Capítulo 06- A maldição de Vecna

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A luz do sol entrava pelo pequeno espaço entre as cortinas, iluminando diretamente os olhos dos dois. Sofia escondia o rosto no peito do rapaz, podia até fingir por um momento que os acontecimentos da noite passada tinham sido um pesadelo. A garota apressou-se em levantar, não queria prender Eddie naquela situação. 

Dirigiu-se até a janela espiando a rua, estava tudo calmo demais. 

-Não acha que está tudo, sei lá, tranquilo demais? - A ruiva virou-se para olhar o rapaz, que caminhava em círculos pela sala.

- Bem, meu tio provavelmente já chegou do trabalho, então eu diria que as chances de ter encontrado uma pequena surpresa no meio da sala são bem grandes.- Eddie dizia com um sorriso um pouco doentio nos lábios.

Certo, Sofia pensou, será que ao menos teriam divulgado uma foto bonita sua como procurada? Seus pais provavelmente já teriam notado que ela não havia dormido em casa, algo completamente incomum, visto que a ruiva não tinha muitos amigos. Bem, nenhum em que dormiria na casa, pensou. Deveriam estar preocupados, sua mãe provavelmente já teria derramado algumas lágrimas enquanto seu pai tentaria ser racional. Odiava pensar que estava fazendo-os sofrer. 

O garoto não tinha muito com quem se preocupar, eram só ele e o tio. Quer dizer, ele o amava muito, era a pessoa que o tinha criado mesmo quando não era sua obrigação o fazer, mas não podia dizer que passava muito tempo com o mais velho, já que ele estava sempre se matando de trabalhar na maldita fábrica. Será que ele acreditaria que ele havia feito aquilo? Que seria capaz de matar alguém tão cruelmente? Era perturbador pensar que o tio teria que ouvir as pessoas falando todos os tipos de absurdo. Mas ele ficaria bem, certo? 

Sofia caminhou até a cozinha fazendo com que Eddie saísse daquele torpor em que se encontrava. Ela vasculhava os armários, procurando qualquer coisa que pudessem comer. Achou  um pacote de cereal matinal e limitou-se a sentar no balcão da cozinha para fazer sua refeição.

- O que tá fazendo? - A garota o olhou estranho

- Não é óbvio? Estou comendo, Munson -Revirou os olhos, colocando uma mão cheia do conteúdo do pacote dentro da boca. -Você não tá com fome? Posso até pensar em dividir com você.

Ele caminhou até a garota, encostando-se ao seu lado no balcão. Ela balançou a caixa na direção do mesmo, que aceitou de bom grado.

- Por que você parecia tão surpreso de me ver fumando naquele dia? -Falou com a boca cheia, ele não podia deixar de rir pelo fato de a garota não dar a mínima para que ele estava vendo toda a comida ser mastigada em sua boca.

- Bem, você sempre foi muito quieta. - Disse, Sofia parecia realmente interessado no que ele tinha a dizer. -Sabe, houve uma época que a gente achava que você nem falava, mas ai teve aquele dia em que o Harrington te trancou no laboratório. -Ela estava vermelha, parecia envergonhada por ele ter mencionado o acontecido. -Você gritava tanto que o diretor pensou que alguém estava te matando, acho que essa foi a primeira vez que ouvi a sua voz. 

- Patético não é? - Ela soltou um riso de mal gosto, enquanto evitava a todo custo o olhar do rapaz. -Surtar por causa de uma sala trancada. Todo mundo me olhou estranho por uma semana, se quer saber. - Agora ela o encarava. -Parece que as pessoas daquela escola não sabem o que é um ataque de pânico. 

- São uns babacas, todos eles. Não devia ligar pra o que eles pensam, são pessoas que não tem  basicamente nenhuma perspectiva  de vida pra depois do ensino médio, sabe? - Ele queria muito confortá-la quanto aquilo. - Do tipo de gente que atinge o ponto máximo da vida no ensino médio. 

Sofia sorriu, mas ela meio que não concordava com ele, quer dizer, ela sabia que a vida de Eddie na escola também não era muito fácil, mas pelo menos ele tinha os amigos para apoia-lo. Ela não tinha ninguém, então sim, para ela era importante o que os outros pensavam. 

Hotter than hell - Eddie MunsonOnde histórias criam vida. Descubra agora