Por caminhos diligentes: Um casal corajoso

Teste meu temperamento, eu testo sua sensibilidade

    -Becky…podemos conversar?- George passou a mão no cabelo inseguro enquanto olhava, por cima das sobrancelhas, para Honda e o Desmond mais velho intercaladamente. A garota concordou e ambos saíram pela porta da frente deixando para trás os outros dois acompanhantes. A situação, para qualquer um que entendesse a tensão entre a Blackbell e o filho dos Glooman, não aparentava estar nada boa; Principalmente Demetrius, em sigilo pensava o que poderia acontecer a partir dali. Se seus pensamentos fossem logo corretos, e conforme temia George se declarasse para Becky, o que seria dele? Se acalmou, tentando dar um passo de cada vez e pensar, primeiro, como trataria da situação em que se encontrava, sem ser diretamente apresentado ao garoto Honda, muito menos ouvido bem sobre ele. Tratou de chamá-lo para se sentar, ficaram um olhando para o outro, de frente. 

    O vidro que separava cada "dupla" do pequeno encontro e suas privações, os omitia somente a conversa do lado de fora, porém era quase possível fazer leitura labial, embora não convinha a Demetrius convidar Honda para tentar descobrir o que tanto encobria o casal do lado de fora. 

    (Música 1 ou 2)

    -Me desculpe…primeiramente- Becky disse antes que George pudesse abrir a boca. 

    -O que você quer de mim?-

    -Não deveria ser eu a perguntar?- Os olhos da garota fixos nos do par o faziam quase cair das pernas. George se sentiu intimidado após essas palavras. 

    -Foi você quem pediu desculpas, o que eu deveria dizer? Que está desculpada? Sem que eu nem mesmo sabia o seu erro?- Ele conseguiu enfrentar seu medo e o olhar severo da moça.

    -Eu só estou pedindo desculpas e você deve me desculpar, é tão difícil assim?-

    -(ele sorriu) Eu não havia percebido que você tivesse tamanha audácia…- deu uma pausa enquanto passava a língua pelos lábios ressecados- Tudo bem, eu não te desculpo!

    -O que você quer de mim?- Becky perguntou com tom de relutância 

    -Agora eu quero saber o que você quer que eu te desculpe…depois disso podemos conversar-

    -Você não faz qualquer ideia do que pode ter sido?- Cruzou os braços. Nesse momento o garoto Glooman perdeu totalmente a paciência.

    -Sou eu que devo pedir perdão, então. Por ter sido tão insensível, tão completamente idiota de acreditar nos charmes de uma garota rica e mimada. E ainda, ainda não, na verdade, pensar e acreditar que, de fato, era de pura inocência sua e que você nunca havia pensado nessa possibilidade. Que seu amigo não passava de um guarda costas da família Desmond, outro rico mimado que, aos meus olhos, ainda não está por dentro de tudo.- Ele soltou tudo de uma vez só, Becky estava um pouco perplexa, mas manteve a linha, embora um pouco irritada. 

    -O que…-

    -Me desculpa?- Ele se aproximou mais de Becky a interrompendo. Ela não conseguiu mais falar nada, sua garganta teve a honra de travar naquele instante. George se aproximou mais um pouco, naquele instante ela deu alguns passos para trás com os olhos virados para baixo. 

    -Eu devo acreditar que isso é uma confissão?- Sua voz estava trêmula e ela não conseguia olhar diretamente nos seus olhos. Os colegas do lado de dentro do restaurante não conseguiam entender o que acontecia do lado de fora, embora com gestos estranhos, a conversa parecia o mais casual possível. 

    -Não. Eu vou te mostrar o que é uma confissão!- George disse deixando a garota por alguns instantes perplexa e, ao mesmo tempo, completamente curiosa. Becky não recuou quando George se aproximou como se fosse lhe contar um segredo. Do lado de dentro do restaurante, novamente, Demetrius e Honda pensavam que eles apenas estavam trocando confidências intrigantes sobre o grupo, ou alguma fofoca delicada o suficiente para somente ambos se inteirarem.