Capítulo 02

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Ele relaxou sua cabeça sobre o chão coberto por uma densa grama. Olhando em volta a casa parecia completamente abandonada e agradeço, caso contrário seria um alvoroço se os donos vissem a tragedia que fizemos com o portão. O estranho que me salvou disse algumas coisas em coreano, mas não fazia a mínima ideia do que significava.

— Desculpa, não entendo coreano. — disse em inglês

Ele agarrou meus dois ombros e me empurrou para o lado.

— Eu queria que você saísse de cima de mim. — disse enquanto se levantava.

Admito que estava errada, mas poderia ter sido levemente educado. O observei pegando seu capacete preto e indo em direção a porta. Encarava um lado das ruas atentamente.

— Espera! — no momento que gritei alguns cachorros começaram a latir.

Ele virou em minha direção com o dedo indicador na frente dos lábios.

— Fala baixo. Eu estou bem aqui, não precisa berrar igual uma louca.

— Ok... Desculpa. Pensava que você iria me largar aqui.

— Iria.

Arqueei uma sobrancelha pela sua resposta rápida e sem hesitação. Porém, suspirou e logo em seguida seu rosto suavizou.

— Tenha mais cuidado. — Disse me encarando enquanto tentava ajeitar o cabelo com uma das mãos livres. — Não se iluda. Os homens não são iguais a essas séries coreanas.

Ele estava me julgando?!

Acho que percebendo minha cara de desgosto voltou a falar.

— Não estou criticando. É um aviso — suspirou — Só tenha mais cuidado. Existem muitos babacas que se aproveitam de estrangeiras. Ok?

— Então ... E você se encaixa nesse tipo?

Ele arqueou as sobrancelhas e depois riu.

— Essa foi boa mais não sou um babaca, mais não sou cem por cento confiável.

Ele se aproximou e estendeu a mão em minha direção. Não hesitei e aceitei sua ajuda para levantar. Sacudi meu vestido que agora estava totalmente sujo.

Que maravilha.

— Agora que estamos quites vamos encerrar nossa relação por aqui.

Antes que ele virasse agarrei seu casaco preto e no impulso do nervosismo acabei o puxando para perto. No momento que me deparei com seus olhos espantados soltei imediatamente sua jaqueta e desviei o olhar para o chão.

Estava com muito medo de ficar sozinha. Eu não conhecia nada de Seoul ainda mais em plena noite onde não tinha ninguém nas ruas. Não podia nem ligar para Manu, pois deixei minha bolsa em cima do balcão na balada.

Me sentia perdida e com pavor de me deparar com aquele homem novamente. Tenho certeza que os Deuses não iriam ouvir minhas preces pela segunda vez e enviar outra pessoa para me ajudar.

— Admito que estou com medo de encontrar aquele cara de novo. 

Senti o peso das jaquetas sobre meus ombros. Quando iria tentar devolver ele me parou colocando-a de volta.

— Está frio. — Ele abaixou a cabeça por alguns segundos e depois voltou a me encarar — Levarei você de volta. Como eu disse, não serei um idiota.

Poderia ser considerada uma louca por confiar em outro estranho após o que ocorreu mais no fundo me sentia segura com ele, não sabia explicar com detalhe esse sentimento, era apenas uma intuição.

Um Dorama em SeoulOnde histórias criam vida. Descubra agora