De manhã a casa Folger já estava acordada e trabalhando a todo vapor. De um lado o pai da família, Loid, preparava um café da manhã bem reforçado para a filha e os outros dois colegas que viriam buscá-la pouco antes de pegarem o voo para o Japon.
-Mas Ma…esse vestido está muito…“verão”!- Anya disse não conseguindo encontrar qualquer outra palavra que representasse o vestido tão bem quanto a estação a qual ele se adequava.
-Lá é verão, Anya!-
-Não é não! Tenho certeza que eles estão iniciando o inverno…ou o outono!- Disse enfiando a mão num saquinho de amendoins e segurando firme para abrir a porta para o pai
-Vocês deveriam aprender um pouco mais de geografia…-disse o espião entrando no quarto com total imponência. Loid olhou em volta, demonstrando procurar algo, então saiu da sala, novamente, e voltou com uma roupa enorme que Anya nunca havia visto.
-Essa aqui é perfeita!- disse entregando para a filha.
-Um chador, Loid?- Disse Yor como se estivesse irritada- Ela está indo para o Japon, não para o Indiss!-
-Ma…o Pa tem razão quando diz que você deve aprender mais sobre geografia- A garota Folger arregalou os olhos de forma séria- chador é uma roupa característica das mulheres muçulmanas…não indianas. Não é, papis?-
-Sim…mas eu disse que AMBAS- frisou bem -Precisam aprender mais sobre geografia! Principalmente você, Anya, que trabalha com essas coisas. Sua mãe já tem nomes de veias do corpo humano suficientes para memorizar!- Disse de forma sarcástica.
-Ta bom, ta bom- Anya respondeu pegando uma salopete jeans reta e a dobrando de forma desleixada e colocando na mala. O telefone tocou no momento em que Twilight se preparava para dizer alguma coisa, então ele saiu do quarto deixando, novamente, mãe e filha cuidado da mala da jovem espiã.
Yor andou de um lado para o outro no quarto, estava séria e evitando contato visual com a filha. A Folger de cabelos rosas notou tamanha inquietação.
-O que foi, Ma?- perguntou fazendo a mãe se surpreender.
-Anya…depois do que aconteceu na última missão estou decidida- sentou-se de frente com a filha segurando em suas mãos uma caixa comprida, com laterais hexagonais que havia pego em seu quarto. Estava coberta por um pano cinza, mas logo depois Yor o puxou mostrando que a caixa preta se assemelhava a um case. Ela a esticou para Anya, como se entregasse um troféu.
-Você corre muito perigo em suas missões e somente agora estou confiando à você a arma mais letal que uma mulher pode ter escondida em seu corpo…ou mesmo à mostra!- Ela disse enquanto a filha se sentava do lado dela com o case em mãos. Anya puxou, com pouca dificuldade, o fecho de metal fazendo-se ouvir um barulho de desbloqueio da trava do case, a tampa também saltou um pouco ficando menos encaixada do que antes, dando a entender que estava aberta. Com total delicadeza, sem se afobar, a pequena Folger levantou a tampa revelando duas enormes agulhas douradas e completamente novas. Seu brilho era tanto, por conta de sua polidez, que refletia o sorriso da garota e da mãe, lado a lado. Do lado, ainda, num compartimento bem menor, havia várias, provavelmente dez, pequenas agulhas das quais Anya advertiu-se, na mesma hora, em tomar cuidado para não perdê-las ao longo de suas missões. Ela tirou uma das agulhas maiores com um sorriso maléfico no rosto. Segurou com força, por perceber que era extremamente pesada, colocou o dedão dentro de um círculo vazado na ponta mais grossa, fazendo que a agulha virasse para trás apoiada na palma fechada de sua mão. Aquela era a primeira posição que Yor a ensinara para se defender, mesmo Anya nunca tendo o direito de mexer nas agulhas da mãe.
-Agora você tem suas próprias agulhas, então não quero mais ver nada de sangue escorrendo por seu corpo, entendeu?! A não ser que seja do inimigo…obviamente!- Ela sorriu dando um beijo na testa da filha e saindo de sua visão depois de se levantar.
