Capítulo 5

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Beatrice correu pelo bosque.

O cruzou aos tropeços, pois seus olhos mal enchergavam para onde estava indo.

As lágrimas os nublavam completamente e ela só parou quando chegou a beira do lago, desconsolada, jogou-se no chão, entregando-se ao pranto.

Chorou livremente e lamentou-se.

As palavras venenosas de sua tia ainda retumbavam em seus ouvidos, a dor que vira no rosto de Lauren, estilhaçava seu coração.

Virou-se de lado, juntando os joelhos contra o peito.

Desejava sumir, desaparecer, não existir.

Porque a vida a maltratava tanto? O que fizera para merecer tamanho descaso de sua família? O ódio crescente de sua tia?

Desde sua infância procurou ser obediente, cordata, gentil.

Beatrice tinha a perfeita noção de que era um fardo para sua família. A órfã inconveniente, que apenas trazia despesas... Preocupações que ninguém desejava ter.

Mesmo ajudando em casa, fazendo-se útil, ela nunca conseguira agradar sua tia, via cada vez mais desgosto em seu olhar por sua presença.

Se não fosse por Lauren e as crianças, ela já teria ido embora sem olhar para trás. Sabia que viveria sua própria vida, por sua conta... pois ninguém a iria procurar; na verdade, sua ausência seria um alívio para todos.

—Bea! —Rick falou sem fôlego, ajoelhando-se ao seu lado —Ah Bea! Não chore! Por favor Bea... —E juntando-a do chão, a abraçou carinhosamente —Bea...fique calma, Lauren está bem, se acalme...

—Ah Rick! Quero sumir... —Beatrice dizia entre soluços —Nunca mais poderei olhar para Lauren... Porque a tia disse aquelas coisas horríveis de mim? Porque Rick? —E desconsolada, chorava abraçada ao primo.

Richard deitou-se na grama, colocando Beatrice deitada ao seu lado, apoiada em seu ombro.
Deixou que ela chorasse tudo que precisava para que seu coração se aliviasse; com carinho, murmurava palavras de consolo.
Amava Beatrice, como a sua irmã. Sempre a protegeu, e agora mais do que nunca, sabia ser necessário a ela, pois a prima era desamparada por todos.

—Bea...ouça-me —Richard falou com ternura —Lauren não acredita em nada que mamã disse, ela sabe que você não é assim! Ela te conhece Bea! Sabe que és boa e sincera, que jamais faria aquelas coisas das quais mamã te acusou.

-—Mas eu estou coberta de vergonha Rick! Sinto-me suja! Sinto-me como uma serpente maligna, que vive a espreitar os outros para fazer o mal! Foi assim que tia Rebecca me descreveu Rick, como um monstro!

—Beatrice! —Richard sentou-se, e a trouxe junto para que pudesse olhá-la nos olhos —Você sabe que não és nada disso!

—Mas tia Rebecca acusou-me, gritou para que todos ouvissem! O que irão pensar de mim Rick? Que ando pelos cantos, me esgueirando, para tomar... Oh meu Deus! Para tomar o marido de minha prima... —Voltando a chorar, Beatrice cobriu o rosto com as mãos.

—Acalme-se... —Richard falou limpando-lhe as lágrimas —Eu já pensava nisso a algum tempo, mas o que ocorreu hoje, me fez ver que meu pensamento é o mais correto, para mim e para você.

—Que pensamento... -–Beatrice perguntou fungando.

—Penso que deveríamos ir embora!

—O quê? —Beatrice disse assustada.

—Sim, ir embora de Darrington Hall, vamos morar em Londres! Eu tenho um pequeno apartamento, tenho renda de uns investimentos que fiz, você poderia ensinar piano, talvez... O que importa é que estaria livre de tudo isso! Frequentaria os salões e eventos... Sem dúvidas, estarias casada em seis meses no maximo!

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