algo que já tinha água mais à frente.

"O que você..."

Demorou, mas compreendeu. Bard sentiu uma momentânea vontade de morrer. E o sentimento era triste. Terrível.

Estar com os olhos vendados, apenas lhe deixava mais sensível, pois, ali estava Thranduil em sua frente, a sensação de seu corpo próximo e olhos queimando o meio do seu rosto, quase o fez retirar a venda de imediato. Bard ponderou, mas até tirar e socar Thranduil, esse mesmo já o havia imobilizado, provavelmente esperando o ataque.

Apenas sentir dificultava sua concentração para não se importar com os dedos que agora deslizaram por sua pele ao desnudá-la da camisa de botões. Odiou, mas não expressou, por tamanha aproximação que o outro fazia ao descer as mãos pelas costas para derrubar o tecido aos seus pés.

Quase não respirou por sentir um agradável cheiro fresco em seu rosto, virando o rosto lentamente para longe do toque fantasma.

Percebeu que as unhas eram grandes, mas dessa vez não machucaram. Porém, cedia um arrepiar desconcertante e Bard jurava que era proposital vindo do outro. Lhe assustou quando os longos fios loiros lhe acariciaram o peito quando a cabeça ficou acima de seu ombro, não entendendo o porquê de se inclinar assim, sendo que não era necessário tanto contato para desamarrar o laço da calça que ficava na lombar.

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