-Mantenha aquela porta aberta…ouviu?!- Anya ouviu seu pai falando com alguém na porta, porém não conseguiu identificar quem era, pois a pessoa não falou nada. Ela ainda brincou mais alguns instantes com as agulhas, fazendo poses e mais poses de assassinato de forma distraída e brincalhona, quando notou o “toc-toc” atrasado de alguém na porta. Se virou, sem graça. Levou um susto ao ver o garoto branco como a neve e de cabelos mais escuros que qualquer coisa a olhando com a mão parada no ar, prestes a bater novamente na porta. Seus olhos estavam virados para baixo, seu rosto estava sério, como se ele não houvesse visto nada.
-Porque está aqui?- Anya perguntou guardando as agulhas com a cara vermelha de vergonha, somente esperando o momento que Damian rice dela.
-Eu não sou sua dupla?- ele perguntou adentrando o quarto, mesmo sem ser chamado.
-E onde está o Rex?-
-O verdinho? Ele se atrasou um pouco…aliás…ele foi levar seu pai no centro da SSS, seu tio pediu que ele fosse lá com urgência, não me pergunte o porquê, eu também não sei!- Disse parado em frente a escrivaninha da colega, como se analisasse algo. De fato analisava: Damian estava chocado com a quantidade de chaveiros dentro de uma só gaveta aberta na escrivaninha de Anya.
-O que está olhando?-
-Porque tem tantos chaveiros assim?-
-Você achou muito?-
-Bom…tem vários repetidos aqui…eu achei estranho- deu uma pausa enquanto puxava um chaveiro de ovelhinha, sendo seguido por mais três todos emaranhados- São estranhos…parecidos com você!- Riu
-Não são estranhos!- Disse tomando o chaveiro de ovelhinha da mão dele- Tire suas mãos daí se for para ficar reclamando…-
-Tudo bem…mas o que é isso? Uma coleção?-
-Sim…eu os compro em todo lugar que vou em minhas missões. A primeira vez eu peguei um para mim e outro para Becky…nós temos uma coleção de chaveiros que temos iguais- deu uma pausa- Mas você sabe que eu não posso simplesmente chegar e dar um chaveiro de cada país diferente a cada curto período de tempo…ela ia achar muito estranho!- Enquanto falava ia arrumando-os com suas respectivas duplas- Então eu sempre compro e os coloco aqui…é uma memória da minha vida dupla, o que eu deixo de viver por ela, e ao mesmo tempo, o tanto que eu vivo…- sorriu por fim voltando seus olhos para Damian. Ele estava parado olhando para a gaveta e os chaveiros, fazia uma análise rápida do que cada um significava, com suas respectivas culturas. Percebeu, porém, que quase todos eram de estados e cidades turísticas de Westalis e Ostânia, tirando um de sua última missão juntos, na capital da música, Vien, na Aôstria. Ele virou seu rosto para falar com Anya ao seu lado:
-Todos esses são…-Não completou a frase. Por mais que ele fosse alto e a garota dos cabelos rosas batesse quase em seu queixo, ainda assim Anya estava perto demais da sua pessoa. Seu rosto estava levantado olhando para ele com certa curiosidade, nem Damian sabia ao certo o que aquele olhar enigmático da companheira significava.
Ele a olhava de cima, do mesmo modo que um gato arrogante e de personalidade instável olha para seu dono ou qualquer cachorro que encontra em seu caminho, mas seu olhar parecia não afetar a Folger de forma alguma. Os dois mantiveram-se encarando um ao outro por mais instantes que pudessem perceber. O calor do corpo da garota começou a passar para o corpo de Damian, embora ele relutasse a entrar no transe que Anya parecia estar. A todo segundo desviava o olhar, ora para os chaveiros, ora para cima. Mas os olhos dela o cativavam como um buraco negro cheio de mistérios, então ele voltava seus olhos para o rosto branco e delicado da jovem em sua frente.
A boca rosa de Anya, que quase chegava a combinar com o tom do seu cabelo, se não fosse a vivacidade de seu sangue circulando por seu rosto dando uma coloração um pouco mais escura, se abriu respirando fundo com um suspiro prolongado que fez Damian olhar para seus lábios. Ela tornou a fechar, porém agora com um sorriso sádico e malicioso. O Desmond olhou para os olhos da garota, que agora estavam mais fechados, risonhos e maldosos. Ele corou imediatamente desviando o olhar junto do corpo agora para a porta do quarto, onde ouvira um barulho.
