15 dias depoisA sensação de estar sendo observada novamente fazia meu corpo gelar. Minhas pernas em vez de obedecerem ao comando de correr fazia totalmente o contrário. Conseguia ouvir apenas meu coração acelerado e minha respiração pesada e curta.
Realmente sentia que a cada minuto menos oxigênio ia para meu cérebro, pois gradativamente não conseguia raciocinar direito, ao ponto de não conseguir decidir qual das opções seria mais coerente fazer.
Polícia ou alguém que conheço.
Idiotice a minha sair para caminhar a noite na vizinhança. Foi então que uma frase veio em mente.
"A Coréia é segura"
Estou começando a desacreditar cada vez mais nessa frase tanto exposta nas mídias sociais. Na verdade, nem era para ter acreditado desde do início, acho que está me faltando raciocínio ou parafusos a menos.
Na tentativa de despistar acabei entrado em uma rua estranha. Conseguia ouvir claramente o som do seu sapato em atrito com o chão e que agora ecoavam mais forte devido o silêncio assustador na área. Quando desejo fielmente que apareça alguma loja de conveniência não existe nenhuma em minha frente, parece que tenho um dedo podre para a sorte.
Sinto-me uma presa fácil que será capturada a qualquer momento. Por acaso ele está fazendo algum medo psicológico, pois ele não fazia questão de esconder que estava me perseguindo. Foi então que me lembrei do que Manu tagarelou no avião.
"... Quando está em perigo existe botões vermelhos em alguns postes de luz para alertar toda a vizinhança..."
Voltei minha atenção para cada poste que iluminava falhamente a rua, já que ainda deixavam um ar assustador e estranho com alguns cantos mal iluminados. Nenhum. Não tinha nenhum botão vermelho.
Por acaso Manu leu essa reportagem em algum site fajuto?
Droga. Gotas de suor formaram em minha testa e passei a costa das mãos para tirar o excesso. Calor? Não. Meu nervosismo já estava ao extremo ao ponto de suar frio. Olhei discretamente por cima do ombro e fui capaz de ver brevemente sua sombra mais esticada. Ele estava próximo. Tão próximo que a qualquer momento poderia me alcançar.
Decidi, vou ligar para alguém. A polícia não, tenho certeza que meu socorro seria totalmente inútil, pelo que percebi da última vez na delegacia eles eram mais familiarizados com o coreano do que o inglês. Liguei para um dos contatos mais recentes, nem prestei atenção quem poderia ser meu socorro.
Coloquei o celular próximo ao ouvido, conseguia ouvir as batidas do meu coração e minha respiração pesada sendo mais rápidas do que o toque chamando. Enquanto isso nada, nenhum movimento do perseguidor, ele poderia muito bem me atacar no momento que segurei meu celular. Era obvio demais que estava pedindo ajuda.
Será que estou ficando paranoica? Talvez não esteja me perseguindo e apenas esteja seguindo seu caminho.
— Alô? — ouvi a voz rouca do outro lado da linha
Sua voz me trouxe uma sensação de calmaria por alguns instantes, mas acredito que não seria mais necessário o incomodar, devo ter me enganado e imaginado coisas. O estranho acelerou o passo e passou rapidamente na minha frente, era bem mais alto do que imaginava. Suas vestes eram pretas, impossível não o confundir com algum maluco vestido dessa forma. Ele despareceu da minha vista quando dobrou em uma esquina mais à frente.
Desacelerei o passo e soltei o ar pesado como alívio, descarregando a tensão que passei alguns minutos atrás. Enxuguei com as mãos algumas gotas de suor na testa e pescoço com um cachecol roxo que ganhei de Manu. E inconscientemente me lembrei de outra clausula do contrato, com certeza não estou seguindo nada. A antiga Bruna seguiria à risca cada palavra e vírgula, talvez minha versão certinha tenha ficado em terras brasileiras. Além de que todas as minhas ações desde que cheguei na Coréia são todas uma nova versão que nem eu mesmo sabia que existia.
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Um Dorama em Seoul
FanfictionQual a possibilidade de você viver um Dorama na vida real? Um em um milhão? ... Bruna embarca em uma viagem em direção ao outro lado do mundo com sua melhor amiga , praticamente irmã, Manu. Enquanto sua amiga era a própria Dorameira, por dentro do m...