Capitulo 8

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São Paulo 📍

Já fazia uma semana que eu voltei a minha rotina do trabalho. Já dizia aquele velho ditado: tudo que é bom dura pouco.

Eu era grata por ter um sustento, por receber todo final do mês e ter dinheiro pra ajudar em casa e comprar minhas coisas. Mas esse emprego já esgotou todas as minhas energias. Era só pisar aqui que minha ansiedade atacava, e quando chega nesse nível é triste.

Mas o que um boleto não nos faz fazer, não é?

Fiz alguns cursos pra tentar mudar o rumo da minha vida, mas novamente a sorte de aquariana atacava e todos os currículos que eu enviava não surtia nenhuma resposta. Incrível né? Já pensei que estava fadada a ficar aqui até aposentar, mas acho que antes disso eu iria parar em um manicômio ou mataria algum colega de trabalho.

Não, provavelmente seria um cliente. Tinha coisa melhor que trabalhar com atendimento ao público? Sintam a ironia.

Chega eu ficava doente com mais frequência, acho que tinha a ver com a minha situação psicológica também. E quando deu terça feira, uma tosse chata começou. Chata, persistente e estranha. Mas não liguei muito pra isso, era seca e provavelmente deveria ser por ter acordado muito cedo e me agasalhado mal pela manhã.

Chegando em casa depois do trabalho, fiz o que deveria fazer e fui deitar, ligando um pouco o ventilador por estar sentindo calor. Mas acho que isso acabou piorando tudo, então em algum momento de noite tive que desligar.

De madrugada não dormi nada. Sentia minha garganta ficando inflamada e a dor de cabeça pesando, além de começar a ter febre e tremer de frio, mesmo com duas cobertas por cima. Dali eu já sabia, tinha ficado doente com apenas uma semana de volta ao trabalho.

Mesmo assim, acordei as 05:00 da manhã como de costume, mandei uma mensagem para Carla avisando que não estava muito bem, mas que iria tentar trabalhar mesmo assim. Deus me ajude!

Tomei meu banho, coloquei o uniforme e peguei minhas coisas, com o pensamento de que se eu não melhorasse, iria para o médico de lá, então as 05:30 peguei meu ônibus e enfrentei 1 hora de viagem até a cidade vizinha que eu trabalhava.

Na metade do caminho começou uma dor no estômago desgramada, além do meu corpo estar todo fraco e dolorido, como se tivesse sido atropelada. Já logo pensei que poderia ser dengue!

O máximo que consegui quando o ônibus chegou na rodoviária foi andar alguns centímetros pra sentar nos bancos que tinham ali. Eu precisava esperar a Carla porquê não aguentaria andar nem mais um metro sem ajuda!

E ali eu chorei de dor. Era algo estranho que nunca senti na minha vida e que começou a me dar medo. Fiquei sentindo isso por 35 minutos até a Carla finalmente aparecer.

"Meu Deus amiga, o que tá acontecendo com você?" Ela pergunta preocupada, me ajudando a andar, segurando meu braço. Realmente era de assustar porquê até ontem eu estava boazinha.

"Eu to morrendo de dor, meu corpo tá fraco e ainda por cima tô com febre, não vai dar pra ir pra loja não." Falo baixinho, até mesmo minha voz estava rouca de tanto tossir de noite.

"É claro que você não vai trabalhar nesse estado! Vem, vamos chamar um Uber pro hospital, coloco você lá dentro e você vai passar pelo médico pra ver isso." Ela diz, me levando a saída traseira da rodoviária, onde não era nosso costume sair. "Infelismente só não posso te acompanhar até lá, amiga, você sabe que não dá pra ter um dia descontado esse mês."

"Relaxa, só de você tá me ajudando aqui tá de bom tamanho!" Digo de vagar, andando tão lentamente que eu estava me irritando comigo mesma. Odiava andar de vagar nos lugares, ainda mais cheio desse jeito. Mas meu corpo não estava respondendo aos meus comandos direito.

NÃO FOI SONHO- PEDRO GUILHERME Onde histórias criam vida. Descubra agora