Anya estava prestes a falar quando viu Bond correndo e pulando em sua direção. Ela caiu sentada com o cachorro no chão, estava rindo e brincando com ele, mas de repente parou. Seus olhos se arregalaram e ela parou de se mover, Damian se assustou com a situação, mas antes que pudesse perguntar o que havia acontecido Franky disse na porta:
-O que estavam fazendo?-
-O que quer dizer com “fazendo”?- Damian disse ainda olhando para Anya sentada no chão sem mover um músculo e com os olhos parados, fixos no rabo do cachorro que se agitava feliz enquanto ele lambia seu rosto- essa garota é desprezível…puxa vida!- Disse puxando o braço da colega
-O que vocês estão esperando? Vamos?-
-O que? Já? E o cara que disse que ia nos acompanhar?- Ela comentou arrumando a roupa cheia de pelos brancos do cachorro.
-Ele já está no país de destino…se você quer saber!- Franky riu pacientemente pegando a mala de Anya e a de Damian que estavam em frente à porta saindo da casa e as levando para o carro em frente ao prédio.
Damian olhou para a garota agitada guardando algumas coisas de cima da cama que não ia levar.
-O que você tem?- Perguntou enquanto passava a mão em todas as pontas afiadíssimas dos lápis dentro de um porta-lápis que na verdade tinha formato de uma latinha de Coca-Cola. Recebeu como resposta somente uma risada fraca da garota, Anya parecia não querer conversar com o hóspede, até mesmo evitava contato visual com o garoto que a cercava de todos os modos.
-Aff, você gosta de fazer com que eu perca meu tempo, não gosta?- Estufou o peito enquanto pegava, antes que Anya, o case das agulhas da garota- Já que você não vai falar…hum, o que é isso?- Perguntou balançando o case tentando ouvir algum barulho lá dentro. A Folger, um tanto irritada, tentou pegar dele enquanto falava “eu vou te matar, seu imbecil!”. Por Damian ser mais alto que a colega de cabelos rosas ele conseguia a provocar da melhor maneira possível, mas isso funcionava somente com meninas delicadas e que não tinham a capacidade física como a da Anya, por poucos instantes ele se esqueceu desse detalhe tão importante, e somente continuou brincando com a filha Folger, por poucos minutos, na verdade.
Anya esticou seu pé por trás da perna de Damian, a puxando com toda sua raiva fazendo que o mimado segundo filho quase despencasse no chão se não fosse o guarda roupas atrás de ambos. Ele, o segundo filho, sem deixar o jogo barato segurou firme na mão de Anya a puxando junto. Os dois bateram contra a porta do móvel fazendo um barulho característico. Estavam tão compenetrados na raiva que sentiam um do outro que não se importaram com nada a seu redor. Anya aproveitou para prendê-lo com seu próprio corpo contra o móvel tentando impbiliza-lo.
-O que você está fazendo?- Damian disse enquanto abaixava a mão lentamente ainda segurando a de Anya.
-Eu já disse para você parar, idiota!Vamos, me devolva minhas agulhas…assim eu posso te matar rapidinho!-
-Desculpe…vai ter que achar outra forma para me matar então!- Disse rindo e levantando o braço novamente. Anya olhou para o garoto Desmond. Em seu rosto um riso vazio e sem muita emoção dava cor aos seus olhos, também sorridentes. Seus olhos travaram uma batalha com os olhos de Damian, sem qualquer chance de sucesso ela lutava para conseguir entender o que se passava na cabeça da dupla. O corpo dele cobria totalmente o corpo da companheira, porém não demonstrava se intimidar de forma alguma. Somente desviou o olhar para baixo quando conseguiu ler os pensamentos dele:
“Vai me beijar?Eu não pretendia fazer isso tão cedo e tão fora do clima…mas já que insiste!”- Damian pensou enquanto puxava Anya um pouco mais para perto de si, a controlando pela mão que ainda segurava firme.
-O Franky já está esperando vocês no carro, pessoal! Vamos logo!- Twilight chegou no quarto abrindo mais a porta que estava meio fechada. O SSS virou o rosto e o corpo, tomando distância segura da filha dos Folgers. Anya permaneceu parada, na mesma posição que estava, seu rosto dava a entender que estava completamente irritada. O espião permaneceu na porta, como quem diz que somente sairia dali assim que os dois deixassem o quarto junto a eles.
-Idiota!- Anya resmungou para a dupla dando um chutinho em sua bota, ainda com a cabeça baixa, enquanto pegava seu case de agulhas.
-O que estava acontecendo aqui?- Loid abordou o Desmond na hora que ele estava passando pelo átrio da porta.
-Sua filha é cheia de mistérios, Sr. Loid…ou devo dizer, Twilight!- Disse com um sorriso na cara.
-O que você vê nela de misterioso?- O pai perguntou sem entender tamanha afronta
-É bom que eu reforce uma relação com ela, já que serei obrigado a tê-la em várias e várias missões…me diga, Sr. Folger, quando podemos parar de brincar de casinha?-
-Não estou entendendo seu tom, Desmond!- Loid se pôs mais imponente agora. Ambos parados virados um para o outro na passagem da porta do apartamento.
-É só uma reflexão, na verdade, nem sei se tem resposta. Você bem sabe que eu estou aqui para pagar pelas burradas do meu pai…e a sua filha é uma delas! Por isso eu quero deixar bem claro que o que eu mais preciso é estabelecer uma boa relação com a princesinha Folger…e ela não facilita nem um pouco!- Quebrou toda a tensão do espaço dizendo essa última frase em tom engraçado e rindo.
-É bom que fique claro que eu não trabalho para você…-Disse em frente à porta do prédio como se estivesse se despedindo.
-Sim…se você não trabalha não é capaz de arcar com um erro que não seja seu…mas é bom que não interfira mais do que deve nas missões da SSS!- Damian disse em tom de ameaça
-Pode ficar tranquilo, somente interfiro em coisas que Twilight e Loid Folger se chocam…eu sou somente um pai preocupado, dadas essas informações, faça o favor de seguir seu caminho!- O espião disse mostrando a rua para Damian e o carro onde Anya já estava.
Toda essa conversa parecia não ter qualquer sentido para a pequena Folger, que somente ouvira as últimas palavras do pai, e que também não sabia o motivo de estarem enviando mais um “personagem” à missão no Japon. Para o Desmond, por outro lado, era uma batalha que ele não poderia perder, de forma alguma. Por poucos instantes, enquanto colocava a bagagem no carro e ajudava a, segundo ele, vergonha da profissão, Anya, a arrumar as coisas para partirem, dentre sorrisos sarcásticos para Twilight quando seus olhos se encontravam e ainda o último aceno de mão na hora de partir, seus pensamentos chegaram a vagar por tantas memórias que, de todas elas, a que mais se encaixou em sua situação foi pensar que, tendo Yuri, seu chefe, perdido, a muito tempo, para Loid, quem diria ele, somente um adolescente, agora que o pai da Anya e o melhor espião de seu país eram somente um. Ao mesmo tempo, ele tentava entender que batalha era essa. Ele sabia, de fato, que seus traumas do passado, que relutavam em aparecer de vez em quando, como por exemplo aquele medo insólito de ter que mergulhar seus olhos novamente numa banheira de lágrimas ao notar que Anya Folger, a garota irritante e ridícula, não está mais ao seu lado, e outros medos que resistiam suas fortes tentativas de desprezo por parte do Desmond, todos esses traumas, meu Deus, ele escondia no fundo de suas memórias, aquelas que não podiam ser apagadas e que ainda lhe tiravam o sono.
Damian, aos olhos de todos, principalmente da Folger que viu de perto o desespero dele há dez anos, era um garoto equilibrado e misterioso. Anya tinha coragem de brincar com ele, não por maldade, mas por acreditar numa força e resistência maior do que a que ele verdadeiramente tinha. Ela acreditava, também, que para ele aquilo tudo havia acabado no momento em que ele e Demetrius começaram a atormentar o sono do pai, assim como sua saúde, por várias noites desde que o velho Donovan fora preso e começara a provar do próprio veneno. Aquilo tudo passava por sua cabeça, mas na mente de Damian era ainda pior. Ele não sentia ressentimento sobre aquilo, era uma pessoa vingativa e, a muito, havia perdido sua "perfeição" devido as maldades do próprio pai. Agora, tudo que o filho mais novo dos Desmond queria era tentar redimir-se observando de perto o quão mal o pai fora, aproximando-se de Anya, que era também outro de seus problemas. A garota em si já era um problema, toda sua chatice o irritava muito, mas obviamente, antes que se desse conta, Damian sentia toda raiva possível quando se lembrava especificamente do momento em que vira Anya, um experimento Tycho, dez anos atrás, tão tranquila durante aquela maldita batalha. Aqueles olhos preocupados, ahh, ele odiava mais que tudo aqueles olhos esverdeados e tão…tão redondos.
Era isso, também, que avivava toda sua cólera pela garota. Ele não se conformava em notar, todas as vezes, como estava seu cabelo, como ela se arrumara em determinado dia, em determinada missão. Em missões, principalmente, ele rendia-se totalmente à ansiedade e fúria; somente por conta das várias faces que Anya apresentava. Todas as suas versões acaloravam os pensamentos de Damian e o transportavam, de novo, para o ano sinistro que Anya transformara antes de todos aqueles horrendos acontecimentos. Damian odiava o cabelo rosa de Anya que de vez em quando encontrava em alguma de suas coisas, seja do trabalho, seja da escola. Ele não se conformava em notar como o uniforme escolar lhe caía no corpo, como os looks que ela usava eram sempre cheios da sua personalidade. Se arrependia em corar e pensar leviandades contra, segundo ele, si mesmo, ao sonhar com o toque da garota. Não era qualquer garota, era Anya Folger, uma endiabrada que roubara toda cena no primeiro dia de aula, que lhe dera um soco, que tanto o irritara durante todo o primeiro semestre da sua vida escolar e, por fim, que lhe consolara nos últimos minutos que puderam ter qualquer contato. O Desmond mais novo não sabia ainda se estava apaixonado pela garota Folger, mas ele tinha certeza que, segundo sua razão, todos os caminhos o levavam à Anya, ele não a poderia deixar, tanto por sua missão de redimir-se, quanto pela estranha atração que sentia.
Damian estava absorto olhando a cidade movimentada pela janela do carro perdido nos pensamentos descritos acima quando sentiu, no banco em que estava, um tranco violento, logo em seguida ouviu a voz da garota insolente:
-O QUE FOI AQUILO, DAMIAN? Depois de tudo você ainda me ignora? Não está ouvindo eu te chamar não?!- disse batendo no banco e no braço dele. O Desmond mais novo soltou um longo suspiro.
-O que foi aquilo o que?- disse olhando para Franky dirigindo o carro
-Você sabe do que estou falando!- Anya sossegou um pouco pensando que Franky, obviamente, explanaria para seu pai.
-Ah, por favor, querida…- Ele disse virando-se para trás- você vai ficar irritada comigo a viagem toda, Natsuki?- proferiu numa voz mais branda e calma com um sorriso sarcástico- Aliás…senhora Endou!- sorriu com os olhos totalmente voltados para os olhos da garota, da mesma forma que ela havia olhando para ele mais cedo. Olhos cortantes e maus, embora doces. Anya desviou o olhar o ignorando. O garoto Desmond virou para frente sério, embora ele e Anya não deixaram de notar o um ar de riso no rosto de Franky.-4545-3 ga jiko shōkai shimasu!-(4545-3 se apresentando, senhor!) Disse o SSS batendo continência para um general do QG japonês.
-Yasunde ī yo(Descansar)- disse o homem nem parando um instante para olhar para o garoto. Passou por ele porém retornou no mesmo instante, agora com os olhos voltados para o uniforme dele.
-Yoi tabideshita ka?(Você fez uma boa viagem?)- ele perguntou enquanto arrumava a gravata do subordinado.
-Tashika ni sōdesu!(Com toda certeza que sim!)- Ele respondeu. Os dois permaneceram parados um olhando para o outro nos olhos até que o mais velho colocou a mão sobre o ombro de 4545-3 arrumando suas patentes.
-Bom te ver de novo, filho!- o homem mais velho disse(ainda em japonês, mas a escritora ficou com preguiça de traduzir a frase no google KKKKKK).
Embora a emoção tomasse conta da mente do SSS fazendo-o quase não resistir e abraçar o homem em sua frente, ele permaneceu firme e seguro de que lhe era totalmente errado fazer aquilo. Ambos pararam de sorrir, ele se curvando um pouco quando o pai lhe deu as costas novamente. Silêncio correu na sala até 4545-3 andou para fora.
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Por caminhos diligentes: Um casal corajoso
RomanceDizem que reencontros são responsáveis pelas manifestações de diversos sentimentos entre as pessoas, tais como: felicidade, ódio, tristeza, amor, inveja e até mesmo aqueles que são impossíveis de ignorar, como o desejo ou a vergonha. Sentimentos e p...